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Aliança atua para incluir jovens no mercado e desenvolver projetos de vida

Por Daniel Cerqueira

 

 

Uma grande aliança para promover a inclusão produtiva das juventudes relacionada aos seus projetos de vida tem agora a participação da Fundação Tide Setubal. Trata-se do Global Opportunity Youth Network São Paulo (Goyn SP). O principal objetivo da iniciativa é ampliar o poder de escolha e as oportunidades de educação, trabalho e renda.

 

A Fundação Tide Setubal foi convidada a integrar o grupo gestor da rede por trazer uma inserção territorial importante para o seu desenvolvimento. Segundo Mariana Almeida, superintendente, a relação histórica da fundação com as(os) jovens ajuda a rede ao mesmo tempo que as atuais ações de formação de lideranças jovens potencializam essa parceria.

 

“É bom conectar-se com outras organizações que estão enxergando a importância de se pensar nessa geração. As juventudes periféricas estão demandando cada vez mais oportunidades e projetos que as fortaleçam. Acreditamos que só teremos uma sociedade mais equilibrada se tivermos essa geração na construção das soluções para o país.”

 

Os dados disponibilizados pelo Goyn pedem atenção e uma necessidade de esforço social voltados a essa faixa etária. Em 2017, as(os) jovens das regiões centrais das cidades tinham remuneração 50% maior comparada à das(os) jovens da periferia. Entre 2015 e 2019, a queda do número de matrículas no Ensino Médio caiu em 23%, enquanto 50% não concluíram os estudos nesse período.

 

A primeira iniciativa da Fundação com o Goyn SP se deu no Micro Fundo para Jovens Inovadores. Em março, foi lançado um edital para  apoiar projetos de coletivos e de jovens inovadores das periferias com microcrédito de até R$ 5.500, formação e mentoria para implementar ou ampliar suas iniciativas.

 

 

Entre as iniciativas selecionadas, o racismo é destaque

 

O Micro Fundo selecionou 12 projetos das 50 iniciativas inscritas. A maioria dos projetos inscritos (54%) é liderada por jovens mulheres de territórios nas zonas sul (46%) e leste (31%), regiões onde está a maior concentração de jovens da cidade (71%).

 

Questões relacionadas ao racismo estrutural e seus efeitos sociais e econômicos estiveram presentes em todas as inscrições. Além disso, suas transversalidades, como geração de renda e empoderamento cultural e social às juventudes, especialmente às mulheres, aos negros e à LGBTQIA+, estão também na pauta dos projetos.

 

Welson Alves, coordenador do Goyn SP, relata a percepção de que há um movimento das mulheres que acabam se sobressaindo estando à frente das iniciativas. “O racismo estrutural impacta toda a jornada das juventudes como na escolaridade, com apenas 34,3% completando o Ensino Médio, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, no caso das mulheres negras, os dados se agravam. Esperamos romper pelo menos uma dessas barreiras, potencializando suas ações com visibilidade e financiamento.”

 

Gerar renda e incentivar as iniciativas das juventudes em suas necessidades de forma simultânea é o que Mariana denomina fomentar renda com sentido. “É pensar a realização e a continuidade das juventudes. Existe uma forma de olhar o trabalho apenas como uma necessidade de sobrevivência, mas, as(os) jovens têm criatividade e uma identidade que pode gerar renda de outra maneira. E, em sentido mais amplo, é recuperar nas juventudes a sua participação social.”

 

 

Rede de projetos

 

Conheça os projetos selecionados por meio do Goyn SP:

 

  1. Brechou (zona sul): loja colaborativa que faz parceria com coletivos, educadores, artistas e empreendedores locais para estimular o consumo consciente, a educação ambiental e  valorizar a produção local e impulsionar a economia circular.
  2. Capão Universitário (zona sul): promoção do acesso ao vestibular a jovens da rede pública da região, por meio de financiamento das taxas de inscrição, mentorias gratuitas e informações sobre vestibular e realidade universitária.
  3. Desperta (zona sul): fonte alternativa de renda local por meio da coleta retornável na qual os jovens reciclam o lixo residencial, separando o comum dos materiais recicláveis, com recebimento de cashback.
  4. Flores da Periferia (zona oeste): revitalização de espaços comuns no território por meio do grafite realizado pelas artistas locais, além de estímulo a outras formas de expressão, como o rap, oficinas e saraus de poesias voltadas para mulheres a fim de estimular uma rede de apoio e de segurança para todas.
  5. Projeto Pertencer (zona sul): gravação de videoclipe para a faixa Pertencer, do artista RAVIH, com a participação de artistas LGBTQIA+ e realização de podcast reunindo entrevistas com atletas LGBTQIA+ para ampliar as discussões sobre o preconceito enfrentado por essa comunidade na área esportiva.
  6. TRANSforming The World (toda a cidade): diminuir a barreira social entre educação e pessoas transexuais, de forma a promover o ensino gratuito de língua inglesa para esse grupo, profissionalizar os seus perfis e ocupar espaços no mundo globalizado e no mercado de trabalho.
  7. Elas Produção Áudio & Visual (zona leste): compartilhar conceitos e práticas para jovens, negras(os), indígenas e pessoas trans sobre produção nas diferentes linguagens da comunicação (áudio, vídeo, foto e arte gráfica), envolvendo duas ou mais mídias, como Instagram e streamings audiovisuais.
  8. Grajauventude (zona sul): realizar atividades articuladas em torno da produção de uma cypher, um fonograma de rap, com a contribuição de diferentes artistas para servir como multiplicador no território, desenvolvendo potencialidades latentes, mas limitadas pela falta de incentivo e de oportunidades.
  9. Jornal Embarque no Direto (zona sul): traduzir os direitos sociais e civis – e como acessá-los – para uma linguagem acessível à população de baixa renda e com baixo nível escolar.
  10. Laje DuCorre (zona sul): realiza rodas de conversa para debater pautas sobre LGBTQIA+, juventude e negritude, via plataforma digital, e gravar podcast com o resumo dos diálogos e temáticas discutidas.
  11. Sessão Favela (zona leste): ressignificar as formas de ver e vivenciar a experiência cinematográfica nos bairros Santa Inês e Jardim Verônia. Exibições semanais de filmes feitos por produtores periféricos, que dialoguem com a realidade dos territórios, nas lajes abertas para as janelas das quebradas.
  12. Vestibular Solidário (zonas norte, leste e sul): preparar jovens para a trajetória acadêmica por meio do envio de conteúdos diários para estudo (curadoria das melhores apostilas encontradas na internet), acompanhamento de alunos, correção de redações e disponibilização de pasta no Google Drive com filmes e documentários para criar repertório sociocultural que embase a escrita das redações.

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