Fundação Tide Setubal apoia cursinho pré-vestibular
Parceria com a Comunidade Kolping oferece vaga para 600 alunos em curso preparatório para entrar no Ensino Superior
Muitos jovens que concluíram ou estão prestes a concluir o Ensino Médio recorrem aos cursinhos preparatórios para as provas do Enem e do vestibular. Contudo, as opções voltadas para estudantes em territórios vulneráveis são limitadas e nem sempre têm custo acessível, o que acaba por ampliar ainda mais as desigualdades educacionais entre os jovens brasileiros. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014 apenas 7,6% dos alunos de faculdades públicas do país pertenciam ao quintil mais pobre da população, com renda per capita média de R$ 192 por residência. Por outro lado, os estudantes pertencentes ao grupo dos 20% mais ricos do país, com renda média de R$ 2,9 mil, ocupavam 36,4% das vagas nas universidades públicas.
Pensando nisso, a Fundação Tide Setubal estabeleceu uma parceria com a Comunidade Kolping Nossa Senhora das Graças do Jardim Belém para possibilitar que até 600 alunos de regiões periféricas de São Paulo tenham acesso ao cursinho. “Acreditamos na educação como meio fundamental para romper ciclos de exclusão. Proporcionar o acesso a novas oportunidades em territórios vulneráveis é uma forma de fortalecer os jovens e por consequência o lugar onde vivem, que com eles também se transforma”, afirma Paula Galeano, superintendente da Fundação Tide Setubal.
Como contrapartida para o apoio, a organização do curso pré-vestibular abriu duas turmas no Jardim Lapenna, na Zona Leste de São Paulo, região na qual a Fundação tem um longo histórico de atuação. “O cursinho pré-vestibular era uma demanda recorrente entre os jovens que frequentam o Galpão de Cultura e Cidadania, pois muitos desejam ingressar no Ensino Superior”, diz Wagner Luciano Silva, da Fundação Tide Setubal. “Encorajar o jovem a ir para a faculdade contribui para a redução da vulnerabilidade social de adolescentes e jovens. Apoiar a população no acesso à universidade tem um impacto direto na formação do capital humano do território, pois gera profissionais que irão olhar para a região com outra perspectiva”, diz Wagner.
A empolgação dos estudantes impressionou os organizadores. “Ficamos muito felizes de levar novas turmas para o Jardim Lapenna, pois muitos jovens do bairro querem as aulas, mas não poderiam frequentar as turmas de outros locais”, diz Ademir Gomes Peres, coordenador do cursinho da Comunidade Kolping Nossa Senhora das Graças do Jardim Belém. “Fazer faculdade muda não só a vida do aluno, mas também de sua família e da comunidade, pois além de normalmente garantir melhor remuneração, o Ensino Superior amplia as perspectivas de vida e abre a cabeça dos jovens”, diz Ademir. A Comunidade Kolping Nossa Senhora das Graças do Jardim Belém oferece cursos pré-vestibular populares desde 2001, e tem turmas também no Jardim Helena, Ermelino Matarazzo, Cangaíba e Santo Amaro.
Em 2017, duas turmas foram abertas no Jardim Lapenna, totalizando setenta alunos, e as aulas acontecem aos sábados, no Galpão. O curso é gratuito e os alunos pagam por parte do material didático, que é subsidiado e conta com metodologia da CPV.
No dia 18 de março, início das aulas no território, os alunos conheceram seus professores e já começaram a revisar ou aprender conteúdos. Dentre as pessoas matriculadas, estavam não só estudantes do Ensino Médio regular como também alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e pessoas que concluíram os estudos algum tempo atrás. Mesmo com os perfis variados, todos têm o mesmo objetivo, ingressar no Ensino Superior. “Meu sonho é ter uma boa formação profissional, onde eu tenha condições de passar os meus conhecimentos para mais pessoas”, diz Maria Barbosa, de 38 anos. Se depender do cursinho, ela será bem-vinda. Muitos dos professores são ex-alunos que querem dar aos outros a oportunidade que tiveram.