“Sociedade, democracia e desenvolvimento”
É preciso novo olhar em temas da agenda pública O Brasil inicia um momento decisivo. Para todos que acreditamos na política democrática para a construção de rumos coletivos, é central a importância dessas eleições para as nossas possibilidades de superar as crises dos últimos anos. São muitas as frentes de renovação a nos desafiar […]
É preciso novo olhar em temas da agenda pública
O Brasil inicia um momento decisivo. Para todos que acreditamos na política democrática para a construção de rumos coletivos, é central a importância dessas eleições para as nossas possibilidades de superar as crises dos últimos anos. São muitas as frentes de renovação a nos desafiar e não temos como nos furtar à tarefa do debate e afirmação de soluções em cada uma delas.
Mas, para ter sucesso, precisaremos também não perder de vista os desafios no plano da sociedade. Ao lado das eleições, outubro marcará os 30 anos da Constituição de 1988, conhecida como Constituição cidadã, pela abertura de caminhos para a construção democrática, a expansão de direitos e oportunidades e o desenvolvimento sustentável, com alcances inéditos na nossa história.
Sobre essas raízes, esse foi um período também de amplo fortalecimento da esfera pública, com participação ativa da sociedade nas muitas conquistas que, é vital lembrar, pudemos também acumular. Cidadãos mobilizados pela ética, cidadania e ação pública cotidiana. Fundações, organizações e movimentos na sociedade trabalhando pelo aprimoramento de políticas públicas nas diversas áreas. Universidades e centros de pesquisa alimentando a massa crítica para a produção de respostas na nossa pauta coletiva.
Para superar o presente, será fundamental reafirmar também o papel desses atores, impulsionando novos avanços.
No âmbito do investimento social privado no país, no Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), procuramos renovar o nosso papel no curso da experiência democrática e apontar novos caminhos para a ação efetiva no campo da filantropia e da sociedade civil em geral e a produção de novas respostas em temas centrais para a nossa agenda pública: educação, saúde, cultura, diversidade e direitos, segurança, cidades, meio ambiente, ciência, entre outros.
Ao lado do Movimento por uma Cultura de Doação, buscamos expandir o engajamento cidadão para a mobilização de recursos em favor do bem público no país.
No projeto de Sustentabilidade Econômica da Sociedade Civil, com o apoio da União Europeia, trabalhamos em favor de mudanças legais e fortalecimento de ações para o apoio à sociedade civil.
Já o Movimento Empresarial por Integridade e Transparência, lançado com o Pacto Global, a Transparência Internacional e a liderança do Instituto Ethos, busca renovar os compromissos do setor privado com avanços que o país requer nessa e em outras dimensões. Com a Plataforma Filantropia e ODS, liderada pelo PNUD, atuamos pelo adensamento de esforços para a realização plena dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no país.
São ações que, compondo-se com o arco de agentes de investimento social privado e das mais de 800 mil organizações da sociedade civil no país, buscam somar para a renovação e aprofundamento também do nosso tecido de ação coletiva, com sua missão fundamental de prover as bases de conquistas públicas em qualquer tempo e sociedade.
Recuperar a capacidade de avançar na democracia, cidadania e desenvolvimento passa, mais do que nunca, também por isso, com todos fazendo a sua parte e nossa agenda política futura incluindo a construção da relação qualificada com a sociedade.
Maria Alice Setubal
Doutora em psicologia da educação (PUC-SP), presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal e do Gife (Grupo de Institutos Fundações Empresariais)
José Marcelo Zacchi
Secretário-geral do Gife (Grupo de Institutos Fundações Empresariais), fundador da Casa Fluminense, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Instituto Sou da Paz
*Texto publicado originalmente na Folha de S. Paulo, em 19/08/2018