Nova plataforma digital impulsiona conexões entre as periferias e o investimento privado
Por Daniel Cerqueira e Iran Santos Silva Cada vez mais as periferias têm se tornado um eixo central da economia do país. São milhares de projetos, coletivos, movimentos sociais e de empreendedorismo que surgem e se fortalecem nos territórios. Por isso, lançar instrumentos que fomentem esses negócios e fazer a ponte entre os […]
Por Daniel Cerqueira e Iran Santos Silva
Cada vez mais as periferias têm se tornado um eixo central da economia do país. São milhares de projetos, coletivos, movimentos sociais e de empreendedorismo que surgem e se fortalecem nos territórios. Por isso, lançar instrumentos que fomentem esses negócios e fazer a ponte entre os investidores e as potências é o desafio lançado pela Rede Potências Periféricas por intermédio da sua nova plataforma digital, a Plataforma Potências Periféricas.
Nos últimos anos pôde-se perceber a existência de um eixo em ascensão na economia, o qual está voltado para questões socioambientais e mais preocupado não apenas com o produto ou serviço oferecido e com o lucro, mas também com os legados que essas atividades deixarão, como, a preocupação com formas mais ecológicas, sustentáveis e descentralizadas de movimentar a economia. Isso tudo está relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
A rede e a plataforma buscam, como ferramentas, conectar e promover interações para o desenvolvimento de projetos, negócios, organizações ou pessoas, com um novo entendimento e olhar para a economia, ao pensá-la de forma mais justa, igualitária, solidária e humanizada. A iniciativa visa, ainda, por meio do empoderamento das periferias, organizar a economia em harmonia com a natureza, ao fugir da lógica predatória que promove desigualdades, como é observado no modelo vigente.
Bernardo Carvalho, gestor de comunicação e mobilização da Rede Potências Periféricas e da plataforma, conta que a ferramenta era desejada desde 2018, quando o grupo começou a atuar. “Era um sonho nosso desenvolver uma tecnologia social feita pela e para as periferias. É importante para nós termos esse tipo de protagonismo.”
Wagner Silva (Guiné), coordenador de Fomento a Agentes e Causas da Fundação Tide Setubal, entusiasma-se com a criação porque considera que se trata de um novo e importante passo para a Rede Potências Periféricas, parceira da Fundação desde 2019. “A rede trabalha nessa ideia de criar conexões entre as potências periféricas e o investimento social privado e a plataforma é uma nova ferramenta para facilitar os encontros”.
Um encontro que conecta
A Plataforma Potências Periféricas conecta ideias, pessoas, organizações, instituições e negócios, fazendo trocas entre iniciativas periféricas e doadores/investidores, ao buscar desenvolver a independência e revigorar essas iniciativas.
Financiada num primeiro momento pelo Fundo Bis, do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife), grupo organizado da sociedade civil para estimular a cultura da doação no Brasil, a Plataforma Potências Periféricas é resultado do trabalho colaborativo entre diferentes organizações com o mesmo ideal e intuito: dar visibilidade às periferias do Brasil, incentivar o desenvolvimento pessoal e profissional nos espaços periféricos e tornar acessível o encontro e interação entre doadores e donatários. A iniciativa conta com a participação da Fundação Tide Setubal, Instituto Jatobás e Fundação ABH e com cooperação da L9 Estúdio Criativo.
Ela beneficia as potências e os doadores porque dá mais visibilidade, organiza as informações sobre cada iniciativa, suas conexões, recomendações e facilita a interrelação entre os dois grupos. O projeto torna mais pragmático para os investidores o processo para encontrar projetos, iniciativas, coletivos ou instituições que comungam dos mesmos ideais e tenham projetos que sigam a mesma linha de raciocínio e preocupação, ao promover melhorias no diálogo e nas trocas de experiências.
Para a sua criação foram ouvidas 90 potências e 30 investidores que puderam fomentar a estruturação do projeto. “A ideia da plataforma atraiu os investidores por, em primeiro lugar, mapear as potências periféricas como nunca se fez”, diz Bernardo. Ele considera também que isso acontece “porque oferece dados para ambos os lados que antes eram difíceis de acessar. Além de mapear, o nosso cadastro e os campos de filtro fornecem uma big data única em termos de periferia”.
Guiné ressalta a sua importância ao recordar da própria experiência da Fundação nos últimos anos com os lançamentos de vários editais voltados às periferias. “A nossas experiências mostraram que existe uma demanda periférica muito ampla no país todo. A plataforma pode ser uma oportunidade para elas se organizarem e tornarem visíveis seus trabalhos para outras fundações, institutos e empresas.”
Em fase de testes, conta com 25 potências inscritas e quatro investidores, que já começaram a conversar entre si. Como lembra o gestor de comunicação da Plataforma, ela é um encontro virtual, mas “é também a ideia da gente tomar um café e, descontraidamente, ir se conhecendo e, assim, ir trocando ideias do que pode ser feito.”
Iniciativas como essa são extremamente necessárias, pois se a ideia for mudar a cara do país, é necessário acreditar e incentivar a educação, ciência, saúde, arte e economias solidárias descentralizadas, que contribuem para o processo de empoderamento, emancipação e protagonismo das áreas periféricas.
Saiba mais sobre a Rede Potências Periféricas
A Rede Potências Periféricas é uma rede cívica e social, formada por mulheres e homens, trans ou cis, que organizam sistemas produtivos culturais, sociais, solidárias e econômicas em torno da cidade de São Paulo e do Brasil. Ela foi fundada em 2018 e se propõe a estabelecer comunicação e criar espaços para transações horizontais entre lideranças das periferias, organizações, movimentos sociais, empreendedores e financiadores.
Acesse as páginas da Rede Potências Períféricas no LinkedIn, Instagram e Facebook para saber mais detalhes sobre a sua atuação.