Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
A questão de gênero abordada pela óptica do esporte
No dia 11 de novembro, aconteceu a roda de conversa Esporte e Gênero, organizada pelo Núcleo Mundo Jovem, da Fundação Tide Setubal, dentro da programação do 7º Festival do Livro e da Literatura de São Miguel. Participaram do encontro Célia Araújo, professora da rede pública de ensino municipal e estadual, Luciano Nascimento Corsino, professor de […]
No dia 11 de novembro, aconteceu a roda de conversa Esporte e Gênero, organizada pelo Núcleo Mundo Jovem, da Fundação Tide Setubal, dentro da programação do 7º Festival do Livro e da Literatura de São Miguel. Participaram do encontro Célia Araújo, professora da rede pública de ensino municipal e estadual, Luciano Nascimento Corsino, professor de Educação Física, e Rosana dos Santos Augusto, atleta de futebol, medalhista de prata nas Olimpíadas de 2004 e 2008.
A jogadora Rosana, que defendeu a seleção brasileira de futebol por 16 anos, na qual teve a oportunidade de participar de vários torneios, contou um pouco de sua trajetória no esporte e as barreiras que enfrentou para ter seu trabalho reconhecido e valorizado. “Quando você é mulher, tem que provar tudo e sempre superar seus limites. O primeiro homem que precisei convencer de que eu era uma jogadora de futebol e muito boa foi meu pai. Ele só colocou fé nisso quando tive meu primeiro contrato na área, com o time do São Paulo”, lembrou.
Durante o encontro, os convidados debateram o esporte como uma importante ferramenta para a transformação e inclusão social, inclusive sobre o que diz respeito à questão de gênero. Luciano Nascimento Corsino, mestre em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência pela Universidade Federal de São Paulo e autor do livro O Professor diante das Relações de Gênero na Educação Física Escolar, falou um pouco sobre seu trabalho, que estuda o cotidiano da educação física escolar, e afirmou: “Trabalhar a questão de gênero nas aulas de educação física não é apenas integrar meninas e meninos durante as atividades. É preciso fazer um trabalho pedagógico de reconhecimento das diferenças”.
Kauan Ferreira Gomes da Silva, de 15 anos, participante do projeto Toque de Letras, da Fundação Tide Setubal, esteve no encontro e relatou: “Eu vejo essa diferença entre meninas e meninos acontecer dentro do futebol. Tem muito preconceito, dizem que só porque são meninas elas não podem fazer isso ou aquilo. Mas as mulheres têm direito iguais aos homens, esse é meu ponto de vista e pratico isso. Na escola e em qualquer lugar, jogo bola com meninos e as meninas”.
As condições das escolas e as barreiras enfrentadas para discutir gênero nas instituições de ensino também marcaram presença na conversa. Para Célia Araújo, debatedora da mesa e professora de Educação Física que atua na região de São Miguel Paulista há 32 anos, existem três principais barreiras para enfrentar e avançar nesse tema nas aulas de Educação Física. “A estrutura que ainda existe na escola em que, por exemplo, as crianças são enfileiradas e separadas em meninas e meninos; os próprios estudantes – cada um apresenta sua particularidade, gerando assim um grupo de diferenças; e os pais, que têm diferentes ideologias.”