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“Sonho que se sonha junto é realidade”

Por Daniel Cerqueira e Iran Santos Silva / Imagem: Reprodução / A Comunidade Jovem Daqui! (Ancestrais do Futuro)

 

 

A série Ancestrais do Futuro chega à sua segunda edição tendo como ponto de partida o sonho. Neste caso, o sonho em um projeto, em um objetivo ou em um destino. Não um sonhar dentro de uma perspectiva individual, mas sim a construção de um sonho coletivo que leva em consideração a ancestralidade de quem projeta o futuro.

 

A proposta da série é ser uma criação de coletivos periféricos das diferentes regiões do Brasil para tratar de assuntos diversos. Para chegar até os grupos produtores desta edição, foi feito um mapeamento nesses mesmos territórios, buscando iniciativas que trabalham com a produção audiovisual, com multilinguagens e pertencentes a grupos e identidades diferentes.

 

A partir deste levantamento, a Fundação Tide Setubal os enviou uma carta-convite para participar de uma série de masterclasses coordenadas por Tony Marlon e Well Amorim, respectivamente jornalista e cineasta e coidealizador do Perifericu (Festival Internacional de Cinema e Cultura da Quebrada) – ambos têm trajetória periférica.

 

Tony destaca a importância desta série de encontros, da qual participaram 24 grupos de todo o país, como uma estratégia de juntar pessoas com sonhos em comum. “Mais do que focar nos finalistas, foi muito importante que os coletivos se juntassem e estivessem em um ambiente de troca, e que o conhecimento se direcionasse para criar uma rede de apoio, possibilitando trocas de oportunidades e compartilhando o saber.”

 

Durante cinco semanas, os coletivos passaram por oficinas de roteiro, narrativas, produção executiva e outros temas relacionados à produção audiovisual. Só então os coletivos enviaram seus projetos foram escolhidos pelo corpo técnico da Fundação e por dois jurados externos: Gabriela Matos, da Renca Produções, um dos coletivos escolhidos na primeira temporada da série, e o roteirista, diretor e produtor M.M. Izidoro, os cinco finalistas produtores da segunda temporada de Ancestrais do Futuro: Cinequebrada Produções (SP), Coletivo Obirin (PE), Dzawi Filmes (PA), MT Queer (MT) e Rede Tumulto (PE). Cada coletiva selecionada recebeu um apoio de R$ 20 mil para a produção do episódio.

 

Gerente de Comunicação da Fundação Tide Setubal, Fernanda Nobre defende que o terceiro setor deve, cada vez mais, abrir espaço para as pessoas contarem as próprias histórias. “ Há diversos coletivos atuando para transformar os territórios e a comunicação é presente nessas narrativas. É importante que a gente possa se ver como plataforma para que suas histórias cheguem, ou seja, espaços e investimentos para que os coletivos produzam e distribuam suas próprias narrativas.”

 

 

Ser plataforma dos coletivos periféricos

 

A série Ancestrais do Futuro nasce da ideia de ouvir e fortalecer as narrativas dos territórios e oferecer o canal Enfrente como plataforma para produções das periferias.

 

 

Assista às cinco temporadas da série Enfrente

 

Assista à primeira temporada de Ancestrais do Futuro

 

 

“Quando lançamos o canal, a série Enfrente tinha como objetivo revelar histórias potentes de pessoas das periferias. No episódio de estreia, Well Amorim contou sua história e depois se tornou diretor do canal. Em nossas trocas, passamos a nos questionar sobre como poderíamos ter uma websérie que revelasse o que está sendo pensado e produzido em outras regiões. Essa reflexão sempre esteve alinhada à ideia de que as causas que defendemos não precisam ser vocalizadas apenas por nós”, pontua a gerente de Comunicação da Fundação Tide Setubal.

 

Sob esta nova perspectiva nasceu, em 2021, a primeira temporada do Ancestrais do Futuro, uma série produzida por coletivos de comunicação das cinco regiões do Brasil. Em 2021, o projeto lançou a reflexão sobre as juventudes e os territórios no centro do debate político, trazendo para o diálogo de qual modo, em seus respectivos espaços, percebem, interagem e fazem política, partindo de suas narrativas, histórias,  ancestralidades e para as dimensões políticas que as atravessam.

 

A série teve como foco iniciativas em suas comunidades que dialogam com os interesses das juventudes nos seus desenvolvimentos social e político, representando suas ideias, a partir  das artes e dos espaços culturais. Ainda, cada episódio mostrou como as juventudes se mobilizam em suas comunidades para entender, participar e preservar elementos culturais, como desenvolvem e organizam projetos pensando no desenvolvimento e na construção de um ambiente seguro e contribuem com a formação dos e das demais jovens.

 

Desta forma, cada coletivo contou a sua história, a história do seu bairro e território, colocando nessas narrativas a lente política e a dimensão do olhar de quem faz parte da comunidade.

 

 

Novas narrativas e sonhos coletivos

 

Os coletivos selecionados para a segunda temporada da série Ancestrais do Futuro, mais do que desenvolverem projetos que falem sobre os sonhos pautados pela equidade e por mundos mais inclusivos, os trazem em seus respectivos DNA e os têm como razão de ser.

 

Wesley Xavier, do coletivo Cinequebrada Produções, destaca que planos e sonhos fazem parte de sua vida desde a infância e que ambos constituem a base das periferias.

 

“Todo o meu esforço foi dedicado em construir estratégias para chegar o mais próximo dos meus sonhos, mesmo diante da luta pelo básico. Nossas mães e comunidades ensinam que conquistar um espaço seguro para criação e ocupar locais de protagonismo para nós, favelados, são como carregar a responsabilidade de mostrar para os nossos que vale a pena sonhar e criar planos”, pontua.

 

A equipe do Coletivo Obirin, por sua vez, considera que o sonhar coletivo tem relação direta com a valorização da ancestralidade e com o combate à estrutura racista da sociedade – o que é refletido na premissa socioambiental do projeto apresentado pelo grupo.

 

“Quando construímos o projeto de episódio, intitulado como SALve, trabalhamos a partir da perspectiva de construção metodológica colaborativa – o que todo coletivo de comunicação almeja, principalmente os que trabalham o recorte racial. Pautar meio ambiente com olhar ancestral e para o futuro, junto com as mulheres da Casa de Sal e Cabrochas Brechó, para nós é uma honra – idem mostrar que sonhar um amanhã para e com nosso povo é fruto da construção do ontem e do hoje”, destaca a equipe do Coletivo Obirin.

 

Agora é hora de projetar o futuro e de sonhar coletivamente. Nasce então, a partir disso, a segunda temporada de Ancestrais do Futuro. Como cravou o poeta e músico Raul Seixas na música Prelúdio, “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade.”

 

 

Do sonho ao play

 

Acompanhe os perfis da Fundação Tide Setubal no Instagram e no Facebook para conferir novidades sobre a nova temporada de Ancestrais do Futuro. A estreia dos primeiros episódios está prevista para novembro de 2022, no Enfrente.

 

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