Grupos teatrais da ZL participam de formação em cenografia e figurino
Cerca de vinte integrantes de grupos teatrais e artísticos da zona leste e interessados em geral se reuniram semanalmente desde abril para apreender os principais fundamentos teóricos e técnicos das áreas de cenografia e de figurino. Eles participam de uma nova formação teatral proposta pelo Núcleo de Formação Sociocultural, do Projeto ArteCulturAção, da Fundação Tide […]
Cerca de vinte integrantes de grupos teatrais e artísticos da zona leste e interessados em geral se reuniram semanalmente desde abril para apreender os principais fundamentos teóricos e técnicos das áreas de cenografia e de figurino. Eles participam de uma nova formação teatral proposta pelo Núcleo de Formação Sociocultural, do Projeto ArteCulturAção, da Fundação Tide Setubal: em 2010, além do curso para iniciantes, o Núcleo passou a propor módulos temáticos trimestrais, como sonoplastia e técnica de som; dramaturgia; figurino; iluminação; e cenografia.
Os módulos de cenografia e figurino culminarão com uma mostra dos trabalhos dos alunos no dia 1º de julho, no CDC Tide Setubal. A avaliação do coordenador, educadores e educandos é de que esta iniciativa está colaborando para o desenvolvimento do trabalho dos grupos locais. A estrutura modular foi proposta para permitir o aperfeiçoamento dos participantes em diversas linguagens. “Com as formações, procuramos estabelecer uma relação com os coletivos que trabalham aqui e pensam em produzir arte para a região”, comenta Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador ArteCulturAção. Ele lembra que o módulo permite o desenvolvimento da habilidade técnica e, ao mesmo tempo, gera reflexão sobre a arte e o território.
Para Júlio Dojcsar, grafiteiro e cenógrafo, responsável pelo módulo de cenografia, a contribuição do curso é levar os grupos a pensarem mais sobre o seu fazer. “A formação técnica ocorre em um curto período, mas já dá para o participante se identificar ou não com a área. Além disso, ele começa a ‘filosofar’ e a pensar um espaço cênico”. Silvana Marcondes, figurinista e educadora do módulo de figurino, explica que a formação dá aos grupos ferramentas para que comecem a elaborar seu figurino dentro das possibilidades econômicas e da sua proposta artística. “Apresentei os diferentes estilos de roupa, tipos de corte e tecidos, acabamentos de costura e reservei uma parte para a proporção corporal. A partir daí, eles vão poder desenhar seus figurinos”, relata.
Espacialidade, figurino e história
Participaram desse módulo dois integrantes da Trupe Arruacirco, do Itaim Paulista, um deles no módulo de cenografia e outro no de figurino. Para Daniel Marques, da Trupe, as aulas de cenografia têm ajudado a entender mais sobre espacialidade. “Não é somente ter um cenário, mas como ocupar um espaço, como trabalhar com espaço alternativo, como desvendar os signos”, comenta.
Também da Arruacirco, Jô Freitas lembra que aprendeu a aproveitar os recursos disponíveis para criar um cenário. “Podemos criar um reino com alguns elementos, utilizando, por exemplo, sucata. O mais importante é passar a sensação”, complementa Daniel, que levará as reflexões do curso para o processo criativo do grupo.
Daniela Oliveira, do grupo Cria de Gonzaga, de São Miguel, foi escalada pelo coletivo para montar o figurino do próximo trabalho. “No curso, pude conhecer mais sobre tecidos. Também tinha dificuldade de desenhar e agora já consigo colocar minhas ideias no papel”. Anderson Black também pretende levar as lições para sua atuação em grupos artísticos da região, como o Homens da Caverna. “A idéia é ter mais arsenal para aprimorar a nossa linguagem e a nossa prática”. Com a mesma intenção, o músico Zulu de Arrebatá se inscreveu nos módulos de cenografia e figurino. “Os novos aprendizados me ajudaram a pensar no cenário dos shows e também no meu recente projeto relacionado à contação de histórias”.
Enquanto alguns alunos pensam na prática artística, Rita Gandek levou um pouco do aprendizado sobre história do teatro para seus alunos da Escola Estadual Armando Gomes de Araújo, no Itaim Paulista. “Gostei muito da introdução histórica e da vivência”.
Daniel, da Arruacirco, apreciou a intensidade da experiência. “Fico surpreso de, em três meses, ter feito tanta coisa. Rendeu teoricamente e na prática”, relata. “É importante utilizar a cenografia para falar de um contexto que está bem próximo da gente”, comenta Jô. Ela ressalta ainda que, como na região, não há muitas formações nesta área, os interessados frequentemente precisam procurá-las no Centro.
Mostra no CDC
No dia 1° de julho, a partir das 19 horas, será realizada uma mostra dos trabalhos dos grupos dos módulos teatrais. O pessoal de cenografia apresentará as instalações de 3m x 3m, que retratam a zona leste nos anos 50 e 80. O público poderá entrar nos dois espaços criados pela turma. Já os alunos de figurino vão mostrar as roupas desenhadas para as famílias que viviam nessas duas épocas. O evento acontece no CDC Tide Setubal, R. Mário Dallari, 170, no Jd. São Vicente, em São Miguel Paulista