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Eventos de aquecimento ajudam no engajamento para o hackathon

 
Por Amauri Eugênio Jr. / Foto: Gsé Silva / DiCampana Foto Coletivo
 
 
Em 30 de novembro e 1º de dezembro, o Galpão ZL, núcleo de prática local da Fundação Tide Setubal no Jardim Lapena, na Zona Leste de São Paulo, será um grande polo de inovação e de desenvolvimento de negócios de impacto. Durante 48 horas, o espaço sediará o hackathon voltado à busca por soluções inovadoras para o Jardim Lapena, quando os participantes farão parte de diversas atividades práticas para poderem desenvolver os seus respectivos projetos.
 
Para divulgar o hackathon e incentivar o público a participar dele, uma estratégia usada pela equipe do Inova ZL, braço do núcleo de prática local voltado à inovação tecnológica e que está à frente da iniciativa, foi organizar eventos de introdução ao hackathon – ou seja, de aquecimento para a maratona.
 
De acordo com Greta Salvi, coordenadora de inovação e empreendedorismo da Fundação Tide Setubal, o desenvolvimento dos temas dos eventos de aquecimento começou ainda em 2018, quando a equipe envolvida no projeto optou produzir um hackathon voltado à elaboração de projetos e soluções no Jardim Lapena – e o foco era promover o envolvimento do público na iniciativa. “A gente faz [eventos] em instituições de ensino, como universidades, para levar ao público o debate e o convite para o hackathon. A estratégia é mobilizar esses públicos e ir até eles, debater sobre os temas e contar sobre os hackathons e o que a gente pretende desenvolver para convidá-los a participar desse projeto.”
 
 
Carlos Leite fala sobre urbanismo social (Léu Britto / DiCampana Foto Coletivo)
 
 
Sobre os eventos
 
Realizado em 26 de setembro, na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o primeiro aquece para o hackathon, teve como tema “Urbanismo para todos” e abordou métodos e projetos voltados à promoção de melhorias urbanísticas para territórios periféricos, com destaque para o Jardim Lapena. 
 
Carlos Leite, urbanista e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie⁣⁣, Gabriela de Matos, fundadora do Arquitetas Negras⁣, Daniela Getlinger, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Mackenzie⁣⁣, Celso Aparecido Sampaio, arquiteto, urbanista e professor da FAU Mackenzie⁣⁣, e Tomas Alvim, cofundador das plataformas Arq.Futuro e Por Quê?, formaram o time de debatedores do encontro. Um dos exemplos expostos foi de Medellín, cidade colombiana outrora conhecida pelo narcotráfico, que obteve progressos significativos após ter sido submetida a um plano de transformação urbanística. 
 
 
 
 
Ao falar sobre Medellín e a adoção de iniciativas urbanísticas em São Paulo, Carlos Leite citou que a cidade colombiana é um exemplo exitoso em virtude da transformação pela qual passou após o período no qual esteve submetida à escalada de violência. Leite destacou também, por mais que seja bom olhar para exemplos de outras cidades, cada local tem o seu próprio contexto e particularidades. “Há um movimento muito interessante, que é, sem dúvida nenhuma, uma ponta de lança para a transformação. O grande desafio no Brasil é fazer os planos de ação local – ou plano de bairro, como são chamados aqui – e o engajamento da comunidade até para se mobilizar, ao cobrar os gestores públicos, com o terceiro setor mobilizado e com o impacto social da terceira privada fazem muita diferença.”
 
 
Gabriela de Matos fala sobre pluralidade na arquitetura e no urbanismo (Léu Britto / DiCampana Foto Coletivo)
 
 
Para Gabriela de Matos, é necessário haver mais diversidade no conjunto de pessoas que elaboram o planejamento arquitetônico e urbanístico na cidade. “A gente já experimentou o modelo hegemônico e elitista e viu como não deu muito certo. Sendo assim,o ideal é englobar novas vozes, inclusive das periferias, para poderem projetar e falar pelas experiências e lugares deles. Está na hora de testarmos um novo modelo, no qual as novas vozes estão incluídas.
 
Na zona leste – O segundo evento com o tema Vozes do Bairro: experiências de comunicação nos territórios”, aconteceu em 6 de outubro, na Universidade Cruzeiro do Sul, em São Miguel Paulista. O encontro contou com participações de Maria de Fatima Gomes Rodrigues, diretora financeira da Casa dos Meninos e componente da equipe de trabalho do projeto Rede Comunitária de Intranet Base Comum; Pamella Indaiá, jornalista responsável pela mobilização da área de comunicação e jornalismo na Rádio Comunitária Milênio FM e doula; Tony Marlon, jornalista envolvido na construção do Núcleo de Comunicação Maré Alta e da Escola de Notícias e idealizador da plataforma de conteúdo Historiorama; e com mediação da empreendedora social Ana Carolina Martins, idealizadora e diretora do documentário “Visionários da Quebrada”.
 
 
 
Maria de Fatima Gomes Rodrigues fala sobre comunicação em territórios periféricos (Gsé Silva / DiCampana Foto Coletivo)
 
 
O bate-papo realizado no segundo aquece mostrou, sob diversas perspectivas, como iniciativas voltadas à comunicação podem influenciar de modo positivo o cotidiano de territórios periféricos e impactar o estilo de vida em tais regiões – em especial no que diz respeito a aspectos como o acesso à informação e o consequente empoderamento dos cidadãos que moram lá. Maria de Fatima considera que é necessário as periferias desenvolverem mecanismos para a comunicação ser mais efetiva por lá. “Neste momento, a gente está muito preocupado em usar ferramentas prontas e que são controladas por corporações. A questão discutida por nós é que precisamos construir as nossas próprias ferramentas e como a gente pode desenvolvê-las para que possam contribuir localmente.”
 
Próximas etapas
 
O próximo evento de aquecimento acontecerá em 6 de novembro, na USP Leste, e terá como tema “Inovação e tecnologia ao alcance de todos”. Participarão Kamila Camilo, coidealizadora da SP MakerWeek; Diego Tolezano, CEO da Pluvi.On, empresa criada para salvar vidas e redução de perdas financeiras geradas por chuvas fortes, enchentes e deslizamentos; Salvador Iglesias Ramalho, fundador da startup Saveadd, voltada para a implementação de inteligência para potencializar resultados referentes a estoques excedentes do varejo, indústria de alimentos e bens de consumo; e Evelyn Gomes, diretora do Labhacker.
 
Os temas dos eventos de aquecimento são complementares entre si e dialogam com a premissa do hackathon, que consiste em propor iniciativas transformadoras para o Jardim Lapena. E, segundo Greta Salvi, os assuntos abordados convergem com o objetivo principal, que é reunir pessoas de áreas e com perfis complementares de fora e, em especial, que façam parte da comunidade – e reforça a lógica do engajamento da população. Logo, tem-se como meta “que as pessoas pensem junto soluções para os problemas que elas vivem e o ideal é elas ajudarem a tirar ideias do papel. A gente quer que as propostas sejam de acordo com os problemas vividos no bairro, que podem ser vários, e não apenas ligados ao urbanismo – mas a várias ideias que possam surgir ali.”
 
 
Salve na agenda
 
O hackathon, que acontecerá em 30 de novembro e 1º de dezembro, terá avaliações dos projetos feitas por uma banca julgadora. E, como prêmio, os três projetos vencedores do evento serão incubados e receberão apoio da Fundação Tide Setubal para poderem se estruturar e colocar o potencial de impacto e de transformação que têm em ação.
 
Interessados em participar da maratona de inovação e tecnologia poderão se inscrever aqui.
 
 
Por dentro do Galpão ZL
 
O Galpão ZL, que sediará o hackathon de 30 de novembro e 1º de dezembro, tem como objetivo ser um espaço de fomento à inovação e ao empreendedorismo. O espaço conta com espaço de coworking e ampla programação voltada ao desenvolvimento do empreendedorismo local. O espaço está localizado na rua Serra do Juruoca, 112, Jardim Lapenna (próximo à estação São Miguel, da Linha 12 – Safira da CPTM). Confira aqui a programação com as atividades realizadas no local.

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