Homenagem de Maria Alice Setubal a seu pai
Discurso da presidente da Fundação Tide Setubal, Maria Alice Setubal, durante a missa de sétimo dia de seu pai, Olavo Egydio Setubal, na Catedral da Sé, dia 2/9/08.
Paulo, Olavo, Roberto, José Luiz, Alfredo, Ricardo e eu, Maria Alice, tivemos o privilégio de ter Olavo Setubal como pai. Homem público, trabalhador incansável, muitas vezes não foi fácil dividi-lo com outras pessoas, tarefas, compromissos, viagens. Contudo, apesar de uma agenda lotada, sempre pudemos contar com seu apoio incondicional, estendendo-nos sua mão firme, tanto nos momentos difíceis como nas grandes alegrias e conquistas que alcançamos.
Sabemos que, para muitos presentes nessa cerimônia, ele também foi um grande pai, um amigo, um chefe admirado, uma referência, e por isso compartilhamos nossa dor com todas essas pessoas. Com sua morte, reportagens, artigos e editoriais reverenciaram a trajetória de sua vida e para nós, seus filhos, e para Daisy, sua esposa, foi uma alegria e uma honra vê-lo tão homenageado.
Estamos aqui reunidos nesse templo, símbolo religioso da cidade de São Paulo e tão significativo para meu pai, pois quando ele foi prefeito da cidade, reformou a Praça da Sé e deu especial atenção à Catedral.
Meu pai foi protagonista de uma grande obra, por todos reconhecida, mas sua dimensão humana ultrapassou-a, deixando para nós e para o país um grande exemplo de caráter, ética e coragem. A frase “Olavo Setubal é maior que sua Obra”, dita por um amigo e companheiro de trabalho, reflete os valores que alicerçaram toda sua vida.
Peço licença nessa hora para citar um trecho de uma oração escrita por minha mãe no final de sua vida:
O que importa quando a caminhada chegar ao fim,
Senhor,
É que eu tenha deixado ALGO atrás de mim,
E que as minhas mãos não estejam mais vazias.
Aí sim, minha jornada
Não terá sido em vão.”
Pai, tenho certeza que sua jornada foi fundamental não apenas para nossa família, mas para o Brasil. Você foi daquelas pessoas que fizeram a diferença, deixando-nos um legado inestimável. Uma frase publicada nos jornais da semana passada te rende uma homenagem e ilustra essa idéia: “Ontem morreu um desses homens que não morrem”
Você foi um homem do século XX, como gostava de afirmar; o progresso científico e tecnológico o fascinava assim como a capacidade inovadora e criativa do ser humano. Crescemos ouvindo suas histórias sobre o Egito, a Europa ou os Estados Unidos. O Brasil e seu potencial para tornar-se um país desenvolvido fazia parte de suas crenças e de seus sonhos, os rumos da política e da economia brasileira foram temas constantes de suas conversas até o final de seus dias.
Vivemos um momento em que comportamentos, valores e atitudes são muito voláteis, por isso, um homem como você, que viveu sempre de forma coerente, com valores como: a solidez de princípios; lealdade e generosidade com amigos; coragem na tomada de decisões e exposição de idéias; persistência e tenacidade na busca de seus sonhos; justiça na implementação de ações, marcadas por uma ética inflexível; e amor por sua esposa, seus filhos e seu país, é uma referência e uma inspiração para todos brasileiros.
Pudemos conviver com você nas diferentes fases de sua trajetória: como empresário, como político e, nos últimos anos, quando você pode se dedicar mais intensamente aos seus hobbies como: sua coleção de objetos de arte, as suas grandes paixões, Paris e a casa de Águas da Prata. Esses também foram anos em que você lutou muito por sua saúde, demonstrando mais uma vez sua garra e força de superação. Tenho certeza que você se surpreendeu ao perceber que nós te amávamos de qualquer forma, admirávamos sua grandeza como pessoa, e o que importava era estar com você, vê-lo bem e feliz.
Nós, seus filhos, temos o maior orgulho de seus feitos e de sua vida.
Tê-lo com pai foi um grande privilégio que Deus nos abençoou, e esperamos que Ele nos ilumine para continuar sua obra, norteados pelos valores que você sempre nos ensinou.