Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Virada Sustentável estimula a pensar sobre alimentação saudável
A Fundação Tide Setubal, em parceria com o Instituto Nova União da Arte (NUA), integrou a programação da 6ª Virada Sustentável, na zona leste de São Paulo. O evento, que aconteceu em toda a cidade, tem como objetivo disseminar informações sobre sustentabilidade. Para isso, conta com o envolvimento de organizações da sociedade civil, órgãos públicos, […]
A Fundação Tide Setubal, em parceria com o Instituto Nova União da Arte (NUA), integrou a programação da 6ª Virada Sustentável, na zona leste de São Paulo. O evento, que aconteceu em toda a cidade, tem como objetivo disseminar informações sobre sustentabilidade. Para isso, conta com o envolvimento de organizações da sociedade civil, órgãos públicos, equipamentos culturais entre outros.
Nos dias 25 e 26 de agosto, as crianças que fazem parte dos programas e projetos das duas instituições nos bairros do Jardim Lapenna e da União de Vila Nova participaram de uma série de atividades relacionadas a proteção e cuidado com o meio ambiente.
Para Viviane de Almeida, assistente social do NUA, a Viradinha, nome dado às ações realizadas com as crianças, deixou bem claro o quanto os pequenos estão antenados com o tema Sustentabilidade. “Acredito que esse evento contribuiu para o fortalecimento da consciência coletiva dessa molecada que está crescendo e começa a olhar para fora do contexto do ‘eu’, passando a olhar o outro e a cidade”, reflete.
Entre as atividades, as crianças puderam conhecer alguns princípios da Carta da Terra, documento que reúne a declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica, além de conversar sobre os espaços dos bairros, produzir desenhos e participar de algumas brincadeiras. Samuel da Silva Costa, 11 anos, conta: “Aprendemos aqui, na Virada Sustentável, que não devemos jogar lixo na rua e que temos que economizar água; e é importante aprender isso”.
Além das temáticas elencadas por Samuel, o cuidado com o próprio corpo e as questões alimentares também integraram a programação da Viradinha. “A Fundação tem na sua missão a sustentabilidade, a grande sacada é como conseguir trazer esse tema, que é tão amplo, para ações do dia a dia. Por isso, discutir sobre alimentação aproxima essa questão das pessoas”, afirma Izabel Brunsizian, coordenadora do projeto Qualidade de Vida, da Fundação Tide Setubal.
O cardápio da Virada tinha lanchinhos naturais com geleia de goiaba e de maracujá, patê de mentruz, pães e bolos caseiros, suco de maracujá com gengibre e outros. Não por acaso, esse momento do café também teve o objetivo de despertar o paladar das crianças para uma alimentação natural e saudável. “Eu gostei do lanche, tinha algumas coisas diferentes, mas eram boas”, confessa Bruna de Araújo, 7 anos.
Ainda na Viradinha, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer um espaço onde se plantam verduras e legumes orgânicos e está bem pertinho do dia a dia dessas crianças, o Viveiro Escola, localizado no bairro União de Vila Nova. “Eu não sabia como as comidas eram plantadas e achei legal ver a alface na terra. Gostei muito”, conta Eduardo Constantino Maciel, 10 anos.
Para encerrar a ação, as crianças deixaram sua marca no território e plantaram mudas em hortas criadas nos fundos do CEI Jardim Lapenna e na EMEI União de Vila Nova. “Esse é o pontapé inicial, algo vai mudar e essas crianças vão perceber que essa escola é da comunidade. Essa horta é deles e também dos nossos alunos. Isso é currículo integrador acontecendo de fato, a comunidade dentro da escola”, afirma José Aparecido Santana, diretor do CEI há três anos.
Essa atividade agradou as crianças. “O que eu gostei de hoje foi plantar. E a comida que plantamos já podemos colher e comer, não precisamos comprar as que vêm com veneno. Isso que eu aprendi”, fala Alison dos Reis Oliveira, 11 anos.
“Precisamos reintroduzir na nossa cultura o plantar e o cuidar da terra, porque isso afeta diretamente a nossa vida. A creche e as escolas são espaços fundamentais, por isso esse pontapé da Virada Sustentável serve de exemplo para um novo processo de melhoria da qualidade de vida, de levar a educação ambiental para as escolas”, reforça Vinicius de Moraes, educador do projeto Quebrada Sustentável, do Instituto NUA, e um dos responsáveis pelo Viveiro Escola.
Virada com os jovens
No sábado, 27 de agosto, foi a vez de os adolescentes e jovens integrantes dos programas e projetos da Fundação Tide Setubal e do Instituto Nova União da Arte (NUA) e estudantes do Colégio Bandeirantes participarem de um dia cheio de atividades.
A programação começou com uma caminhada partindo do Galpão de Cultura e Cidadania com destino ao Parque Jacuí, zona leste da cidade. O grupo foi estimulado a observar o trajeto. Em seguida, os participantes foram divididos em três subgrupos e passaram por um circuito de oficinas em que puderam experimentar o parkour, brincadeiras de rua e fazer bolotas de sementes. “Eu gostei muito de plantar as bolotas de sementes, é uma ação que terá efeito a longo prazo, mas é importante”, conta Samuel Anthony, 16 anos, estudante do Colégio Bandeirantes.
Após uma manhã agitada, foi a vez de reunir o grupo para o almoço com o cardápio variado.
Depois da refeição, os jovens assistiram ao vídeo que mostrou todo o processo de produção dos pratos servidos, desde a escolha dos produtos, a higienização e a preparação deles. A grande surpresa foi a descoberta de que boa parte dos ingredientes foi adquirida no horário da xepa na feira local, período em que verduras, legumes e frutas são vendidos a preços bem baixos.
“Foi muito surpreendente saber de onde vieram esses alimentos. Estava tudo impecável e isso prova que é possível fazer uma comida gostosa reaproveitando as coisas que iam para o lixo”, afirma Maria Paula Mota Carboni, estudante do 1º ano do ensino médio do Colégio Bandeirantes.
Já para Conceição Brito Lisboa, uma das mulheres da comunidade que participaram do preparo da refeição servida aos jovens, o sentimento é de satisfação com o resultado do trabalho. “Criei meus filhos fazendo a xepa e tenho muito orgulho de dizer isso. Fico feliz de poder ensinar para os jovens que uma comida saudável e boa pode ser feita com o que ia ser dispensado”, relata.
Em seguida, os adolescentes e jovens participaram de palestras rápidas e debateram diferentes questões. Sustentabilidade foi o tema do Café Colaborativo. Com base em uma pergunta colocada em casa mesa, os grupos refletiram sobre diferentes questões ao circular pelo espaço.
“Onde mais aprendi hoje foi no momento do Café Colaborativo, porque eu ouvi bastante a opinião das pessoas e também dei a minha”, diz Davi Silva, 15 anos, integrante dos programas Espaço Jovem e Mundo Jovem, da Fundação Tide Setubal.
Segundo Edson Grandizoli, professor de Educação para a Sustentabilidade do Colégio Bandeirantes, temos que ter em mente que os desafios socioambientais são de ordem coletiva. “Eles afetam direta ou indiretamente todos nós de alguma forma, a poluição dos rios e das matas, o desemprego, a desigualdade social. É muito importante a gente estar em outro território para discutir esses desafios de uma forma bastante global, buscando o consenso e a união de diferentes pessoas e diferentes instituições”, avalia.
Larissa Pereira da Silva, participante do projeto Espaço Jovem, da Fundação Tide Setubal, faz um balanço do dia: “Estar em um espaço com jovens de diferentes lugares e programas é muito bom, porque conhecemos as diferenças e aprendemos mais sobre sustentabilidade; não temos noção, por exemplo, que podemos ir à feira e pedir alimentos que eles não vão usar mais”.
Para encerrar o dia, os jovens criaram uma agenda de ações para darem continuidade ao trabalho iniciado durante a 6ª Virada Sustentável. “A ideia é que cada grupo possa pegar um item que seja dessa agenda, não precisa ser ela inteira, mas que possa trabalhar com isso de uma maneira mais prática e construindo essa mudança”, conta Izabel Brunsizian, coordenadora do projeto Qualidade de Vida, da Fundação.