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Pesquisa “Emergência Política Periferias” analisa iniciativas que diminuem as desigualdades e fortalecem a democracia a partir das periferias brasileiras

No dia 28 de agosto, foi lançada na Galeria Olido, em São Paulo, a pesquisa “Emergência Política Periferias”, que mapeou 100 iniciativas de inovação política nas periferias de 5 regiões metropolitanas do país: Belo Horizonte, Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. O levantamento é uma realização do Instituto Update, com patrocínio da Fundação Ford e Fundação Tide Setubal. Na ocasião, os principais resultados do estudo foram expostos pelos pesquisadores, e na sequência aconteceu uma edição especial do Vozes Urbanas, em que participantes de cinco iniciativas contempladas na pesquisa falaram sobre seus projetos e trajetórias.

 

No decorrer do estudo, temas críticos para a implementação de políticas públicas de redução das desigualdades e para o desenvolvimento sustentável das periferias urbanas foram abordados. São exemplos a representatividade política, redução das violências, uso de tecnologias, Constituição Federal, democracia, racismo estrutural, machismo na sociedade, acesso a direitos, disputa de narrativas, fake news, entre outros.

 

Uma perspectiva marcante da pesquisa é a percepção não apenas da necessidade de transformação política do Estado, mas a relevância de fazê-lo conjuntamente com a população das periferias, uma vez que os governos, de forma geral, desconhecem ou desvalorizam a profundidade dos problemas vividos nestes territórios.

 

Realizado por pesquisadores que atuam nas próprias regiões mapeadas, a iniciativa se divide entre as pautas de Participação Política, Redes de Colaboração, Movimentos Sociais e Culturais, Meio Ambiente, Empreendedorismo Social e Mídia Independente e Alternativa. São realizadas por ONGs, coletivos informais, indivíduos ou estão ligadas à política institucional. E emergem a partir de cinco principais gatilhos: a dor, o mentor, coletivos de cultura, ONGS e políticas sociais.

 

“Ao optar por uma equipe que tem sua origem nos territórios periféricos e produz comunicação e conhecimento a partir deles, a pesquisa enfatiza o direito que cada um tem de contar e revelar a sua própria história”, observa Fernanda Nobre, coordenadora de Comunicação da Fundação Tide Setubal.

 

 

 

Polifonia de vozes

 

No dia do lançamento da pesquisa, estudantes, ativistas, empreendedores e moradores do centro e da periferia compareceram à Galeria Olido para discutir os resultados do estudo e seus desdobramentos.  “A Fundação Tide Setubal sempre teve esse olhar de respeito e aprendizagem com o conhecimento que vem das periferias, e nesse sentido ficamos muito felizes em apoiar o estudo Emergência Política Periferias, que foi conduzido por pesquisadores dos territórios”, afirmou na abertura do evento Maria Alice Setubal, presidente do conselho da Fundação Tide Setubal.

 

“A gente acredita que uma das crises da política é a crise de referências. Tem muita gente fazendo e testando novas formas de fazer política, mas a gente não tem visibilidade dessas práticas, porque elas nascem nas bordas do sistema. O Instituto Update nasce para dar nova luz à essas práticas”, disse Beatriz Pedreira, co-fundadora do Instituto Update.

 

Confira a síntese da apresentação do estudo:

 

 

Na sequência, três dos pesquisadores que conduziram o estudo, Jessica Cerqueira, Wellington Amorim e Tony Marlon, apresentaram os principais resultados e explicaram o conceito dos Laboratórios de Direitos. “O que a gente aprendeu com esses fazedores e fazedoras é que eles laboratoriam direitos na prática, ou seja, ensaiam essa sociedade que a própria Constituição tenta garantir”, diz Tony Marlon. “O Estado, que não garante esses direitos e alimenta uma distribuição de recursos nas cidades, no estado e na União de maneiras muito diferentes, não consegue garantir esses direitos de uma maneira prática. A inovação política que a gente achou foi entender que esses fazedores e fazedoras estão nesses laboratórios de direitos constitucionais, garantindo esses direitos”.

 

 

Na sequência, Fernanda Nobre, coordenadora da Fundação Tide Setubal, mediou uma mesa de discussão com cinco integrantes de iniciativas que participaram do estudo: Ana Paula Freitas, da AP Maria Felipa (Belo Horizonte), Rayane Soares, do Jovem de Expressão (Brasília), Juliana Marques da Umunna e DataLabe (Rio de Janeiro), Jéssica Vanessa, do Centro de Comunicação e Juventude (Recife) e Dú Pente do Pretas em Movimento (Belo Horizonte).

 

Na conversa, cada participante contou um pouco sobre sua trajetória, e foram discutidos temas como feminismo, narrativas periféricas e a inclusão de mulheres, negros e jovens periféricos na política. “Minha militância e meu ativismo vêm dessa relação, de reivindicar meus direitos e os direitos dos outros jovens que não conseguem chegar nesses espaços, mas também levando toda essa trajetória para dentro da comunidade, da periferia, dizendo ‘você é jovem, você também tem direitos e pode chegar lá, da mesma forma que eu cheguei, então me dê a mão aqui e vamos juntos para você conhecer aquele espaço, por mais que ele te exclua você tem que estar dentro’”, diz Jéssica Vanessa, sobre como incentivar jovens a participar de conselhos e outros espaços formais de política.

 

“A extrema importância dessa pesquisa vem do momento quando a gente identifica a estrutura em que estamos inseridos e como é importante ressinificar o conceito de periferia e de cidade. Periferia é a cidade. Periferia é o centro. E a gente vai precisar compreender o quanto a lógica colonialista nos faz ainda retroceder e falar de coisas que já deviam estar superadas”, afirmou Dú Pente.

Confira no vídeo abaixo a síntese da discussão:

 

 

Narrativas periféricas na TV

 

A pesquisa “Emergência Política Periferias” também deu origem à série “Política Modo de Fazer”, que foi ao ar na GloboNews todos os sábados de setembro. Na série, uma coprodução da Globo News com a Maria Farinha Filmes e patrocínio da Fundação Tide Setubal e Ford Foundation, iniciativas que integraram o estudo foram apresentadas em quatro episódios.

 

Yasmin Tainá, que codirigiu “Política: Modo de Fazer” ao lado de Cristina Aragão, explica como foi construir uma nova narrativa sobre inovação política: “É também esse fazer que tem a ver com ancestralidades, com identidade e com quem está fazendo”.

 

Confira a pesquisa completa aqui. 

 

 

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