Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Secretário da Cultura pretende atender a outras demandas
Em entrevista exclusiva, Carlos Augusto Calil destaca a relevância da parceria com a Fundação Tide Setubal e reforça o compromisso de atuação em São Miguel Paulista.
Qual a importância de parcerias como essa entre a Fundação e a Secretaria de Cultura?
Carlos Augusto Calil – Projetos como o da criação do Ponto de Leitura do Jardim Lapenna só funcionam em parceria, pois, atualmente, nós não temos capacidade de administrar mais do que as 55 bibliotecas municipais existentes na cidade. Sabemos que esse número é insuficiente, no entanto, ele já representa uma quantidade considerável de problemas de acervo e de manutenção. A expansão da rede de bibliotecas é uma demanda fortíssima da sociedade, que percebemos em todo lugar que visitamos. Então, sem a Fundação Tide Setubal seria impossível inaugurar esse novo espaço. Queremos trabalhar juntos, mas nem sempre encontramos o parceiro ideal. Nesse caso, a parceria foi bem sucedida: o clima é ótimo e tudo aqui está muito bem feito. Acabei de saber que o Ponto de Leitura era uma reivindicação local há quatro anos. Então, tem tudo para dar certo. Espero, realmente, que seja o primeiro passo de um projeto maior. Se a demanda for por uma biblioteca maior, vamos atender a isso.
A Secretaria tem pensado em outros projetos culturais para a região?
Carlos Augusto Calil – Isso ainda não está decidido, porque temos de receber demandas da comunidade. Cada área tem uma história, uma necessidade, um gosto próprio. Não dá para trazer isso da secretaria para comunidade, tem que ser na outra mão. Temos um programa que já foi desenvolvido em várias partes da cidade, mas que aqui não, chamado de Quebrada Cultural. É uma festa com manifestações locais e de fora, para misturar um pouco as coisas; uma espécie de Virada Cultural local. Isso pode ser feito, mas sempre conversando com a comunidade, para saber o que ela espera. Tem, por exemplo, localidades que preferem circo a teatro, então, trabalhamos nessa vontade. Depende de como as comunidades vêem a atividade cultural.
Qual a sua percepção sobre as demandas culturais nos diferentes bairros da cidade?
Carlos Augusto Calil – Existe na população uma grande receptividade à atividade cultural. Muitas vezes a comunidade pratica atividades culturais. Outras comunidades simplesmente não praticam. Mas não importa, as pessoas querem consumir cultura, querem participar de uma ou de outra maneira, em certas ocasiões no usufruto e não obrigatoriamente na produção. Por vários lugares onde passamos em São Paulo, percebemos que existe um interesse enorme em ocupar um espaço de protagonismo. Isso tem sido fantástico, mas nem sempre podemos corresponder. Uma vez, fui a Cidade Tiradentes para discutir a instalação de uma biblioteca, e eles me pediram cinco bibliotecas. Eles têm direito a cinco bibliotecas, têm direito até a mais do que cinco bibliotecas, afinal, moram ali cerca de 330 mil pessoas. Mas não temos condições de montá-las. Então, há um problema entre a nossa capacidade de atendimento e a histórica carência, que é muito profunda e que não vamos conseguir atender de uma vez só.
Como a parceria entre a comunidade e a Fundação pode ajudar nessas questões?
Carlos Augusto Calil – Esse tipo de iniciativa da Fundação Tide Setubal responde de imediato e estimula as pessoas a reivindicar. Em muitas ocasiões, ocorre a desmobilização de uma reivindicação que é feita e refeita, feita e refeita, e o poder público não atende. Aqui no Jardim Lapenna a solicitação pelo Ponto de Leitura começou há quatro anos. Agora, vejo uma realização interessante, bem feita, muito cuidada. Então, fico otimista. Acho que as coisas já melhoraram e vão melhorar ainda mais. A tendência é isso aqui virar uma bola de neve. Tudo pode crescer a partir daqui, de uma maneira muito solidária, muito enraizada.