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Festival do Livro e da Literatura incentiva leitura em São Miguel Paulista

@Comunicacao

31 de outubro de 2011
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De 25 a 27 de outubro, o bairro de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, ficou mais poético. Livros brotaram nas árvores e o universo da literatura tomou os espaços públicos da região. Nas ruas, os transeuntes foram surpreendidos com artistas que declamavam poemas. Nas praças, escritores debateram com o público a importância da leitura e da literatura, fazendo acontecer o direito à cultura na cidade. No CDC Tide Setubal, nas bibliotecas e em pontos de leitura, contadores de histórias aguçaram a imaginação das crianças. Tudo isso, e muito mais, fez parte da programação da 6ª edição do Festival do Livro e da Literatura de São Miguel, realizada pela Fundação Tide Setubal, que contou com apoio da Lei Rouanet e patrocínio do Banco Itaú.

 

A grande festa literária atraiu milhares de pessoas, a maioria de moradores da localidade. “Foi um sucesso a participação da sociedade nesta ação cultural”, avaliou Tião Soares, idealizador do evento. “Os grupos da zona leste estiveram envolvidos para tornar esta edição inesquecível. Também aproximamos o público de escritores locais e de expressão nacional. Sempre com o objetivo de fomentar a leitura na região”, conclui.

 

O subprefeito de São Miguel,Luiz Massao Kita, acompanhou a abertura do Festival: um cortejo literário em torno da Praça Fortunato da Silveira, conhecida como Morumbizinho, ao som da música executada pela fanfarra da Escola Dom Paulo. “Fico contente em ver iniciativas como estas em uma região tão carente de atividades culturais. É uma grande satisfação participar e apoiar essa festa literária, tão importante para nosso bairro”, afirmou o subprefeito.

 

 

 

Encontro com escritores

 

Uma das grandes atrações do Festival foi a palestra de encerramento com o poeta Ferreira Gullar. Durante quase duas horas, o autor de Poema Sujo conversou com o público presente (cerca de 400 pessoas), na tenda da Praça Morumbizinho. No início, Gullar relembrou sua trajetória no Centro Popular de Cultura, da União Nacional dos Estudantes (UNE), no início da década de 1960, e a proposta de arte engajada daquela época. Também comentou sobre a política nacional, destacando que o grande mal brasileiro é a corrupção. Para combatê-la, ele só vê uma alternativa: o povo protestar nas ruas, como fizeram os árabes recentemente para derrubar regimes ditatoriais.

 

Na segunda parte da conversa, Gullar contou como enveredou pelos caminhos da literatura, narrando histórias em São Luís (MA), especialmente seu encontro com a poesia modernista de Drummond que mudou sua forma de escrever. Também falou como surgiram o Poema Sujo e Jasmim. “Minha poesia nasce de um espanto, de uma reflexão sobre algo. A poesia existe, porque a vida não basta”, observou. Sobre os poucos leitores de poesia e literatura em geral, no Brasil, o poeta ressaltou que a questão cultural só avançará no país, quando também evoluirmos no aspecto social, com o combate à pobreza e à desigualdade social. No fim, atendendo ao pedido de uma participante, declamou Jasmim.

 

“Não conhecia o escritor. Agora fiquei curiosa para ler sua obra”, disse Leida de Pina, aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da escola pública Astrogildo Arruda. “É uma oportunidade única esse encontro. Espero que essa iniciativa do Festival se repita nos próximos anos”, enfatizou a professora Rosângela Aparecida de Silva, que já planeja estudar com os alunos as poesias de Ferreira Gullar.

 

Outros escritores também conversaram com o público durante o festival. Na tenda da Praça Morumbizinho, marcaram presença: Ferréz, César Magalhães, Eucanãa Ferraz e Luiz Ruffato. No CDC Tide Setubal, os convidados foram Marcelino Freire e Sacolinha. Em suas exposições, os autores narraram suas trajetórias, destacando a importância da leitura para a formação do indivíduo. Houve ainda espaço para os artistas locais, como os do Projeto Marginaliária e grupo Causa P, no evento chamado Encontro de Todas as Artes, que aconteceu no CDC. O clube também abrigou declamação de poemas por jovens, que cantaram hip hop, grafitaram painéis e assistiram a um desfile de moda do Coletivo Abayomi.

 

 

Formação cidadã

 

O debate sobre direitos fez parte do evento. Em rodas de conversa, Alexandre Barbosa, antropólogo, Helena Abramo, socióloga, Gil Marçal, coordenador do Programa para Valorização de Iniciativas Culturais da Prefeitura de São Paulo (VAI) e Rafaela Guabiraba, militante da Pastoral da Juventude, trataram de direitos culturais e juventude na noite de terça-feira (26/10). No dia seguinte, o foco foi direito à cidade, à cultura e à mobilidade, com os jornalistas Jairo Marques e Flávia Cintra, a advogada Thays Martinez e o consultor de inclusão Sérgio Faria Ramos.

 

A programação do evento contemplou um Fórum de Debates a respeito de Adolescência e Juventude, com a temática das drogas. Participaram: Letícia Maria Fossaluza Dutra, gerente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Álcool e Drogas II, de Ermelino Matarazzo; Márcia Crystal, especialista em psicologia educacional; Veridiana Maurelli, biomédica, toxicologista e coordenadora geral do Departamento de Pesquisa e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas da Casa de Isabel; Eli Mendes de Moraes, psicólogo, especialista em Psicopatologias e Dependências Químicas, da Casa de Isabel. A mediação foi de Viviane Hercowtiz, coordenadora do Núcleo Mundo Jovem, da Fundação Tide Setubal.

 

 

Acesso ao livro

 

Outra ação do Festival foi a do Vale-Ler. Para estimular o acesso ao livro, a Fundação Tide Setubal ofereceu 200 tíquetes, cada um deles no valor de R$ 40, para serem trocados por livros na tenda de venda, montada na Praça Morumbizinho. A maior parte dos vales foi entregue a alunos de escolas da região.

 

Uma delas foi a EMEF Padre José de Anchieta. Na tarde de quinta-feira, Tânia Costa Galavotti, assistente de direção, levou um grupo de estudantes para fazer a troca e elogiou a iniciativa. “A doação do vale-ler é uma ação muito significativa, pois reforça o nosso trabalho de estimulo ao hábito da leitura. Vir aqui, exercitar a escolha, ler a contra-capa,trocar idéias com os amigos para ver qual livro levar é participar de um movimento novo e bem interessante para os alunos”, destaca a professora. Wesley da Silva Santos, de 13 anos, ficou animado com os 6 livros que comprou com seu vale. “Peguei livros pra mim e ainda consegui escolher para meus irmãos também”

 

A Feira de Trocas aconteceu em parceria com o Sistema Municipal de Bibliotecas, da Secretaria Municipal de Cultura. Na praça Arquiteto Saia, só no primeiro dia do Festival, Josinéia Palhares trocou três livros. “É muito boa essa ideia. A estante está cheia, mas as crianças querem novas histórias”, explicou. Quem passou pelas praças também pode colher gratuitamente os livros que brotaram das árvores. Esses exemplares foram arrecadados por meio de uma campanha de doações. No total, foram distribuídos 3 mil livros.

 

Ao longo do evento, circularam três bibliotecas sobre rodas: dois ônibus da Secretaria Municipal de Cultura e o caminhão do BiblioSesc. Em frente ao Mercado Municipal, os polvos poéticos declamavam poesias ao pé do ouvido dos transeuntes e os convidavam para conhecer os livros guardados nas estantes do caminhão. “Que maravilha! Nunca vi isso em São Miguel. O bairro fica mais colorido e alegre assim”, disse Ana Pereira Figueiredo, de 83 anos, que prestigiou os artistas enquanto aguardava o ônibus na parada em frente ao Mercadão.


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