Pesquisa analisa a atuação de iniciativas voltadas ao desenvolvimento territorial solidário
Pesquisa 'Desenvolvimento Territorial Solidário' mostra investigação de organizações que atuam na promoção do desenvolvimento solidário dos territórios onde estão inseridas


Quais são os horizontes que o desenvolvimento territorial solidário apresenta quando se fala em novos modelos econômicos? E o que as iniciativas de origem periférica têm a ensinar no que diz respeito a engajamento da comunidade e geração de renda para além da narrativa empreendedora?
Pois bem, estes questionamentos dialogam com a premissa da pesquisa Desenvolvimento Territorial Solidário – Lições Aprendidas nas Periferias Urbanas Sobre a Potente Articulação Entre Economia Solidária, Agroecologia e Educação Transformadora.
Com coprodução da Fundação Tide Setubal e do Instituto Paul Singer, o levantamento consistiu, entre dezembro de 2023 e abril de 2024, em visitas a cinco cidades para identificar iniciativas voltadas ao desenvolvimento territorial solidário. A saber: São Paulo (SP), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Salvador (BA) e Maricá (RJ).
Ao passo que há quatro capitais, a escolha por Maricá deveu-se, segundo explicação no estudo, pelo fato de a cidade “acolher uma experiência marcante no âmbito das políticas públicas, sendo um campo de investigação voltado para o papel do Estado na promoção de ações de desenvolvimento local.”
Após essa etapa, o desenvolvimento da pesquisa Desenvolvimento Territorial Solidário contou também com dois ciclos de debates. Nesse sentido, um dos encontros ocorreu de modo virtual, enquanto a outra reunião foi presencial, em São Paulo. Desse modo, os encontros consistiram na apresentação dos resultados da pesquisa.
A equipe que desenvolveu a pesquisa Desenvolvimento Territorial Solidário – Lições Aprendidas nas Periferias Urbanas Sobre a Potente Articulação Entre Economia Solidária, Agroecologia e Educação Transformadora mapeou 78 iniciativas, em todo o Brasil, com atuação rural e urbana. Na sequência, as visitas para a elaboração do estudo concentraram-se em 23 experiências com esse perfil.
Sobre os aprendizados
Durante a atividade de lançamento dos resultados da pesquisa, Marcelo Gomes Justo, diretor executivo do Instituto Paul Singer, falou sobre o desenvolvimento da pesquisa. Sua explicação passou também pela convergência do projeto com o trabalho da Fundação Tide Setubal quanto à centralidade territorial, ao associá-la com a perspectiva do desenvolvimento solidário.
“A pesquisa é a primeira sistematização de um acúmulo de construção do legado que trazemos no nome [do Instituto Paul Singer], visando outro projeto de país que passa por um trabalho associado, autogerido, que pode realizar o ser humano e o religa ao meio ambiente e a um sistema alimentar baseado no modo de vida de agricultores familiares e comunidades tradicionais. É uma educação para a formação de um ser humano integral e capaz de analisar a realidade coletivamente e transformá-la”, explica.
Essa pesquisa pretende dialogar com a perspectiva adotada pela Fundação segundo a qual o território importa para a atuação e o desenvolvimento de projetos. Assim sendo, Mariana Almeida, diretora executiva da Fundação, relatou, na mesma atividade, que a pesquisa mostra que a produção econômica nas periferias pode ir além da acumulação do lucro – pode ser um fator importante, mas não o principal.
“O trabalho desta pesquisa é mostrar que há, nas periferias, outras coisas que movem, seja pela própria sobrevivência ou pelo próprio conceito de solidariedade que, em situações de mais escassez, acaba sendo premente. As experiências da economia solidária não se restringem ao ato de concentração de renda, ainda que isso motive uma primeira junção ou conexão. O senso de comunidade e de ação em torno do fazer público é visível em todas as experiências”, destaca.
Na íntegra
Acesse e baixe a pesquisa Desenvolvimento Territorial Solidário – Lições Aprendidas nas Periferias Urbanas Sobre a Potente Articulação Entre Economia Solidária, Agroecologia e Educação Transformadora e baixe-a para conferir os pontos principais do estudo.
Por fim, saiba também quais territórios as organizações mapeadas desejam para as próximas gerações, idem os sonhos e quais transformações são necessárias para essa realidade se concretizar.