Fundação Tide Setubal
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Quem venceu a maratona de inovação no Galpão ZL?

Programas de influência

12 de dezembro de 2019
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Por Bianca Pyl / Colaboração: Amauri Eugênio Jr. / Fotos: Paulo Pereira

 

 

Entre 30 de novembro e 1º de dezembro, 135 pessoas participaram do hackathon, maratona tecnológica realizada no Galpão ZL, núcleo de prática local da Fundação Tide Setubal situado no Jardim Lapena, na zona leste de São Paulo. Durante o evento de 48 horas de duração, os envolvidos foram divididos em 15 grupos – cada um deles desenvolveu um projeto que visava proporcionar soluções para o Jardim Lapena.

 

A banca avaliadora dos projetos foi composta por  Aline Mamede Alvarenga, da Fundação Telefônica Vivo; Daiane Almeida, consultora de empreendedorismo de impacto; Daniela Getlinger, professora da FAU-Mackenzie; Kamila Camilo, do Global Shapers Community e Fórum Econômico Mundial; e Luis Fernando Guggenberger, do Instituto Vedacit. “A banca seguiu a proposta da Fundação Tide Setubal de valorizar projetos que olhavam para o território, além da originalidade da ideia e outros pontos do regulamento”, explica Aline Mamede.

 

SAIBA AQUI COMO FOI A PRIMEIRA PARTE DO HACKATHON

 

 

Para Guggenberger, havia disparidade entre os grupos, com pessoas que já estavam empreendendo e quem era “marinheiro de primeira viagem”. “Valorizamos as ideias e a originalidade e não olhamos o grau de maturidade do time para executar o projeto. O desafio agora é o Galpão criar conexões entre os empreendedores, mesmo entre quem não venceu”, explica.

 

Karla Moura, 32, veio da região do Jabaquara, zona sul, para elaborar um projeto que tivesse como foco melhorar a estrutura das moradias – ela atua há nove anos na área de construção civil. Ela e o grupo fizeram o ConstruLab e levaram o prêmio de R$ 10 mil e o projeto será incubado no Galpão ZL. “Esse é um problema comum nas periferias: as casas precisam de reparos, mas as pessoas não têm como fazê-lo na maioria das vezes. O nosso aplicativo ajudará quem precisa reformar e também [auxiliar] quem quer gerar renda trabalhando na área. Estou muito feliz por saber que o projeto pode impactar a vida das pessoas”, relata.

 

Participante do hackathon durante o desenvolvimento de projeto (Paulo Pereira)

 

 

O projeto Eu que Fiz, que também levou o prêmio de R$ 10 mil, tem como ideia trabalhar com crianças para que elas ajudem no engajamento voltado ao cumprimento o plano de bairro do Jardim Lapena, explica Diego Rocha do Prado, 22, morador de São Miguel Paulista. “Começamos a estudar o plano de bairro, vimos que o engajamento da comunidade era uma questão importante e pensamos nas crianças como [parte importante da] estratégia justamente para engajar toda a comunidade. Pensamos nelas também como futuro e queremos criar uma cultura de engajamento”, conta. “Sabemos que o trabalho é árduo, mas vamos implementar. Se esse bairro fosse meu, eu teria todas as esperanças. Quem melhor para mudar o bairro do que as nossas crianças?”, questiona Diego.

 

O terceiro premiado foi o projeto Circuito de Memória, que pretende coletar memórias afetivas dos moradores do bairro e fazer um mapeamento de pontos importantes na região. “Queremos fazer uma aproximação da população com o local, uma escuta ativa da população, valorizar as histórias afetivas das pessoas e mostrar os pontos turísticos do bairro”, relata Rosimeire Toledo, que ajudou a idealizar o projeto. Os integrantes do colegiado do plano de bairro do Jardim Lapenna serão os mediadores. O projeto irá resultar em um aplicativo com as histórias coletadas dos locais – o visitante pode acessar fotos e vídeos do local, e inserir as suas histórias no aplicativo.

 

Muitos dos projetos apresentados, mesmo não recebendo a premiação, são possíveis de serem executados por meio de parcerias e conexões com redes. “Muitos projetos são viáveis e não precisam do dinheiro para começar. Eu estava na banca do ano passado e deu para ver um amadurecimento dos projetos, principalmente na viabilidade. Quando os projetos saem daqui e vão para as ruas do bairro e a comunidade começa a ver as coisas acontecerem, com o hackathon impactando na vida dela, isso gera curiosidade, um sistema que se reatroalimenta, e as pessoas podem se interessar em criar as soluções elas mesmas”, avalia Daiane Almeida, da banca avaliadora.

 

De acordo com Greta Salvi, coordenadora de inovação e empreendedorismo da Fundação Tide Setubal, os projetos apresentados nesta edição têm mais chances de sair do papel porque as pessoas do bairro e região estão envolvidas. “Isso é um ganho muito grande que nós temos de realizar o Hackathon aqui, fortalecendo o território e a atuação do Galpão ZL com essa agenda de inovação e empreendedorismo que nós temos”, avalia.

 

Greta Salvi (Paulo Pereira)

 

 

Participantes da primeira edição voltaram na segunda

 

Erick Gustavo Cardoso de Aguiar, 14, era o mais jovem da turma que participou do hackathon e veio acompanhado da mãe, Susicleide Cardoso de Aguiar, 49. E esse foi o segundo ano da dupla no Hackathon da Inova ZL. “Ano passado eu cheguei sem esperar muita coisa e saí com muito aprendizado. O grupo do qual eu fiz parte não ganhou o prêmio, mas aprendi tanto, abri a minha mente e valeu muito a pena. Voltei pela experiência porque eu ganhei tanto aprendizado e me sinto mais à vontade para opinar”, relatou Erick.

 

Susicleide contou que abriu mão de fazer uma feira no fim de semana do evento – e que geraria renda para a família – justamente por entender  como é importante para o filho frequentar esses espaços. “Eu nem sei direito o que é hackathon, mas desde o evento do ano passado notei uma grande diferença no comportamento de Erick. Ele passou a ter mais autonomia, criou as próprias metas e agora ele consegue falar até essa linguagem [da tecnologia]. Isso para mim não tem preço e é muito gratificante ver a evolução e o caminhar dele”, detalhou a mãe.

 

Banca durante a apresentação e avaliação de projetos (Paulo Pereira)

 

 

Outra pessoa que retornou ao hackathon foi Laís Marinho da Silva, integrante do grupo vencedor de 2018 com o projeto Ajudaí, que oferece aulas de reforço de matemática para alunos do 3º ano do Ensino Médio e que visa estimular que estudantes prestem vestibulares. “Ano passado eu vim por curiosidade mesmo e não tinha ideia do que seria. Mas retornei agora porque o projeto Ajudaí precisa continuar e as escolas precisam muito de apoio. A gente vê que os estudantes estão ávidos por buscar conhecimento, mas não encontram eventos na cidade para eles. Faltam orientação e debates”, relata.

 

O objetivo para o Ajudaí é atender mais uma escola do Jardim Lapena e ampliar a quantidade de alunos. O projeto precisa de voluntários para dar aulas no contraturno. Interessados e potenciais voluntários podem escrever para ajudaiprojeto@gmail.com para saber como poderão ajudar o projeto.


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