Rede Jovem Comunica discute consumo consciente e redes sociais
Encontro reuniu alunos e professores de escola pública integrantes do projeto para criação de uma plataforma conjunta de conteúdo
O primeiro encontro de 2011 do Rede Jovem Comunica reuniu mais de cem pessoas no Galpão de Cultura e Cidadania, em São Miguel Paulista, na manhã do dia 15 de junho. O público era formado por professores e alunos de cinco escolas públicas da zona leste de São Paulo que participam deste projeto de educomunicação, realizado pelo Núcleo de Comunicação Comunitária (NCC) São Miguel no Ar. Criada em 2009, a iniciativa estimula a leitura, a escrita e o debate, por meio da produção para diferentes veículos de comunicação, como blog, jornal e rádio.
“O objetivo do encontro é compartilhar as reflexões que cada escola fez durante a primeira fase do projeto, durante a qual discutimos consumo consciente, portabilidade cultural e uso das redes sociais. Essas reflexões estão manifestadas nas produções audiovisuais feitas pelos alunos. Além da exibição destes vídeos e das trocas, buscamos pensar neste encontro sobre qual é o papel da nossa rede”, explicou José Luiz Adeve, o Cometa, coordenador do NCC.
De consumidor a produtor
Nas oficinas na escola, os adolescentes participam de debates sobre consumo consciente, a partir de conversas sobre as marcas de roupas ou de outros produtos que usam. Um dos textos para provocá-los foi a poesia “Beba Coca-Cola”, de Décio Pignatari. Após os debates, criaram poemas visuais, com recortes de revistas, sobre o tema e, depois, os utilizaram como roteiro para a gravação de um vídeo. “Com as atividades, os jovens entenderam o que é portabilidade cultural. Perceberam que o corpo deles é portador de marcas, produtos e culturas”, disse Cometa.
Outra reflexão foi de como os meios de comunicação difundem o consumismo e, ao mesmo tempo, podem ser utilizados para conscientização sobre formas mais sustentáveis de consumo. “A partir daí, começamos a pensar sobre como podemos ser protagonistas na internet, usando as redes sociais. O Orkut, o Facebook e o Twitter podem ser utilizados em prol do coletivo, não só para uso pessoal. Eles podem gerar movimentos”, relatou Andrelissa Ruiz, educomunicadora do Rede Jovem Comunica.
Para Jefferson Fernando Campos, 12 anos, aluno da 6° série da Escola Municipal Antonio Carlos de Andrade e Silva, as atividades do projeto despertaram seu desejo em produzir conteúdos educativos na internet e em outros veículos. “Precisamos movimentar a rede, não ser movimentados por ela. Podemos produzir mais comunicação nas redes sociais e no Rede Jovem”, contou o adolescente, que escreveu um texto sobre consumo para jornal A Voz do Lapenna, que possui espaço para as produções dos adolescentes.
Pensando a rede
No encontro no Galpão, os alunos puderam ampliar suas discussões sobre o uso das redes sociais na roda de roda de conversa, com o educador Rafael Lira, sócio-fundador da Viração Educomunicação e membro da Cidade Democrática.
O convidado explicou o conceito de “webcidadania”, ilustrando com o caso da mobilização para o Projeto Ficha Limpa. “A web pode ser um espaço para o cidadão participar das decisões da cidade, do país e por que não das escolas?”, disse Rafael. “Gostei muito da apresentação do Rafael. Pude aprender mais sobre a internet. São idéias bem interessantes”, destacou Luis Fernando P. dos Santos, 12 anos, aluno da 6° série da Escola Estadual Shinquichi Agari.
Após o bate-papo, o público foi dividido em grupos para uma dinâmica, proposta pela equipe do Núcleo Mundo Jovem, sobre o papel do Rede Jovem Comunica. Cada grupo recebeu uma parte do corpo humano e duas perguntas. Por exemplo, quem recebeu o pé tinha de responder: “o que sustenta essa rede? E qual é a base dessa rede?”.“A base dela é a comunicação, a parceria e o diálogo entre as pessoas e a força de vontade para fazer um mundo melhor”. Foi a resposta do grupo. No fim, não havia apenas o corpo montado, mas também um panorama sobre os desejos e expectativas dos participantes para a Rede.
“Pensamos em atividades para provocar os adolescentes, sempre dialogando com a temática do Rede Jovem Comunica. A intenção é que a dinâmica contribua nas discussões que eles estão abordando nos encontros e que isso se reflita nos produtos comunicacionais”, relatou André Moreira, psicólogo do Mundo Jovem.
Agora, tem início a segunda fase do projeto, na qual os alunos e professores vão continuar as discussões não só presencialmente, como virtualmente, na Plataforma Rede Jovem Comunica, um espaço na web que unirá os blogs de todas as escolas e os conteúdos produzidos pelos alunos (vídeos, programas radiofônicos), como também um fórum para discussões. Os jovens vão produzir ainda conteúdos radiofônicos sobre o uso da internet.
Leia os depoimentos de educandos e educadores do Rede Jovem Comunica:
“Desde o ano passado, estávamos pensando em montar uma rádio na escola. Aí, conhecemos o Rede Jovem Comunica, que se relacionava com esse desejo da nossa escola, e descobrimos as outras frentes da iniciativa. Estamos muitos felizes. Com projeto, descobrimos talentos escondidos na escola, alunos com grande potencial para a comunicação”.
Marli Viana da Cruz, coordenadora pedagógica da Escola Municipal José Honório
“É o segundo ano que participo. O mais legal é reunir alunos e professores para debaterem conjuntamente. É um espaço diferente da sala de aula, onde os alunos se envolvem de fato, seja nos debates ou nas produções. Além disso, o projeto trata de temas que, muitas vezes, não conseguimos abordar no período das aulas. Foi bacana refletirmos sobre o uso consciente da internet”.
Maria Luiza Lemos, professora de inglês da EMEF Antonio Carlos de Andrade e Silva
“Aprendi que o consumo excessivo não leva a lugar nenhum, o que vale mais é o caráter da pessoa. Na escola, muitas vezes, acham que alguém que usa marca é superior aquela que usa a roupa da escola. Mas não é assim. Também gostei de conhecer os outros usos do Orkut”.
Gabriela Chaves da Silva, 12 anos, aluna da 6° série da Escola Municipal José Honório
“No Rede Jovem, aprendemos e também nos divertimos. Discutimos cidadania e consumo consciente, com brincadeiras e músicas. Achei muito legal fazer o vídeo. A gente se solta lá. Aprendi também que devemos usar as redes sociais para aprender. Não é só para ficar conversando, jogando. Podemos fazer pesquisas e saber mais sobre cidadania”
Andressa Rivnak Ribeiro de Souza, 11 anos, aluna da 5° série da EMEF Dom Paulo Rolim Loureiro