Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Encerramento do projeto Um passe para a Arte, no Galpão de Cultura e Cidandania, tem dança afro, maculelê e capoeira
Pais e familiares marcaram presença nas apresentações e no batizado de capoeira
Crianças e adolescentes do Projeto Um Passe para a Arte — que oferece aulas gratuitas de dança, capoeira, brincadeira de rua e xadrez no Galpão de Cultura e Cidadania — participaram no sábado, 1º de dezembro, da atividade coletiva de fechamento de 2012. Essa iniciativa estende para o Jd. Lapenna a experiência bem sucedida de uso de um espaço de convivência pela comunidade, como ocorre com o CDC Tide Setubal.
“No CDC, temos vôlei, basquete, futebol; no Galpão, seguimos por uma linha mais cultural, porque não há uma quadra de esportes”, explica Marcelo Ribeiro Silva coordenador do projeto. Esse foi o segundo ano das atividades e o maior ganho, de acordo com Marcelo, “é ter mais do que a rua como área de lazer, proporcionando um ambiente no qual os diferentes se conheçam, com tranquilidade e respeito”.
Mães, pais e parentes compuseram a plateia das apresentações, que aconteceram entre 10h e 14h, com dança afro, maculelê e capoeira. Após as boas-vindas, cinco meninas com roupas de inspiração africana protagonizaram a dança daquele continente. Em seguida, 30 crianças, a maioria meninas, de diferentes idades, apresentaram o maculelê, com movimentos corporais e batidas ritmadas em bastões de madeira. Os dois grupos foram acompanhados por percussão ao vivo. A seguir, uma sequência de fotos do projeto ocupou o telão mostrando uma retrospectiva das ações no CDC Tide Setubal e no Galpão ao longo do ano. Depois, os participantes receberam seus certificados de conclusão do curso.
As animadas rodas de capoeira ocuparem o espaço do Galpão, na sequência, para realização do batizado dos alunos que receberam a primeira corda. Para essa comemoração, foram recebidos os grupos: CCA Santa Luzia, Resgate Capoeira, Expressão Cultural, Capoeira Clara da Lua e Roda de Fogo. Integrantes das cinco agremiações mostraram suas habilidades, jogaram capoeira com os formandos e ajudaram a batizá-los ‒ 33 meninos e meninas que frequentavam as aulas no Galpão e outros cerca de 20 pertencentes aos grupos convidados. No ato do batismo, cada aluno recebeu a corda, que lhe era amarrada à cintura, entregou uma rosa vermelha à sua madrinha ou a seu padrinho (parente, amigo, colega) e ganhou o certificado de término.
Leia abaixo o depoimento de mães e crianças participantes da cerimônia de encerramento do Projeto Um Passe para a Arte 2012 no Galpão:
“Meu filho, Guilherme de Sousa Santos, de 10 anos, está fazendo capoeira há um ano. Vejo mudanças nele: anda mais calmo, mais amigo, mais interessado em fazer mais coisas no Galpão. Ele me pede para participar e mostra interesse. Acho até que deveriam ser oferecidos mais eventos e ocupações para as crianças não ficarem na rua, com a mente vazia, enquanto os pais estão trabalhando. Faltei hoje no trabalho para vir aqui porque acho importante para ele.” – Lúcia Dalva de Souza Batista, 38 anos, auxiliar de expedições, moradora do Jd. Lapenna, também mãe de Gustavo de Sousa Santos, de 1 ano.
“Um dia como o de hoje é um incentivo para que as crianças aprendam vários tipos de atividades. Gostaria que as mães daqui do Lapenna incentivassem seus filhos a participarem mais, que dessem mais valor ao espaço que se tem aqui. Noto que a minha filha [Paloma Pereira dos Santos, 11 anos] era muito tímida e se soltou mais com as aulas de dança. Quando começou, em fevereiro, insisti para ela fazer capoeira também, mas ela não quis; acha que pode se machucar. Mas quem sabe ela se anima no ano que vem?”. – Neusa Pereira dos Santos, 41 anos, professora de reforço escolar do 1º ao 5º ano, moradora do Jd. Lapenna. Na data, foi também madrinha de capoeira de Jefferson de Souza Pinto, de 13 anos, filho de sua amiga.
“Faço os dois: dança e capoeira. Sempre via capoeira e queria jogar. E gosto de dançar. Assim que me mudei de Ermelino Matarazzo para cá, vim ver o que acontecia no Galpão. Depois soube dos cursos porque a mãe de uma amiga minha, que é minha vizinha, contou que as inscrições estavam abertas. Eu aproveito tudo que posso. Iria melhorar bem se no ano que vem colocassem duas aulas por semana, e não só uma.” – Luana Martins Vieira da Silva, 14 anos, estudante do 9º ano do ensino fundamental, moradora do Jd. Lapenna. Participou do maculelê e foi batizada na capoeira.
“Eu já fazia capoeira antes e continuei agora no Galpão. Tinha contato porque meu pai sabe e é instrutor. É divertido pra mim porque não precisamos lutar para machucar a pessoa; a gente luta só como amigos. Tem que tomar cuidado para não acertar o colega e também tem que fazer uma posição para se defender. Sem querer, já acertei uma colega no rosto, mas ela não se machucou. Pretendo continuar com a capoeira por muitos anos porque eu quero ir até o fim. Acho que levo jeito.” – Iara Martins Gomes, 11 anos, estudante do 6º ano do ensino fundamental, moradora d ao longo do ano o Jd. Lapenna. Foi batizada na capoeira.