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Mais de 30 organizações da sociedade civil lançam coalizão contra desigualdades

Webinario

26 de agosto de 2020
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  1. ABCD (Ação Brasileira de Combate às Desigualdades) promoverá debates e disseminará e apoiará iniciativas que reduzam desigualdades
  2. Criada para diminuir a fragmentação e a dispersão de organizações que já atuam com o mesmo objetivo, rede é comprometida com a diminuição das desigualdades no Brasil
  3. Diferentes organizações brasileiras integram a iniciativa recém-lançada

 

 

Um conjunto de quase 40 organizações da sociedade civil, que atuam com os mais diversos temas e agendas, lançou, em 25 de agosto, a ABCD (Ação Brasileira de Combate às Desigualdades), uma rede nacional comprometida com a redução das diversas desigualdades no Brasil, criada para diminuir a fragmentação e a dispersão de organizações que já atuam com o mesmo objetivo no país, promovendo articulação e parcerias ao redor do tema.

 

Com perfil “ecumênico” e agregador, a coalizão é formada por quase 40 organizações da sociedade civil, coletivos, movimentos sociais, culturais e religiosos, povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, articulações setoriais e instituições acadêmicas.

 

O lançamento oficial aconteceu na noite desta terça, em live transmitida por canais de diversas integrantes da rede, com uma mesa formada por Douglas Belchior (UNEAFRO/Coalizão Negra por Direitos), Maria Sylvia Aparecida de Oliveira (Geledés), Neca Setubal (Fundação Tide Setubal) e Oded Grajew (Oxfam Brasil, Rede Nossa São Paulo, Instituto Ethos).

 

 

Leia aqui o manifesto da ABCD — Ação Brasileira de Combate às Desigualdades

 

 

“A ideia da ABCD é unir esforços para, entre outras coisas, visibilizar, viabilizar e apoiar iniciativas das organizações que integram a rede. Não podemos mais tratar as desigualdades do Brasil como algo natural”, explicou Oded, em sua fala sobre a ABCD, que atuará por meio de ações diversas e complementares. Alguns exemplos são: facilitação e realização de iniciativas complementares ou conjuntas de combate às desigualdades pelas organizações participantes; divulgação de dados e análises para subsidiar o debate sobre esse tema na esfera pública; disseminação de informações em formatos inovadores; e ações culturais de comunicação e mobilização.

 

Criada em momento agudo para a sociedade brasileira, com uma pandemia que acirra e deixa ainda mais evidentes as nossas desigualdades crônicas, o primeiro objetivo da ABCD é incidir na pauta das eleições municipais programadas para novembro, com promoção de debates e disseminação e fortalecimento de iniciativas que reduzam as desigualdades no âmbito municipal. “Saúdo essa iniciativa, que quer provocar a elaboração política macro, com boa vontade de construir esse futuro alternativo”, discursou Douglas Belchior, apoiando-se numa das primeiras ações da frente. “Parte da importância da rede é essa união ao redor da constatação de que as desigualdades foram construídas, são resultado da ação humana, e, portanto, podem ser desconstruídas pela vontade humana também”, completou.

 

Maria Sylvia trouxe a expressão “matriarcado da miséria”, cunhada pelo poeta negro e nordestino Arnaldo Xavier, para designar a experiência histórica das mulheres negras, que estão na ponta das diferentes desigualdades, invariavelmente sendo afetadas por todas elas. “Essa experiência [das mulheres negras] é marcada pela exclusão, discriminação e rejeição social, e mesmo assim o papel de resistência e liderança dessas mulheres continua evidente; basta ver o que acontece nesta pandemia.”

 

Para a rede ABCD, o quadro de desigualdades extremas do Brasil é resultado da estrutura econômica e tributária e de uma série de políticas públicas e ações da sociedade implementadas ao longo do tempo que aprofundaram o quadro e que podem e devem ser desconstruídas. Essa desconstrução passa, por exemplo, por uma nova e equitativa política tributária; aperfeiçoamento do sistema político para ampliar a representatividade de grupos menos representados, como mulheres, negros e povos indígenas; revisão de políticas de austeridade, como o chamado “Teto de Gastos”; garantia de uma política de segurança pública voltada à proteção da vida de todas e todos, entre muitas outras medidas.

 

Segundo Neca Setubal, a sociedade brasileira chegou com muito atraso para o enfrentamento das desigualdades, mas a pandemia trouxe o debate que agora não pode ser mais ignorado. “E não é com ação voluntarista, como Dom Quixote lutando contra o moinho, mas com ações estratégicas, que atuam em todas as questões e passam, principalmente, pelas discussões territoriais, educacionais e tributária”, finalizou.

 

Confira a seguir o lançamento da ABCD e a íntegra da conversa entre os convidados.

 

 


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