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Orgulho LGBTQIAPN+: mais do que celebrar, é pelo direito de existir, ser e estar

É necessário apoiar e dar visibilidade à causa e ao orgulho LGBTQIAP+ todos os dias. Afinal, a luta por direitos acontece dia sim, dia também. A mesma lógica vale para o direito de existir, ser, estar, amar e trabalhar diariamente.

 

Nesse sentido, falar em diversidade e inclusão é uma atitude urgente – do mesmo modo como acontece com demais grupos minorizados. De acordo com uma pesquisa da consultoria Great Place to Works, somente 8% de profissionais em cargos de liderança declaram-se LGBTQIAPN+. Ainda, 24% afirmam ouvir comentários discriminatórios ou pretensamente engraçados no ambiente de trabalho, além de 20% passarem por episódios de discriminação, assédio ou intimidação.

 

Desse modo, falar de diversidade e inclusão é uma pauta urgente em organizações e empresas.

 

Em entrevista de 2021 ao site da Fundação Tide Setubal, Lucas Bulgarelli, diretor do Instituto Matizes – Pesquisa e Educação para Equidade, destacou o cenário corrente sobre diversidade e inclusão. De acordo com ele, “é salutar e bem-vindo que as empresas e organizações consigam também encontrar as suas estratégias para poderem viabilizar o debate sobre diversidade da porta para fora também, é importante que as coisas mudem para dentro e esse posicionamento para fora.”

 

Ainda, Lucas destacou os reflexos da luta em favor de diversidade e inclusão no tecido social, com direito a reflexões sobre movimentos contrários a essas pautas. Em resumo: sobre quem as reduz à lógica infantil de que se trata de vitimismo. “Entendo o ‘mimimi’ como: ‘bem, as coisas sempre estiveram erradas’. Agora, se a gente consegue falar sobre elas e articular um vocabulário em que as pessoas conseguem também se reconhecer nessas lutas e questões, isso é positivo. É bom que a sociedade melhore.”

 

 

+ Confira a entrevista com Lucas Bulgarelli na íntegra

 

+ Baixe a Política de Diversidade e Inclusão da Fundação Tide Setubal

Pelo direito à cidadania plena

A perspectiva apresentada por Bulgarelli dialoga com o ponto mostrado por Luiz Fernando Prado Uchoa, jornalista, coordenador do Núcleo de Transmasculinidades da Rede Família Stronger e coordenador adjunto da área de homens trans e transmasculines da Aliança Nacional LGBTI+. Durante o evento LGBTerritórios: Direitos, cidadania e dignidade para a população LGBTQIA+ nas periferias urbanas, em 2021, Luiz Fernando destacou quão intensas são as dificuldades da população LGBTQIAPN+ em áreas periféricas.

 

Para Luiz Fernando, “se não houver o mínimo para sobrevivência, você não pode ser e amar, seja na periferia ou em qualquer lugar. Isso acentua-se na periferia: o marcador econômico gere a possibilidade de existência, principalmente se você for LGBTQIAPN+ e pessoa negra.”

 

Nessa trilha, ele ressalta o desejo de ver a realidade social justa e pautada pela equidade. “Queremos uma sociedade equalitária, com respeito a todas as subjetividades em todos os cantos da cidade. O direito à cidade tem de ser de todos, todas, todes e o que mais vier.”

 

 

 

Confira os diálogos do evento LGBTerritórios: Direitos, cidadania e dignidade para a população LGBTQIA+ nas periferias urbanas

Apoiar o crescimento da população LGBTQIAPN+

O diálogo sobre o apoio do ISP a lideranças LGBTQIAPN+ deu o tom do evento Uma Narrativa Travesti Para Além de Janeiros, de 2022. Durante a atividade, a cientista social Lupita Amorim, uma das lideranças apoiadas na primeira edição do Edital Traços, da Plataforma Alas, falou sobre os efeitos do apoio recebido por ela em sua trajetória.

 

“Com esse fomento, consegui fazer o meu curso de inglês – algo que eu queria há muito tempo. É fundamental para nós estarmos muito instrumentalizadas, pois isso nos faz termos outras oportunidades de trabalho. Consegui ter uma consultoria em relação às escritas do meu TCC e de outras produções acadêmicas”, comenta.

 

Já Jovanna Cardoso, uma das fundadoras do movimento trans no Brasil e presidenta do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans), considera, por meio do apoio do Edital Traços, ter se sentido “valorizada, inserida, percebida e olhada. Com esse recurso, finalizei e estou continuando os estudos. Finalizei a minha graduação e virei gestora pública. Estou finalizando a minha pós-graduação em Gestão de Pessoas”

 

Por fim, Jovanna, deixa um ponto de atenção e reflexão para o terceiro setor e o campo do ISP. “A gente precisa que mais organizações se reverberem, voltando o olhar para as especificidades trans.”

 

 

 

Assista à atividade Uma Narrativa Travesti Para Além de Janeiros

 

 

 

Texto: Amauri Eugênio Jr. / Foto: Anete Lusina / Pexels

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