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Pesquisa traça perfil do doador brasileiro e oferece dados para a filantropia

Por Daniel Cerqueira

 

 

O povo brasileiro é conhecido nacional e internacionalmente por sua solidariedade. Sem entrar aqui em uma análise sociológica ou antropológica sobre essa marca, o fato é que a fama se confirma quando o assunto é doação. É o que revela o resultado da  Pesquisa Doação Brasil 2020, coordenada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) e realizada pela Ipsos, que foi lançada em 23 de agosto.

 

O estudo contou com o apoio de diversas organizações, como Fundação Tide Setubal, Fundação Itaú Social, Instituto Galo da Manhã, Instituto Unibanco, Santander, Fundação José Luiz Egydio Setubal, Instituto ACP, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Instituto MOL.

 

A Pesquisa Doação Brasil 2020 retrata o perfil do doador individual brasileiro e mostra para quais causas ele está disposto a doar, com qual frequência, o valor médio doado e como ocorrem as escolhas dos beneficiários. A pesquisa surgiu em 2014 e resulta do interesse do Idis em conhecer dados da doação no país, considerando as que foram feitas por empresas, institutos, fundações ou qualquer pessoa jurídica e, assim, preparar uma campanha pela Cultura de Doação. A primeira edição foi realizada em 2015 e publicada no ano seguinte.

 

 

Impactos da pandemia na cultura de doar

 

Realizada em 2020, a Pesquisa Doação Brasil precisou concentrar seus primeiros esforços na compreensão sobre o contexto causado pela pandemia de Covid-19. Verificou-se que, naquele ano, 78% dos brasileiros se sentiram impactados pela crise em escala global, sendo que 41% se consideram  mais ansiosos e 83% mais preocupados com os rumos do país.

 

Ainda sobre a percepção do contexto socioeconômico, vale destacar que a imensa maioria – 76% – acredita que o Brasil demorará pelo menos dois anos para começar a se recuperar, ao passo que 64% gostariam que a prioridade na recuperação tivesse viés no progresso social.

 

Para Marcos Calliari, CEO da Ipsos Brasil, “a pandemia impactou nos comportamentos, mas também ressaltou desigualdades e acentuou a preocupação com questões básicas, como saúde e problemas sociais”. Esses impactos e percepções têm influência direta na decisão sobre como e para quem as pessoas querem doar.

 

 

Assista ao evento de lançamento da Pesquisa Doação Brasil 2020

 

 

Uma sociedade civil pronta para agir

 

O segundo passo da pesquisa foi traçar o perfil do chamado doador institucional, ou seja, o que faz alguma doação de valor monetário. Embora os números de 2020 estejam mais baixos que os de 2015, pôde-se ver que 66% dos brasileiros doam, sendo 37% destes com doações diretas a organizações sociais. Outro dado importante: 83% dos brasileiros acham que doar faz a diferença – isso demonstra um potencial de aumento dessa porcentagem de doadores.

 

Renata Bourroul, representante da Ipsos, acredita que há uma mudança significativa do perfil nestas duas edições. “Notamos que subimos um degrau no sentido de ter uma sociedade civil mais engajada e mais predisposta a se apropriar dos problemas do país e endereçá-los.”

 

Ainda ao comparar as duas edições da pesquisa, observa-se uma elevação no engajamento das doações pelas classes mais favorecidas – com maior escolarização e renda. Com isso, o perfil clássico do doador brasileiro compreende as características vistas a seguir:

 

  1. Mulher;
  2. Idade média de 42 anos;
  3. Tem curso superior;
  4. Vive nas regiões Nordeste e Sudeste;
  5. Tem renda familiar superior a quatro salários mínimos;
  6. Está satisfeita com a própria renda;
  7. É adepta de alguma religião.

 

Nesta edição da pesquisa, a mediana de doações levantadas, ou seja, o valor mais frequente de quem doa, foi R$ 200, enquanto o montante voltado às iniciativas de combate a pandemia foi R$ 4,4 bilhões. Considerando todos os dados da pesquisa,  calcula-se que Brasil tenha um potencial de doação de 10,3 bilhões para 2021.

 

“O avanço [no engajamento] demonstra que as diversas campanhas realizadas em prol da cultura de doação conseguiram sensibilizar quem tem mais condições de contribuir. Trata-se de um bom sinal para aqueles que, como o Idis, se dedicam ao fomento da filantropia e da cultura de doação”, declaram Paula Fabiani, CEO do Idis, e Andréa Wolffenbüttel, consultora coordenadora da Pesquisa Doação Brasil.

 

 

Perfil de doadores de A a Z

 

Baixe a íntegra da Pesquisa Doação Brasil 2020 no site do Idis. Aproveite também para conferir os destaques do estudo no portal criado para a pesquisa.

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