Fundação Tide Setubal participa de curso da Foundation School na Itália
Estratégias do investimento social, processos de gestão, governança, avaliação e impacto, com especialistas no assunto e investidores de diferentes partes do mundo foram temas do encontro
A Fundação Tide Setubal participou do Foundation School, curso realizado na Universidade de Bolonha, em Bertinoro, na Itália, entre os dias 9 e 13 de maio. Seu objetivo é contribuir para a formação dos investidores sociais de países emergentes, assim como para o desenvolvimento de programas sustentáveis de investimento social familiar. É promovido desde 2008 pelo Instituto para Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e pela Charities Aid Foundation (CAF).
Nos encontros são feitas reflexões sobre as estratégias do investimento social e os processos de gestão, governança, avaliação e impacto, com especialistas no assunto e com outros investidores de diferentes partes do mundo. Nesta edição o público-alvo foi de famílias que têm programas de investimento social e de executivos de fundações, institutos e organizações sociais de caráter familiar. O grupo contou com 17 participantes, sendo 5 do Brasil, 3 da Itália e os demais da Rússia.
“Foi muito interessante discutir e conhecer qual é o papel das fundações no mundo e dentro de contextos específicos, além de saber mais sobre como as ações são financiadas, quais as estratégias de avaliação e como medir o impacto”, relatou Paula Galeano, coordenadora geral da Fundação Tide Setubal. Segundo ela, os aprendizados foram bastante ricos também no sentido de ampliar a visão sobre o Terceiro Setor, “que é um setor com liberdade para pensar, inovar e criar, tendo influência nas políticas públicas”.
De acordo com Márcia Woods, diretora executiva do IDIS, “o ponto alto do Foundation School é justamente essa troca entre os participantes, que podem confrontar suas experiências com outras realidades e outros contextos”.
Estudos de casos e palestras
Os cinco dias na Itália foram marcados por uma programação intensa. Estudos de casos foram apresentados por Cadbury Trust Barrow, uma fundação britânica; Fundação Dynasty Dmitry Zimin, instituição britânica; e Instituto Ayrton Senna, que relatou sua medição de resultados na área de educação no Brasil. Houve ainda visita de campo à Fondazione Del Monte de Bolonha.
“Pudemos saber mais também sobre outras fundações europeias, que têm um lugar reconhecido na sociedade. Muitas delas sobrevivem aos seus criadores, porque têm fundos perenes e conseguem contribuir com uma causa, trazendo, no longo prazo, resultados à comunidade”, disse Paula.
Os participantes assistiram ainda a palestras proferidas por especialistas em filantropia, como Christopher Harris, consultor sênior do Foundation Center de Nova York; Jenny Hodgson, diretora executiva do Fundo Global para Fundações Comunitárias (FGFC); John Healy, presidente do Conselho de Filantropia da Irlanda; e Olga Alexeeva, fundadora e diretora executiva da Philanthropy Bridge Foundation (PBF).
Desafios no Brasil
Durante o curso os executivos das fundações tiveram espaço para compartilhar suas histórias. Ao lado da Fundação Tide Setubal, estavam presentes representantes da Fundação Stickel, Fundação Lucia & Pelerson Penido e da Pragma Patrimônio. “Os brasileiros puderam dividir práticas e experiências. A Fundação Tide Setubal mostrou o aprendizado acumulado nestes cinco anos na área de articulação com poder público”, disse Márcia Woods. “O intercâmbio também foi rico para nós porque conhecemos outras práticas, em contextos específicos, como o da catástrofe do Haiti, e pudemos reavaliar nossas ações no bairro de São Miguel Paulista”, ressaltou Paula.
Para a diretora executiva do IDIS, o curso abriu a possibilidade para que as fundações brasileiras com caráter familiar continuem o diálogo, buscando fortalecer suas ações e amadurecer a cultura deste tipo de investimento social, ainda recente no país. “No Brasil, o grande desafio para as fundações familiares é o arcabouço legal e fiscal, que é desfavorável. Há mais incentivos para investimento social corporativo. Já temos uma elite de investidores no ambiente corporativo, com o conhecimento sistematizado. Por outro lado, as fundações familiares brasileiras são novas e estão criando um corpo de conhecimento sobre governança, processo sucessório e outros. Por este motivo, é importante a formação e a troca de experiências”, analisou Márcia.