Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Nas telas da TV, da internet ou do cinema, Fernando Bonassi e Jorge da Cunha Lima abordam como as diferentes ferramentas contribuem para a leitura do mundo
Em debate, jornalista e roteirista apontam como experiências e questões sociais ganham luz em meios de comunicação diversos
(Fotos:Veronica Manevy)
A conversa com autores em torno do tema Literatura e Mídia deu um passeio pelas experiências pessoais de Jorge da Cunha Lima, jornalista, presidente do Conselho da Fundação Padre Anchieta e responsável pelo lançamento de programas como Cocoricó e Ilha Rá-Tim- Bum; e Fernando Bonassi, escritor e roteirista de filmes como Cazuza e Carandiru. A mesa contou com mediação do jornalista Daniel Reis.
De uma carta de amor para Marinês, seu amor de infância, Fernando Bonassi descobriu o gosto pela escrita e também o prazer pela leitura. “Eu me achava um cara muito esquisito. E ao colocar no papel a minha história, porque queria contar tudo a Marinês, sentia que conseguia aliviar minhas frustrações”, relembra. Nos livros, encontrou a identificação com outros personagens. “Percebi que havia muito mais gente como eu”.
Na versão de Jorge da Cunha Lima, os livros mostraram coisas diferentes do seu dia a dia e apresentaram pessoas mais humanas. “Eu tinha vergonha de ser rico, de ter mais do que as outras pessoas. E eu me encontrei nos livros. Fui dos livros para as pessoas”.
A experiência de aproximação entre realidades perpassa o trabalho de ambos nas diferentes mídias. Cunha Lima relembra que a idéia do Programa Cocoricó surgiu depois de ouvir o neto de um amigo pedir para dar corda na galinha, porque ela estava parada. “A proposta era mostrar pela TV que esse mundo existe”
O cinema é responsável por trazer a tona questões importantes, na opinião de Bonassi. A TV assumiu o papel de inflá-las. “As discussões de segurança e violência ganham força com Tropa de Elite, por exemplo. O bordão do Capitão Nascimento colocou a violência e a ação policial em pauta. Arte tem o papel de perturbar”. Roteirista de séries como Força Tarefa, da TV Globo, ele complementa. “ A TV sempre me pede algo diferente quando me chamam para um trabalho, mas se for muito diferente, eles não seguram.”
Circulando em outras telas, Cunha Lima vê na internet e nas redes sociais um caldo de informações e conhecimento amplo. “Ao invés de perder tempo decorando, com a internet você pode ver e aprofundar o entendimento. O homem não será aquele que se lembra das coisas, mas aquele que pensa as coisas”