Quais direções precisamos seguir em favor da equidade racial no trabalho?
Episódio de estreia da nova temporada da websérie ‘Caminhos pela Equidade Racial’ retrata a urgência da promoção da equidade racial no trabalho
Criar estruturas organizacionais que promovam a equidade racial no trabalho é fundamental para que profissionais negras e negros tenham um ambiente seguro para poderem desenvolver os seus potenciais e trajetórias.
Nesse sentido, quais são os impactos históricos e estruturais do racismo, em nível profissional, sobre pessoas negras? E quais caminhos foram trilhados para lhes assegurar acesso digno, justo e representativo para oportunidades de crescimento profissional para, desse modo, apoiar o desenvolvimento de lideranças negras em espaços de poder e de decisão?
Essas dúvidas compõem o pontapé inicial da nova temporada da websérie Caminhos pela Equidade Racial. Com realização da Fundação Tide Setubal, por meio da Plataforma Alas, e desenvolvimento pela Bonita Produções, a série é apresentada pela jornalista Adriana Couto.
Desse modo, o programa mostra, em cinco episódios, dimensões amplas e diversas sobre o enfrentamento ao racismo em empresas, universidades, fundações e institutos.
Equidade racial no trabalho e em oportunidades de acesso
O episódio de estreia da websérie Caminhos pela Equidade Racial mostra o trabalho que empresas, academia e o campo do investimento social privado (ISP) podem fazer para combater vieses e desigualdades raciais. Para tanto, tais organizações precisam formar um plano coletivo em favor da equidade nessa esfera.
Assim sendo, o programa apresenta um panorama de desigualdades raciais no contexto trabalhista. Idem reflexões sobre quais direções devem ser tomadas para mudar essa realidade.
Para falar sobre esse panorama, o episódio conta com participações de:
- Patrícia Kunrath Silva (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas – Gife);
- Scarlett Rodrigues da Cunha (Instituto Ethos);
- Vinicius Archanjo Ferraz, consultor (Humano Capital Consultoria);
- Viviane Soranso, coordenadora do Programa Lideranças Negras e Oportunidades de Acesso da Fundação Tide Setubal.
Sobre o contexto
O panorama identificado por meio do Censo Gife 2022-2023 mostra a urgência na promoção de medidas para promoção da equidade racial no trabalho.
Nesse sentido, o levantamento mostra que 55% de institutos e fundações que responderam à pesquisa informaram não ter políticas para promover e ampliar a diversidade nas suas equipes. E esse indicador é ainda mais alarmante quando conselhos deliberativos entram na equação: o percentual é de 81%.
Desse modo, ao considerar a urgência de se reverter esse quadro, Viviane Soranso fala sobre a experiência colocada em prática, por meio da Plataforma Alas, para apoiar o desenvolvimento de lideranças negras.
Nesse contexto, Soranso destaca que a mudança desse quadro vai muito além da inserção de pessoas negras em instituições de ensino de excelência ou em postos de liderança pura e simplesmente. “Além de contratar grupos minorizados, como pessoas negras, é importante que as instituições pensem em políticas internas para que elas permaneçam – e bem. E que elas não sofram violência, discriminação ou racismo nesses espaços.”
Desafios e ações práticas
Em consonância com a coordenadora do Programa Lideranças Negras e Oportunidades de Acesso da Fundação Tide Setubal, Vinicius Archanjo fala sobre desafios que vêm à tona durante esse processo.
O consultor destaca, então, fatores como a agenda organizacional, que coloca a disputa pela atenção com pautas referentes à promoção de diversidade, equidade e inclusão com tarefas e metas cotidianas. Idem o cuidado para não priorizar a adoção dessa agenda por fins mercadológicos e financeiros, tampouco com perspectiva em oposição à coletividade.
Desse modo, Archanjo reforça que o suporte emocional a profissionais de grupos minorizados tem papel central na na promoção de medidas para promoção da equidade racial no trabalho. Isso porque, conforme uma lembrança apresentada por ele, “ser líder já é algo muito solitário. Mas ser uma liderança negra, muitas vezes em ,uma empresa embranquecida é mais desafiador ainda.”
Nesse sentido, para ele, é necessário “ter, então, um desenho de carreira muito bem definido e estruturado, no qual a pessoa possa saber de maneira explícita o que precisa atingir e os critérios para ela atingir o próximo nível. Construiremos também um ambiente favorável para essa carreira não estacionar quando ela chegar [em postos de] primeira, média ou até numa alta liderança.”
Para dar play
Assista ao primeiro episódio da websérie Caminhos pela Equidade Racial no Enfrente, o nosso canal no YouTube.
Confira também os materiais complementares disponíveis neste link e acesse também a Plataforma Alas para conhecer e engajar-se no plano coletivo em favor da equidade racial.
Texto: Amauri Eugênio Jr.
