Rio+20 marca ações da Fundação Tide Setubal em junho
Oficinas, intervenção de rádio de rua, produção de vídeos e montagem teatral sensibilizaram jovens e crianças sobre o tema da sustentabilidade. Um grupo também foi ao Rio de Janeiro participar da Cúpula dos Povos.
A Fundação Tide Setubal promoveu uma série de ações para dialogar com as temáticas da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD), a Rio+20, que ocorreu na capital fluminense de 13 a 22 de junho. O ponto alto foi a participação de um grupo de 17 pessoas, incluindo jovens de projetos da instituição e de coletivos culturais da região leste de São Paulo, na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência da ONU, organizado pela sociedade civil.
De acordo com José Luiz Adeve, o Cometa, coordenador do Núcleo de Comunicação Comunitária São Miguel no Ar, os projetos da Fundação aproveitaram o processo de reflexão desencadeado pela conferência, para reforçar a missão da entidade pela construção para cidadania. “Sempre estimulamos os educandos a olhar para o território — estabelecendo a relação entre o local e o global — e a pensar nas gerações futuras”, explica. “O debate da Rio+20 é propício para o reencantamento da juventude urbana na vida político-social da cidade”, ressalta.
Diálogos intergeracionais
Uma série de oficinas reuniu 75 jovens de São Miguel Paulista e arredores, sendo 45 participantes do Programa Jovens Urbanos (do CENPEC) e outros 30 dos projetos Sintonia Cidadã e Espaço Jovem, da Fundação. Nas rodas de conversa dessa turma a ideia foi provocar reflexões sobre o bairro e as ações socioambientais na localidade. Também se contextualizou o processo pelo qual o mundo passou da ECO 92 até a Rio +20, com apresentação e debate sobre as equações sustentáveis.
Os jovens foram convidados a produzir vídeos, para os quais identificaram e entrevistaram pessoas da comunidade, a fim de saber como elas buscam melhorar seu bairro. Além disso, gravaram seus próprios depoimentos, respondendo quanto ao que fazem no dia a dia para levar um modo de vida sustentável. O resultado foi exibido no domingo (10/06), na Casa das Caldeiras, na zona oeste da capital paulista, no encontro “Diálogos Intergeracionais”, uma iniciativa do Instituto Marina Silva. No espaço, foram expostos fotos, mobiliários em pneu e programas de rádio feitos por outros integrantes do Jovens Urbanos.
E para ampliar esse mesmo debate no Jardim Lapenna, o NCC realizou, em 3 de junho, uma intervenção de rádio de rua na feira livre do bairro. Alunos e professores da E.E. Reverendo Urbano contaram as iniciativas sustentáveis realizadas lá, como coleta de óleo de cozinha. A entrevistada Evelyn Araripe falou do projeto Escolas de Bicicleta, que incentiva crianças a usarem este tipo de transporte. Essa iniciativa também compôs a programação da Virada Sustentável, realizada pelo segundo ano na capital paulista.
Presença na Cúpula dos Povos
Todas essas atividades culminaram na participação de 17 jovens, em 19 de junho, nos “Diálogos Intergeracionais em Sustentabilidade”, promovido na Cúpula dos Povos da Rio+20. Além dos participantes dos projetos da Fundação Tide Setubal, foram à capital fluminense membros de cinco coletivos: Marginaliaria, de São Miguel Paulista; Abayomi e Grupo de Estudos e Ações Sociais, de Ermelino Matarazzo; Arte Maloqueira, de Guaianazes; e Arte e Cultura na Quebrada, do Itaim Paulista. Todos desenvolvem ações socioculturais na zona leste de São Paulo.
Na tenda montada no Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro, especialistas conversaram com representantes de várias regiões sobre suas experiências e as expectativas para as próximas décadas. Estavam presentes Marina Silva, ex-ministra do meio ambiente; Heloísa Helena, ex-senadora; Maria Alice Setubal, presidente do conselho da Fundação Tide Setubal, e Oded Grajew, um dos fundadores do Instituto Ethos e do Movimento Nossa São Paulo, entre outras lideranças sociais.
“Foi uma experiência muito rica”, enfatizou Viviane Soranso dos Santos, educadora do Espaço Jovem que acompanhou o grupo da zona leste. “Os jovens puderam conhecer outro território, ter contato com diferentes movimentos sociais e perceber que o debate sobre sustentabilidade faz parte de uma discussão mundial. Eles viram na prática a diversidade e a cidadania, temas das nossas rodas de conversa no projeto”.
Reflexão lúdica
As crianças também ganharam espaço para discutir sobre a importância da preservação do planeta. No CDC Tide Setubal e no Galpão de Cultura e Cidadania, cerca de 40, com idades entre 7 e 13 anos, participaram do projeto Espetáculo da Terra, da artista Denise Milan. Após a leitura do livro “A Pedra Azul”, as educadoras propuseram atividades lúdicas, com o objetivo de desenvolver a compreensão dos conteúdos da obra. O grupo elaborou, então, uma intervenção teatral, apresentada aos pais, em 13 de junho, no Galpão do Jardim Lapenna.
O fechamento do projeto aconteceu no Sesc Ipiranga em 20 de junho. Lá as crianças conversaram com Denise Milan, autora do livro. Depois, assistiram a uma apresentação musical, dançaram e cantaram. “De forma lúdica, a meninada compreendeu que a Terra passa por transformações e como isso envolve suas vidas”, conta Antonia Marlucia Martins Gomes, educadora neste projeto e auxiliar de biblioteca no Ponto de Leitura do Jardim Lapenna.
Confira, a seguir, depoimentos de jovens que estiveram na Cúpula dos Povos.
“Gostei muito, porque acompanhamos os debates e entrevistamos diversas pessoas. Conversei com índios que estavam lá para lutar pela preservação de suas terras. Com eles, percebi como é importante lutar pelo espaço em que vivemos. Quero, agora, dividir esse sentimento com o pessoal do meu bairro, o Jardim Lapenna. Também vou colocar o que vi lá no Rio no site da minha escola.”
Vanessa Rodrigues de França, 13 anos, estudante da EMEF Darcy Ribeiro e participante do projeto Espaço Jovem
“Foi ótimo ver tantas pessoas reunidas para pensar em propostas para nosso país e para o mundo. Aprendi que nós, jovens, também podemos observar quais são os problemas de nosso bairro, mobilizar a comunidade e procurar pressionar as autoridades, com objetivo de trazer melhorias à nossa região. Além disso, pude exercitar o que aprendemos no Sintonia. Tiramos fotos, coletamos depoimentos, twittamos.”
Alexander Batista de Oliveira, 18 anos, integrante do projeto Sintonia Cidadã
“Participar de um dia da programação da Cúpula dos Povos foi marcante. Conhecemos pessoas de diversos estados do país e movimentos sociais. Acompanhamos debates, sarau de poesia, show de rap e a exposição de trabalhos de outros coletivos. Também apresentamos nossas roupas customizadas. O pessoal gostou das produções. Esse dia agregou mais ideias para a nossa iniciativa.”
Laís Fernanda Souza da Silva, 23 anos, do Coletivo Abayomi Ateliê, situado Ermelino Matarazzo.