Cursinho do Jardim Lapenna participa de aulão da Uneafro
Alunos e professores do curso pré-vestibular fizeram parte do evento, que discutiu direitos humanos e inclusão
No sábado, dia 1º de abril, as arcadas e a sala dos estudantes da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, foram palco de um momento de aprendizagem diferente: cerca de 800 estudantes, em sua maioria mulheres e homens negros, juntaram-se para assistir ao aulão da Uneafro-Brasil (União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora). A organização, que atua em 30 diferentes comunidades periféricas de São Paulo, oferece cursinhos pré-vestibular a estudantes oriundos de escolas públicas, em especial dentre a população negra.
A escolha da Faculdade de Direito da USP para sediar o evento não foi por acaso. A São Francisco, como é chamada, aprovou no dia 30 de março o sistema de cotas raciais em seu vestibular. De acordo com a medida, agora 20% das vagas serão destinadas a negros, pardos e indígenas, e 10% irão para alunos de escolas públicas, ambos aprovados pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Os 70% das restantes dos selecionados virão da Fuvest.
Para que alunos de todas as áreas da cidade pudessem comparecer ao encontro, a Uneafro-Brasil contou com o apoio de diversas organizações, dentre elas a Fundação Tide Setubal, que contribuiu com o fornecimento de um ônibus para o transporte dos estudantes da Uneafro. A organização também possibilitou que participassem do aulão 32 alunos e 4 professores do cursinho pré-vestibular do Jardim Lapenna, iniciativa da fundação realizada em parceria com a Comunidade Kolping Nossa Senhora das Graças do Jardim Belém.
Direitos sociais em pauta
No aulão, diversos palestrantes abordaram temas variados, sempre com um enfoque na cidadania e na defesa dos direitos humanos. Na primeira aula, Tâmara Naiz, Presidente da Associação Brasileira de Pós Graduação, falou sobre ciência e tecnologia, questionando noções como neutralidade. Na sequência, a Rapper Preta Rara conversou sobre sua trajetória e cantou para os estudantes, e a ativista Monique Evelle, da organização Desabafo Social, fez um depoimento sobre seu trabalho com o resgate da identidade negra. Já Guilherme Boulos, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), falou sobre a situação social do Brasil, com foco na lei de terceirização sancionada pelo Governo Federal, na reforma da Previdência Social que tramita no Congresso e no desmonte de políticas sociais.
“O que mais me chamou a atenção foi o que era para ser uma aula sobre a previdência tornou-se uma aula de conscientização sobre nossos direitos e a consciência negra. Foi maravilhoso ver aquelas negras lindas quebrarem vários tabus”, diz Luciana Cristina, aluna do Cursinho popular do Jardim Lapenna.
Os professores que acompanharam o encontro também ficaram animados. “A palestra de hoje foi muito bacana, uma experiência única aos nossos alunos”, afirmou Nathalia Paulo da Silva, professora de Inglês do cursinho no Galpão. “Tivemos exemplos de empoderamento, luta pelo direito ao estudo em escola pública e uma mega explicação sobre a reforma da previdência. Foi muito bom mesmo!”
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