Mais moradias dignas, mais melhorias para o território
Escritórios apresentam propostas de habitação de interesse social e escopo das unidades habitacionais por meio do projeto +Lapena Habitar.
Estruturar iniciativas de significativo impacto social e que têm como objetivo melhorar a qualidade de vida da população passa pelo constante diálogo entre quem desenvolve, executa e será beneficiada/o. Essa premissa é o foco do +Lapena Habitar, que tem entre suas ações a implantação de novas unidades habitacionais no bairro. O projeto, realizado pela Fundação Tide Setubal e o BlendLab – associação civil que promove transformações territoriais por meio de operações financeiras híbridas – considera aspectos de desenho urbano e arquitetura, participação social e gestão condominial coletiva, modelo de negócio e financiamento.
Além das unidades habitacionais, o projeto + Lapena Habitar é reflexo da lógica segundo a qual a melhora gradativa e significativa do bairro ocorre a partir da unidade habitacional. Dentro dessa compreensão, pois, pode-se considerar a habitação como um eixo condutor do desenvolvimento de segmentos de bem-estar. Sendo assim, os novos condomínios podem atrair novos investimentos para o bairro. A mesma lógica vale para aumentar a sensação de segurança por meio do uso das fachadas das construções e da ocupação espacial. E, por consequência, favorecer o comércio local.
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Criando bases sólidas
No final de 2022, o projeto abriu uma chamada para escritórios de arquitetura. O foco foi, dessa maneira, ampliar a perspectiva sobre a construção de moradias em territórios periféricos a partir de novas abordagens na concepção de projetos. O evento foi também uma oportunidade para aplicar e explorar parâmetros e diretrizes desenvolvidos em processos participativos com a comunidade do Jardim Lapena. Sendo assim, o foco é ampliar o repertório de possibilidades de produção habitacional no bairro.
Desse modo, a ocupação das unidades habitacionais do +Lapena Habitar será por meio de aluguel. O preço será acessível e priorizará a melhoria das condições de vida em vez do lucro. Uma associação sem fins lucrativos estará responsável pela administração do projeto. A gestão acontecerá de modo coletivo, amplo, representativo e equilibrado.
O ponto central da estrutura administrativa consiste na participação popular e o protagonismo das/os moradoras/es do Jardim Lapena na determinação dos rumos e da organização do espaço.
Os impactos pretendidos por meio da iniciativa têm como objetivo fomentar o bem-estar da população em múltiplas frentes. Por exemplo, para além de aspectos elementares e estruturais, algumas premissas contemplam a possibilidade de residentes poderem trabalhar nos mesmos espaços – em dinâmicas diversas, que contemplam espaços como escritório, salão de beleza, ateliê, entre outros. Dessa maneira, medidas para promoção do convívio comunitário e que contribuam para a segurança local, como facilitar a circulação de pessoas nas ruas e ativar o comércio no território.
Outro segmento contemplado diz respeito à parte infraestrutural. Além de garantir que as unidades habitacionais sejam construídas a partir de parâmetros que reduzam impactos ambientais e que levem em consideração fatores como temperatura, ventilação e possibilitem a queda no consumo de energia elétrica, o projeto deve considerar a redução de custos de moradia e manutenção. Ainda, o estímulo à adoção de boas práticas arquitetônicas para a construção de outras residências no bairro faz parte do projeto.
Por fim, o desenvolvimento das unidades habitacionais tem a dinâmica comunitária como um dos pontos estruturantes. Isso diz respeito, por exemplo, à redução de conflitos entre a vizinhança por meio da gestão e da participação coletiva. Ou seja, a mesma lógica vale para o desenvolvimento dos espaços com foco na integração plena entre quem mora lá. Idem para priorizar a ocupação por moradores do bairro de forma a evitar o risco de segregação socioespacial.
Texto: Amauri Eugênio Jr. / Foto: Vanderson Atalaia