Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Vozes Urbanas debate sobre representatividade e diversidade em espaços de poder
Por Amauri Eugênio Jr. A subrepresentação de grupos identitários em espaços de decisão e maneiras para promover a diversidade sociorracial, de gêneros e sexual em tais esferas são aspectos cada vez mais debatidos na sociedade civil. Por este motivo, a sexta edição do projeto Vozes Urbanas, espaço de debates […]
Por Amauri Eugênio Jr.
A subrepresentação de grupos identitários em espaços de decisão e maneiras para promover a diversidade sociorracial, de gêneros e sexual em tais esferas são aspectos cada vez mais debatidos na sociedade civil.
Por este motivo, a sexta edição do projeto Vozes Urbanas, espaço de debates organizado pela Fundação Tide Setubal sobre temas relevantes para as causas defendidas por ela e que se propõe a influir no debate público, provocando a reflexão e a ação de agentes da sociedade civil e dos setores públicos, que será realizada em 26 de novembro, terá como tema Diversidade no Mercado de Trabalho e em Espaços de Poder.
Logo quando se fala em desigualdade sociorracial, a subrepresentação da população negra vem à tona. De acordo com o estudo Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas, feito pelo Instituto Ethos em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pessoas negras ocupam 4,9% dos postos em conselhos administrativos, 4,7% em quadros executivos e integram, respectivamente, 6,3% dos cargos de gerência e 25,9% de supervisão. Para efeito de comparação, jovens negros ocupam 58,2% das vagas de trainees e 28,8% dos espaços destinados para estágios.
Ainda, o panorama de baixa representação de pessoas negras na esfera jurídica mostra-se dramático também. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 15,6% dos magistrados brasileiros são negros, ao passo que um estudo feito pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) em parceria com a Aliança Jurídica pela Equidade Racial, formada por escritórios com apoio do próprio Ceert e da Fundação Getulio Vargas (FGV), do total de brancos, 10,1% são estagiários e 48,3% são sócios e advogados juniores, plenos ou seniores – já entre negros, 9,4% são estagiários, enquanto menos de 0,1% é sócio e advogados júnior, pleno ou sênior.
Já em âmbito político, grupos identitários têm representação reduzida também. Para se ter uma ideia, 125 deputados federais se autodeclararam negros, ocupando 24,36% das cadeiras na Câmara dos Deputados, enquanto mulheres representam 15% dos parlamentares, com 77 vagas – este número está abaixo da América Latina, cuja média é de 28,8% de mulheres parlamentares nos países da região. Para completar, há um parlamentar e um senador assumidamente homossexuais entre, respectivamente, 513 deputados federais e 81 senadores.
Para Viviane Soranso, responsável pelo Vozes Urbanas na Fundação Tide Setubal, a representatividade e a promoção da diversidade em espaços estratégicos é de extrema importância para haver promoção de equidade social. “É fundamental haver representatividade social em todas as instâncias políticas e jurídicas. Entre os representantes eleitos existe um perfil majoritário e, para a democracia ser exercida de modo que não existam diferenças ou privilégios para um determinado grupo, é necessário haver representativa e alternâncias de posições poder.”
Quem irá participar?
A próxima edição do Vozes Urbanas contará com participações de Robson de Oliveira, advogado do Escritório Demarest Advogados e membro da Comissão de Igualdade Racial da OAB/SP, do Comitê D Raízes no Demarest Advogados e do Fórum de Prevenção e Combate à Discriminação Racial no Trabalho do Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT/SP), e coordenador do projeto Incluir Direito, programa desenvolvido pelo Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (CESA) para o combate à desigualdade racial no setor jurídico; Ana Mielke, jornalista, mestre em Ciências da Comunicação e especialista em História, Sociedade e Cultura, que foi coordenadora de comunicação em organizações da sociedade civil e movimentos sociais, candidata a deputada estadual em 2018 e coordenadora-executiva do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social; e Debora Gepp, socióloga, responsável pelo Programa de Diversidade e Inclusão da Braskem e cofundadora da Rede Brasileira de Mulheres LBTs.
A mediação será feita por Iara Rolnik, gerente de programas do Instituto Ibirapitanga, socióloga e mestre em Demografia, cuja trajetória abrange pesquisa social e urbana no universo acadêmico e em organizações da sociedade civil voltadas ao desenvolvimento de políticas públicas e direitos humanos, e que atuou como consultora da Secretaria-Geral da Presidência da República e gerente de conhecimento do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE).
Múltiplas vozes
O Vozes Urbanas, evento organizado pela Fundação Tide Setubal e que acontece pelo segundo ano, consiste em espaço de debates sobre temas relevantes para as causas defendidas por ela e que se propõe a influir no debate público, provocando a reflexão e a ação de agentes da sociedade civil e dos setores públicos.
Dentro da perspectiva das desigualdades educacionais relacionadas às questões de gênero e raça, este ano o Vozes Urbanas visa compreender a educação democrática e política nos diversos momentos de desenvolvimento pessoal, revelar barreiras sociais que dificultam a ocupação de espaços de poder por mulheres e negras(os) e pensar estratégias de ação relacionadas a políticas públicas nessa área.
A temporada 2019 teve quatro encontros realizados: o primeiro, que aconteceu em 24 de abril, teve como tema Educação para Igualdade: Panorama e Desafios (veja aqui como foi) enquanto o segundo, que ocorreu em 29 de maio, debateu as Escolas Democráticas: Cidadania, Representação e Participação em Sala de Aula (leia aqui a respeito). A terceira edição, que foi realizada em 28 de agosto, discutiu sobre Políticas Públicas: Possibilidades e Desafios para a Redução das Desigualdades Educacionais (saiba aqui como foi o evento); o quarto encontro, que aconteceu em 30 de setembro, abordou o tema Como as Universidades Lidam com a Diversidade? (confira aqui como foi); e o quinto evento, realizado em 30 de outubro, promoveu diálogos sobre sistema prisional e educação.
Onde e quando será?
A sexta edição de 2019 do Vozes Urbanas, que irá abordar o tema Diversidade no Mercado de Trabalho e em Espaços de Poder, acontecerá em 26 de novembro, das 18h30 às 21h, na Unibes Cultural (rua Oscar Freire, 2.500, sala multiuso do 2º andar, Sumaré – ao lado da estação Sumaré da Linha 2-Verde do Metrô). Inscrições podem ser feitas aqui. O evento será também transmitido na página da Fundação Tide Setubal no Facebook.
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Amauri Eugênio Jr.