O Centro de Pesquisa e Documentação (CPDOC) São Miguel participou em junho do 1º Simpósio de Memória Oral e História da USP Leste, apresentando o projeto do Observatório de Memória Audiovisual. Realizado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em História Oral e Memória (GEPHOM), o evento acadêmico aconteceu de 22 a 23 de junho no campus da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH – USP), mais conhecida como USP Leste, localizada em Ermelino Matarazzo.
O objetivo do Simpósio, que reuniu mais de 80 trabalhos, foi agregar pesquisadores acadêmicos e instituições que desenvolvem ações relacionadas à história oral e à memória. Para Mauro Bonfim, coordenador do CPDOC São Miguel, o convite para a participação no Simpósio foi uma oportunidade de difundir o Observatório e permitiu a troca de conhecimento com grupos que também produzem memória, com o envolvimento da comunidade e tendo a perspectiva do desenvolvimento local. “De que maneira a memória é utilizada como uma ferramenta para o desenvolvimento local? Queremos todos pensar em quais são esses desafios”, relata.
O coordenador do CPDOC destaca ainda que simpósios como este são uma ferramenta importante para o fortalecimento das entidades que realizam projetos de memória, reforçando a apropriação dessa prática, assim como os laços de pertencimento ao território. “Além disso, a aproximação com a universidade pública pode fortalecer a relação com a educação porque fica possível fazermos a ponte entre universidade e escola, contribuindo mais e mais para que o professor trabalhe com memória social na sala de aula, por exemplo”.
O evento foi dividido em dois eixos principais: “História oral, memória e fontes de pesquisa” e “História e memória da zona leste de São Paulo”. Com o segundo eixo, que contou com a apresentação do projeto do CPDOC, o GEPHOM buscou integrar os vários grupos que lidam com o tema na região.
“A USP Leste tem de ter um compromisso com seu entorno, precisa se aproximar da comunidade. O Simpósio representa uma possibilidade de trabalho conjunto em algum momento”, conta Valéria Barbosa de Magalhães, professora da USP Leste, coordenadora do GEPHOM e organizadora do evento. Ao saber do CPDOC, a pesquisadora ficou curiosa para conhecer o projeto em detalhes. “O Centro visa preservar a memória de uma importante região da zona leste. Ele está dentro da linha de atuação do GEHPOM”, destaca Valéria.
Redes sociais e memória
Mauro Bonfim apresentou o Observatório de Memória Audiovisual. O projeto trabalha com formação (oficinas de Fotografia e Memória, Videodocumentário e Fotodocumentário); fruição (expedição fotográfica); e difusão (exposição de fotos).
O fato de usar redes sociais possibilita o envolvimento das pessoas para compartilharem depoimentos, histórias, fotografias e vídeos.
“O processo de produção de memória social já pode se dar de forma horizontal”, destaca Mauro. Ou seja, grupos, instituições e comunidades têm a possibilidade de exercitar uma prática antes restrita ao universo acadêmico. No entanto, ele enfatiza que é necessário o uso de metodologias para qualificar a produção de memória social. “As redes sociais são parte deste processo, e não o único canal”.
Brasil Memória em Rede
Para ampliar o diálogo sobre o uso da memória como ferramenta de desenvolvimento social, o CPDOC São Miguel Paulista integra desde 2008 o Brasil Memória em Rede. Essa iniciativa do Instituto Museu da Pessoa congrega instituições e pessoas de todo o país que atuam sob esta perspectiva. O objetivo é mobilizar os grupos e fomentar as discussões entre os produtores para democratizar o uso e a prática da memória histórica brasileira. Entre as ações do movimento, estão a organização de fóruns e a construção de um Centro de Referência Virtual de iniciativas e métodos. No site www.brasilmemoriaemrede.org.br, encontra-se um mapa dos participantes da rede e a descrição dos respectivos trabalhos.