Podcast ‘Essa Geração pelo Clima’ apresenta o olhar das juventudes sobre o impacto das mudanças climáticas

Como as juventudes lidam com os impactos das mudanças climáticas e o que fazem para mitigar os seus efeitos? E quais ações podem ser colocadas em prática em territórios periféricos para proteger as populações locais dos impactos causados por tais eventos? Essas perguntas estão presentes no podcast Essa Geração pelo Clima.

 

Com coprodução da Fundação Tide Setubal e de jovens do curso de multimídia do Geledés – Instituto da Mulher Negra, a oitava temporada de Essa Geração apresenta os olhares das juventudes sobre a pauta climática. Nesse sentido, os cinco episódios apresentam diálogos e conhecimentos com especialistas sobre o debate climático no Brasil. Além disso, a temporada foi produzida em formato de mesacast e conta com apresentação de Helber Alves e Larissa Edy. A dupla conduz, então, os diálogos com as pessoas especialistas que deram o tom dos cinco episódios.

 

Vale destacar que os diálogos referentes aos temas que norteiam os episódios se conectam com os debates que vieram à tona na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Contudo, é importante destacar que a importância desses diálogos e da ação para contornar tais efeitos é perene e vai muito além do evento.

 

“A atual temporada do podcast Essa Geração pelo Clima se propôs a colocar em debate a lógica segundo a qual o debate sobre meio ambiente vai muito além dos eventos sociopolíticos com essa finalidade. Não por acaso, a estreia coincidiu com a primeira semana da COP30, ao mostrar que a sociedade civil organizada, em particular as juventudes das periferias, precisam ter protagonismo no debate socioambiental”, pondera Fernanda Nobre, gerente de Comunicação da Fundação Tide Setubal.

 

Diálogos dessa geração pelo clima

Um ponto de destaque do podcast Essa Geração pelo Clima passa pelo caráter perene do debate sobre mudanças climáticas. Nesse sentido, os cinco episódios  mostram que as implicações sobre o tema são centrais nas periferias. Trata-se, afinal, dos territórios onde os impactos se manifestam de modo mais veemente.

 

“A questão é que a crise climática está acontecendo, mas a forma como ela impacta dentro da sociedade é desigual. Por exemplo, quando chove, não temos como escolher onde irá chover, mas áreas vulnerabilizadas serão atingidas de forma mais intensa do que regiões com estruturas adequadas.” É o que explica Isabela Gaidis, assistente de Projetos de Comunicação em Geledés. Para Isabela, “é essa desigualdade que evidencia a necessidade do debate climático nas periferias.”

 

Essa abordagem reflete os temas dos episódios e as entrevistas com as pessoas especialistas que participaram de cada um deles. A saber, os episódios retratam os seguintes temas:

 

Episódio 1: Enxergando o racismo ambiental no CEP

Amanda Costa, diretora do Instituto Perifa Sustentável, e Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, falam sobre as perspectivas entre raça e clima por meio do debate sobre racismo ambiental. Desse modo, a dupla traz informações e provocações acerca do modo desigual como a crise climática afeta as populações negras e periféricas.

Episódio 2: Brasil em foco

Gisele Brito, jornalista e coordenadora da área de Direito a Cidades Antirracistas do Instituto de Referência Negra Peregum; Waleska Queiroz, engenheira sanitarista e ambiental e cofundadora do Observatório das Baixadas; e Fabiana Tock, coordenadora do Programa Cidades e Desenvolvimento Urbano da Fundação Tide Setubal, falam sobre a iminência do colapso ambiental. Assim sendo, o trio comenta sobre caminhos possíveis para contornar esse cenário.

Episódio 3: Corpo quente: saúde na linha de frente da crise

Quais são os efeitos das mudanças climáticas na saúde da população que mora em territórios periféricos? Jacqueline Moraes Teixeira, doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora nas áreas de raça, saúde e políticas públicas, e Ana Carolina Barros Silva, psicanalista e coordenadora-geral da organização Casa de Marias, respondem a essa pergunta.

 

A dupla fala também sobre como o colapso climático não é apenas ambiental, como também corporal. E, desse modo, atravessa o modo como a desigualdade racial e territorial fazem com que os efeitos da crise atinjam de forma desproporcional pessoas negras e periféricas.

Episódio 4: Religiões de matriz africana e preservação ambiental

Você sabia que as religiões de matriz africana têm forte relação com soluções ambientais? Nos terreiros, a luta ambiental é também uma prática de fé. As pessoas especialistas que falam sobre o tema são Izabella Tavarez, educadora ambiental, ativista social pela igualdade racial, dançarina e Ekedji de Yewa, e de Ester Sena, assessora de Clima de Geledés – Instituto da Mulher Negra.

Episódio 5: Pauta ambiental para além da COP30

O encerramento da temporada 8 do podcast Essa Geração pelo Clima mostra como os debates que deram o tom da COP30 são atemporais e fazem parte do nosso dia a dia. O episódio conta com as participações de:

 

• Karina Penha, socioambientalista e cofundadora do movimento Amazônia de Pé;
• Erica Monteiro, liderança quilombola da Malungu;
• Mateus Fernandes, jornalista e criador de conteúdo sobre meio ambiente e cultura periférica.

 

 

Da escuta à ação

O caráter multidisciplinar da temporada 8 do podcast Essa Geração mostra que, ao contrário do que setores negacionistas e céticos sobre a pauta ambiental tentam disseminar, os efeitos das mudanças climáticas devem ser, sim, alvos de ações por parte de segmentos diversos da sociedade e, consequentemente, combatidos. Logo, não se trata de algo a ser normalizado no cotidiano.

 

Nesse sentido, Isabela Gaidis fala, a partir dos temas dos episódios, sobre como os impactos das mudanças climáticas afetam de modo mais intenso as populações negra e periférica. Logo, ao considerarem-se os conceitos de racismo ambiental e de justiça climática, as soluções apresentadas por povos originários e relativas a religiões de matriz africana podem ser aliadas importantes para mitigar tais consequências.

 

“Deve-se, por fim, destacar a importância do protagonismo da juventude negra e periférica dentro dos debates climáticos e não só as margens. Vale reforçar que essas e esses jovens têm papel fundamental na construção da justiça climática e não são só vítimas desses efeitos”, reforça Gaidis.

 

Finalmente, Fernanda Nobre destaca a importância dos debates inerentes aos episódios do podcast Essa Geração pelo Clima. E isso conecta-se com, entre outros aspectos, à democratização no acesso a informações sobre o tema. “Os assuntos retratados mostram que os efeitos das mudanças climáticas e do racismo ambiental estão presentes de modo definitivo no nosso dia a dia e que combatê-los é uma tarefa urgente.”

Para dar o play

O podcast Essa Geração pelo Clima está disponível nas principais plataformas de streaming. Você poderá assisti-lo também, enfim, no feed do Essa Geração no Spotify e no Enfrente, canal da Fundação Tide Setubal no YouTube.

 

 

Texto: Amauri Eugênio Jr.