Racismo ambiental
O racismo ambiental passa pelo modo como os efeitos das mudanças climáticas afetam, de modo mais severo, territórios onde a maioria populacional é minorizada.
De acordo com Tania Pacheco, idealizadora do site Combate Racismo Ambiental, o racismo ambiental diz respeito às:
“Injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre etnias e populações vulnerabilizadas. O racismo ambiental não se configura apenas através de ações que tenham uma intenção racista, mas, igualmente, através de ações que tenham impacto ‘racial’, não obstante a intenção que lhes tenha dado origem.”
O conceito de racismo ambiental é de autoria de Benjamin Franklin Chavis Jr., químico, reverendo e liderança do movimento dos direitos civis dos negros nos EUA.
A sua criação resulta de protestos contra o despejo de resíduos sólidos no condado de Warren (Carolina do Norte-EUA), cuja maioria populacional era negra. O motivo para esse fato – e as manifestações contrárias – era a interpretação de que não haveria problemas ou prejuízos. Isso porque se tratava tratar de uma população minorizada de direitos.
Reflexos do racismo ambiental no cotidiano
De acordo com a pesquisadora Izabela Penha de Oliveira Santos, na publicação Racismo Ambiental e Emergências Climáticas no Brasil, do Instituto de Referência Negra Peregum, a maioria dos casos de racismo ambiental no Brasil vem à tona por meio de tragédias no cotidiano de pessoas negras periféricas. Além disso, casos com esse teor só ganham, na perspectiva da pesquisadora, quando se tornam grandes catástrofes. Nesse sentido,
É dessa forma que o racismo vem se formando e vem estruturando as nossas relações na sociedade brasileira em vários meios e de várias formas. Isso é um chamado para que a gente comece a olhar também como que, ao longo do desenvolver da nossa sociedade, as populações negras, periféricas, racializadas têm sido colocadas à margem e em maior proporção de riscos e de impactos ambientais.
Como a Fundação Tide Setubal atua nesse contexto?
Ao considerar os impactos do racismo ambiental também no aprofundamento das desigualdades sociais, a Fundação Tide Setubal considera que combatê-lo é preponderante para ser possível construir uma sociedade mais justa. Nesse sentido, o enfrentamento aos seus reflexos e a promoção da justiça climática têm papel estratégico para a estruturação dos nossos programas de influência. Confira a seguir quais são os seis programas em questão:
- Cidades e Desenvolvimento Urbano: mobiliza empresas, poder público e comunidade de moradores para criar soluções urbanísticas ao nível local, visando ao desenvolvimento das periferias urbanas;
- Democracia e Cidadania Ativa promove iniciativas em defesa de princípios e direitos democráticos e que contribuam com a inovação no exercício da cidadania em espaços públicos e políticos. Desse modo, orienta-se pela promoção da diversidade e da pluralidade de ideias;
- Lideranças Negras e Oportunidades de Acesso promove colaboração entre diferentes instituições e atores. Visa, então, promover equidade racial no mercado de trabalho e nas instituições públicas;
- Nova Economia e Desenvolvimento Territorial estimula geração de renda e desenvolvimento de negócios de impacto voltados à resolução de problemas das periferias urbanas;
- Planejamento e Orçamento Público desenvolve, incentiva e dissemina práticas de planejamento governamental e gestão dos recursos públicos que deem maior centralidade ao combate às desigualdades socioterritoriais;
- Saúde Mental e Territórios Periféricos atua para democratizar o acesso à saúde mental. Nesse sentido, visa fortalecer a rede pública e privada de atendimento psicológico e psicanalítico, com ampliação de profissionais negros e periféricos.
