Fundação Tide Setubal realiza VIII Encontro da Cultura Hip Hop e Aliados São Miguel Paulista
Pelo oitavo ano consecutivo, a Fundação Tide Setubal promoveu em abril, o VIII Encontro de Cultura Hip Hop e Aliados, em parceria com os coletivos de São Miguel Paulista. O evento reuniu todos os elementos do Hip Hop e o público pode assistir a apresentações de Rap, Break, MCs, Djs, B-Boys e Graffiti. Entre os […]
Pelo oitavo ano consecutivo, a Fundação Tide Setubal promoveu em abril, o VIII Encontro de Cultura Hip Hop e Aliados, em parceria com os coletivos de São Miguel Paulista. O evento reuniu todos os elementos do Hip Hop e o público pode assistir a apresentações de Rap, Break, MCs, Djs, B-Boys e Graffiti. Entre os convidados estavam os grafiteiros RV, Manulo, Alex Chuck, Xyrox, Ozi, Galo, Feik, Robson Bó, Emah Oli da zona sul e Sapiens Questione da Zona Norte.
A discotecagem ficou por conta dos Djs Elvis e Negrito. O Encontro também contou com a presença dos Bboy Ninjinha, Dory Oliveira, grupo Primeiramente, Dragões de Komodo e do rapper Rapadura (vindo de Brasília). E ainda com a participação especial do Sarau da Cozinha com o Coletivo Marginaliaria e sarau do MAP(Movimento Aliança da Praça).
“Hoje o Encontro de Hip Hop se tornou referência no bairro, e posso dizer que é um dos principais eventos que acontece em São Miguel. A cada ano, cresce a presença de articuladores locais, diz Andrew Candido, que pertence ao coletivo literatura periférica e Marginaliaria. Na opinião de Fernando RV, grafiteiro e M.C, que participa desde o primeiro encontro, “a tentativa de colocar todas as linguagens juntas e algo que aos poucos esta ajudando a construir a identidade de São Miguel”.
Este ano o evento realizou também a exibição do documentário “Cidade Cinza”, dos diretores Marcelo Mesquita e Guilherme Valiengo. O filme retrata a relação da cidade de São Paulo com a arte de rua. Após a exibição, ocorreu uma roda de conversa com Sergio Franco, sociólogo e pesquisador da Cultura Hip Hop. Para Franco, a arte que nasce na periferia nada mais é do que a expressão do processo democrático que da visibilidade e voz as produções do território. “Hoje, por exemplo, o graffiti dialoga com a população e geralmente são formas de expressão que revelam a origem de seus artistas e trazem, em suas linhas, reivindicações locais quase invisíveis para o poder publico”.
Uma das grandes atrações do evento foi o rapper RAPadura que encerrou o Encontro com um show empolgante. “Somente vou embora depois do show do Rapadura”, disse Bianca Fina Silva ao amigo que tentava ir para casa.
Nascido no Ceará, o rapper conheceu a cultura hip hop em 1998, mas foi em 2004 que começou a arriscar as primeiras rimas. “No início, meus pais não gostavam, achavam que era coisa de marginal e me proibiam de ouvir. Um dia decidi criar um rap positivo, mostrando as minhas raízes nordestinas. Comecei a misturar vários elementos como sanfona, literatura de cordel, dentre outros. Ganhei a confiança dos meus pais e virei motivo de orgulho, pois fiz um vídeo e minha mãe saiu mostrando para as amigas. Entretanto, o pessoal do movimento me olhava como se eu fosse um extraterrestre, brinca RAPadura. O músico chegava no show com chapéu de palha e chinelos, o que causava um estranhamento. “Mas hoje em dia sou muito respeitado”, diz RAPadura.
“Eu não conhecia as músicas dele. Logo quando entrou no palco fiquei surpreso. Afinal não é todo dia que ouço rap misturado com maracatu”, contou Lucas Laureano Lima que pela primeira vez participou do encontro. “Este já é o terceiro encontro que participo, achei ótima a iniciativa, temos poucas oportunidades culturais por aqui. E ano que vem estarei, aqui, novamente”, conclui Bianca.