Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Fundação Tide Setubal lança sistematização de metodologia de seu trabalho com famílias durante a 9ª edição do Congresso Gife
A publicação Famílias e Conexões Territoriais, uma experiência no enfrentamento das desigualdades na zona leste de São Paulo foi lançada no último dia 30 de março, durante o 9ºCongresso Gife. O livro sistematiza a experiência de nove anos de trabalho do Programa Ação Família em São Miguel Paulista que tem como objetivo fortalecer as famílias […]
“Sentimos que era chegada a hora de sistematizar o conhecimento, as experiências, as estratégias de atuação e os aprendizados acumulados no território”, explica Maria Alice Setubal, presidente da Fundação. Além da história e da trajetória do programa, o livro vem acompanhado de um Guia para o Desenvolvimento de Reuniões Socioeducativas, principal estratégia de trabalho com as famílias (Para download, acesse: www.fundacaotidesetubal.org.br/downloads/publicacoes).
Durante o encontro de lançamento, aconteceu uma roda de conversa sobre o trabalho social com famílias. Participaram do debate Maria Alice Setubal, presidente da Fundação, Paula Galeano, superintendente da Fundação, Maria do Carmo Brant de Carvalho, secretária adjunta técnica do Desenvolvimento Social, que representou o secretário Floriano Pesaro e Antonio Gomes Batista, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária.
Trabalho social e metodologia
“Esse é um projeto que começou, praticamente, com a Fundação e foi se ajustando de acordo com as diferentes necessidades que encontramos na região. Trabalhamos muito a questão da equidade, sempre com o olhar e a escuta voltados para o território. Nós não vamos avançar se não tivermos um trabalho específico para a realidade local. O território importa, não adianta a mesma política do Oiapoque ao Chuí”, destaca conta Maria Alice Setubal.
A escuta qualificada e o diálogo também são princípios das reuniões socioeducativas, coração do programa e tema principal do Guia que acompanha a publicação. “Um dos grandes desafios é incentivar a participação das famílias, além de transformar reclamações em demandas. As reuniões socioeducativas possuem caráter formativo e informativo e proporcionam contato com as temáticas, conteúdos e reflexões que se relacionam diretamente com o cotidiano das famílias e da comunidade. O trabalho consegue mediar esses sentimentos e transformá-los em ações mais propositivas”.
Para Maria do Carmo Brant de Carvalho, secretária adjunta técnica do Desenvolvimento Social Trabalhar com as famílias é empoderá-las, é fazer com rompam as travas das desigualdades existentes no País, mas não basta somente isso. “É preciso trabalhar o território. Trazer o território para trabalhar suas famílias em situação de vulnerabilidade. Temos que apostar na força das famílias. Eu sou família, mas quero saber como nós somos família. Assim descobriremos quais são as nossas possibilidades”.
Antonio Gomes Batista, coordenador de pesquisa do Cenpec, abordou a relação das famílias vulneráveis com a escola e também com a educação dos filhos e destacou que ainda existem poucos estudos sobre o tema. “Um discurso muito comum é que essas famílias são omissas com relação a educação de seus filhos e isso não corresponde à realidade.” Segundo Batista, o investimento da classe média é recorrente, exige planejamento a longo prazo. Já as famílias mais vulneráveis adotam o planejamento tático, e planejam a curto prazo.
“As famílias de classe média fazem grandes investimentos na educação de seus filhos, já famílias com menor poder aquisitivo, fazem grandes sacrifícios ou esforços educativos”. E continua. “A mãe senta com o filho para ajudá-lo no dever de casa, mas muitas vezes não sabem ler. Elas fazem uma ação sem técnica que não aparece nas pesquisas como esforço, mas para essas mães fazerem os filhos estudarem e terem melhores oportunidades na vida é um esforço”, finaliza.