Primeira edição de projeto Vozes Urbanas traz debates sobre desigualdades e periferias
Em maio, a Fundação Tide Setubal deu início ao projeto Vozes Urbanas, com debates realizados de forma itinerante por diferentes pontos de São Paulo, propondo reflexões sobre desigualdades e suas diferentes formas. “O Vozes Urbanas é um espaço de diálogo permanente sobre algumas temáticas que são importantes para a Fundação. Seu formato conta com encontros […]
Em maio, a Fundação Tide Setubal deu início ao projeto Vozes Urbanas, com debates realizados de forma itinerante por diferentes pontos de São Paulo, propondo reflexões sobre desigualdades e suas diferentes formas. “O Vozes Urbanas é um espaço de diálogo permanente sobre algumas temáticas que são importantes para a Fundação. Seu formato conta com encontros regulares porque o tema das desigualdades socioespaciais, central para a nossa atuação por relacionar-se com nossa missão, é complexo e envolve diversos outros subtemas transversais e fundamentais para o combate às desigualdades, como a questão racial, a importância das periferias, o empoderamento feminino e o empreendedorismo”, explica Handemba Mutana, coordenador de ação macropolítica da Fundação Tide Setubal.
Com o nome “Desigualdades nas cidades, por que esse tema importa?”, a primeira roda de debates aconteceu no dia 2 de maio no espaço Cívico, em Pinheiros, e contou com a presença de Teresa Caldeira, antropóloga e urbanista, professora titular, chefe do Departamento de Planejamento Urbano e Regional e codiretora do programa Global Metropolitan Studies, na Universidade da Califórnia, Berkeley; e de Eliana Sousa Silva, diretora e fundadora da Redes de Desenvolvimento da Maré, do Rio de Janeiro, graduada em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em educação e doutorado em serviço social. A conversa teve mediação de Haroldo Torres, sócio da Din4mo e consultor da Fundação Tide Setubal.
Paula Galeano, superintendente da Fundação Tide Setubal, destacou na abertura do evento que “com o espaço que inauguramos aqui hoje, pretende criar pontes, diálogos e conteúdo, gerando novas perspectivas para políticas sociais voltadas para as periferias urbanas e situando essa discussão para além da conjuntura política”.
Durante sua fala, Tereza Caldeira abordou as transformações urbanas vivenciadas pelas periferias nas últimas décadas, que mudaram padrões de desigualdades. “Não dá mais pra falar da periferia no singular, a gente tem que falar de periferias, porque hoje elas estão muito heterogêneas. O espaço urbano mudou, as formas de desigualdade estão mudando. O que acontece hoje é o que chamamos de urbanização periférica, que é um certo modo de produzir os espaços de pobreza não só em São Paulo, como em várias cidades do sul global, onde os próprios moradores vão construir suas casas”, explicou.
Eliana Souza Silva, por sua vez, trouxe à roda a perspectiva de sua experiência na Maré, e os desafios para que o território fosse reconhecido como parte integrante do Rio de Janeiro. “Até a década de 1990, as favelas não apareciam no mapa da cidade, eram só um espaço em branco. Você não existir no mapa é muito simbólico, afinal, se não existe nem no mapa, como o poder público vai pensar em você na hora de fazer políticas públicas?”, questionou.
Durante o debate, que foi transmitido em tempo real na página da Fundação Tide Setubal no Facebook, as pessoas que participaram presencialmente ou a distância puderam fazer perguntas, que foram respondidas após as falas iniciais das palestrantes.
O público, composto por pessoas de perfis variados, como estudantes universitários, funcionários de organizações da sociedade civil e do poder público, aprovou o debate. Josenilde da Silva Souza, estudante de sociologia, mora na região de Parelheiros e ficou impressionada com o nível dos palestrantes. “Tenho contato com a parte teórica de teologia na faculdade, mas ouvir na prática as experiências das pesquisadoras foi muito bom”.
A arquiteta Priscila Akiyama, tem interesse pelo tema das desigualdades sociais e achou o debate rico em informações. “É um tema que precisa muito ser explorado, pois tem uma pluralidade de opiniões e vivencias. Não existe uma forma de pensar a desigualdade, são várias, então o quanto mais discutirmos, melhor”.
A próxima edição do Vozes Urbanas acontecerá no dia 6 de junho e terá o tema “Mulheres: ações para equidade de gênero e empoderamento econômico”. Em breve, serão divulgadas mais informações.