Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Comunicação comunitária: para compartilhar com o mundo
Na quinta-feira, dia 5, durante a 4ª Feira do Livro do CDC Tide Setubal, foi realizado o debate Comunicação e Intervenções Comunitárias, com a presença de Paulo Santiago, presidente da Associação Novo Olhar, Vitor de Castro, coordenador de comunicação do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, e Renato Rovai, editor da revista Fórum. A […]
Na quinta-feira, dia 5, durante a 4ª Feira do Livro do CDC Tide Setubal, foi realizado o debate Comunicação e Intervenções Comunitárias, com a presença de Paulo Santiago, presidente da Associação Novo Olhar, Vitor de Castro, coordenador de comunicação do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, e Renato Rovai, editor da revista Fórum. A mediação foi realizada pela jornalista e professora Regina Tavares, mestre em Ciências Sociais pela Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL). Com início às 19h30, esta foi a segunda mesa de debate promovida pela organização da Feira do Livro (acompanhe outras discussões nos links abaixo). Cerca de 40 pessoas compuseram a plateia na Sala de Convivência do CDC Tide Setubal.
O presidente da Associação Novo Olhar, Paulo Santiago, abriu o debate falando sobre o desafio de ampliar horizontes para os jovens que trabalham com comunicação. “Em nossos projetos, incentivamos a pesquisa porque ela faz com que os jovens comecem a descobrir o mundo”, disse. “Não vejo nenhuma possibilidade de sair da pobreza sem ampliar esses horizontes. Por isso, uma das nossas metas é a excelência na qualidade dos programas, justamente para que o jovem conheça o mundo em que vive e seja inserido dessa forma na sociedade”.
O jornalista Vitor de Castro, do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, compartilhou a sua experiência à frente de uma organização cujo objetivo é “descolonizar o olhar sobre a favela”, ou seja, mostrar às pessoas que o morador da favela também é um cidadão. “Até pela imagem veiculada insistentemente na mídia, o morador dos espaços populares do Rio de Janeiro acaba achando que é um problema para a cidade, quando na realidade não é”, explicou. “Nesse sentido, a comunicação é extremamente importante porque é uma ferramenta de intervenção na sociedade que de fato pode mudar esse olhar”, afirmou.
Vitor de Castro disse ainda que essa postura da mídia acaba alimentando a chamada “política de confronto”, porque o morador não é ouvido, apenas classificado. “Na mídia, a favela é lugar só de bandido, só de doença, só de pobreza, o que gera em toda a sociedade um processo de criminalização e preconceito desses espaços populares”. O jornalista ressaltou também que essa imagem é uma construção coletiva, e por isso é importante intervir nesse sentido.
Já Renato Rovai, editor da revista Fórum, se dirigiu diretamente aos jovens para falar sobre o conceito de espaço comunitário. “Se antes existia a comunidade de São Miguel Paulista e a comunidade de outro bairro qualquer, hoje existe a comunidade mundial, conectada pela internet”, explicou. “Estamos vivendo uma revolução na área da informação. Então, a comunicação produzida aqui deve ser comunitária, no sentido de ser compartilhada com outras localidades ao redor do mundo”, disse. Isso porque, diferentemente da mídia tradicional, que trabalha com a venda da informação, a mídia compartilhada trabalha com a ideia de troca.
Renato Rovai defende a ideia de que é preciso construir redes de comunicação comunitária, ligando diferentes localidades por meio de um abrigo único na web. “Temos que parar de fazer comunicação só para o bairro, é preciso ampliar esse conceito”, afirmou. “Por isso, precisamos lutar para que todos tenham banda larga gratuita”, disse. “Só assim vamos conseguir igualar as oportunidades, quando todos tiverem acesso a determinados bens”.
A leitura crítica do debate foi realizada pelos jovens Diogo Ferreira e Jéssica Araújo, do Núcleo de Comunicação Comunitária São Miguel no Ar, da Fundação Tide Setubal, que apontaram não só a importância de ter acesso às ferramentas da comunicação, mas, principalmente, saber fazer uma leitura crítica desse conteúdo. Os debatedores elogiaram a participação dos jovens pela clareza e relevância da crítica, e sugeriram que esse conhecimento fosse compartilhado com outras pessoas, multiplicando esse aprendizado inclusive nas escolas públicas da região.
O debate foi transmitido ao vivo pela internet, no blog do CPDOC (http://cpdocsaomiguelpaulista.blogspot.com/), e teve atualização online no Twitter (twitter.com/tidesetubal).
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