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Artistas de coletivos enriquecem programação cultural da festa literária

Prática de desenvolvimento

19 de novembro de 2013
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Coletivos culturais de diferentes tribos, idades, propostas, missões e abordagens aderiram à maior festa literária da região leste, que transcendeu ao simples incentivo à leitura. Teatro, circo, poesia, música, fotografia, hip hop e outras manifestações marcaram São Miguel Paulista por três dias.

 

Um ponto alto foi a ocupação de artistas dos saraus da zona leste em ruas e praças: Tenda Literária, O Que Dizem os Umbigos, Sarau da Quebrada, Sarau na Cozinha, Sarau dos Mesquiteiros, Sarau Hospício Cultural, MAP (Movimento Arte na Praça), Literatura Nossa e Batalha da Leste soltaram o verbo e abriram espaço para a interação das pessoas. No calor das intervenções, o Grupo do Mestre Raimundo, que passava em frente ao Mercadão, participou espontaneamente jogando capoeira, enquanto transeuntes escolhiam e levavam livros de graça. Já o improviso vocal dos meninos da Batalha da Leste e os casais dançando foram surpresas no show da Nhocuné Soul, da Vila Nhocuné, que fechou o festival com repertório animado.

 

Vandei Oliveira, organizador do Tenda Literária ‒ que visa transformar praças públicas em espaços culturais ‒ explica que o grupo tem feito saraus itinerantes em praças de São Paulo, a fim de ocupar esse espaço público urbano de forma coletiva e democrática. “Para o Festival, organizamos um total de oito saraus promovidos por diferentes coletivos, bem em frente ao Mercadão e à praça Morumbizinho, onde passa muita gente”, relata.

 

Os Poetas Ambulantes intervieram no bairro com poesia falada e escrita para passageiros dos ônibus e dos trens. Thiago Peixoto, 27, um dos integrantes do coletivo, achou a visita à zona leste muito gratificante e relatou situações inusitadas: “Um homem criou uma poesia durante a nossa apresentação e pediu que a gente fizesse a leitura, porque ele estava envergonhado. Outros se juntaram a nós e nos seguiram pelo trajeto”.

 

A performer Luciana Calabro, da intervenção dos Polvos Poéticos, do Grupo Sensus ‒ na qual atores usam capacetes e tubos pelos quais declamam textos ‒ explica que o movimento surgiu da simples ideia de levar poesia para a rua. “As pessoas que moram em São Paulo vivem correndo, estressadas e ninguém para mais pra nada. Esse momento é uma pausa para levar arte para elas”, afirma.

 

 

Teatro e circo

 

O espetáculo (Des)água, do coletivo Aliança Libertária Meio Ambiente (Alma Ambiental), abordou a necessidade de cuidado com o ambiente, enquanto o Nozland, do grupo teatral DioTespissio, tocou em conflitos juvenis, como o autoritarismo dos pais, e os Fantasmas & Demônios de São Miguel, da A.D. Teatro & Pesquisa, focou nas memórias, fatos e personagens desse bairro. E alunos do grupo de teatro do Núcleo ArteCulturAção, da Fundação, apresentaram a peça de suspense O Mordomo.

 

Lançando mão da magia do circo, o grupo de teatro Palombarmostrou Uma Arriscada Trama de Picadeiro e Asfalto, repleta de acrobacias e malabarismos. As Cápsulas Urbanas, uma intervenção urbana literovi­sual do coletivo Caixa Preta, com entrega de fotografias e textos em lambe-lambe dias antes do Festival, permitiu ao público ver esse diálogo poético, durante a festa, em diferentes locais de São Miguel.

 

 

Opinião dos participantes

 

“Todas as atividades do Festival que vi são incríveis. A apresentação dos Polvos Poéticos foi linda. Ontem, também assisti a uma peça sobre o circo, com atores maravilhosos”. – Clélia Meira, 37, dona de casa

 

“É a primeira edição do Festival de que participo. É um evento maravilhoso, muito bonito, porque tudo que é cultura é importante, principalmente o incentivo”. -Umbertino Emílio Teixeira, 79, morador de Vila Pedroso em São Miguel, que ‘colheu’ um livro de Danuza Leão durante a Ocupação de Saraus da Zona Leste no Mercado Municipal de São Miguel

 

“É uma honra participar dessa festa, um evento tão necessário para a periferia, para incentivar a galera do sarau e da poesia, que, afinal, é uma arte. Isso vai ao encontro da percepção do MAP sobre a necessidade que a região de São Miguel tem de cultura. Por isso, passamos a fazer eventos mensais, para unir nossa bagagem cultural e para levá-la adiante” – Daniel Henrique da Silva Nascimento, 20, vendedor, organizador do MAP (Movimento Aliança da Praça), de São Miguel, e morador do bairro

 

“Circulei bastante pelo Festival e também já havia participado das outras edições. As coisas de que mais gostei nesta foram uma peça teatral do coletivo Alma, o ônibus biblioteca distribuindo livros, e o pessoal do grupo Sensus declamando as poesias com o capacete de polvo”. – Ana Paula Padro, 39, professora de língua portuguesa e inglesa em escola pública, graduada na Universidade Cruzeiro do Sul


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