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Criação coletiva fecha curso de literatura de cordel e xilogravura com Mestre Valdeck de Garanhuns
O curso faz parte do III Encontro de Cultura Caipira do CDC Tide Setubal e busca valorizar a cultura popular.
Mestre Valdeck de Garanhuns, xilogravurista com 25 anos de carreira. (Fotos: Verônica Manevy) |
O curso de literatura de cordel e xilogravura, que aconteceu entre os dias 1º e 5 de junho, no CDC Tide Setubal, em São Miguel Paulista, sob a coordenação de Mestre Valdeck de Garanhuns, terminou com a produção de um folheto de cordel, composto pelos versos escritos por todos os alunos durante as aulas. O curso integra a programação do III Encontro da Cultura Caipira, promovido pela Fundação Tide Setubal.
Mestre Valdeck ensinou aos participantes a forma de expressão rimada do cordel e lançou aos alunos a cultura popular brasileira como tema central para que se inspirassem. A partir daí, cada um produziu seu material. Os alunos também aprenderam a fazer xilogravuras – o processo de reprodução em papel de uma imagem gravada em relevo na madeira. Os trabalhos ficarão expostos no CDC Tide Setubal, para apreciação do público, nos dias 26, 27 e 28 de junho, durante as comemorações do arraial caipira.
Dirigido à comunidade de São Miguel Paulista e a interessados em geral, o curso, livre e gratuito, faz parte da contribuição cultural da Fundação Tide Setubal para a região no período dos festejos juninos. Segundo Mestre Valdeck, a diversidade dos alunos chamou-lhe a atenção: “Aqui, o diferencial é a platéia”, disse. “É um pessoal interessado, com talento.”
Com 25 anos de carreira, o pernambucano Valdeck trabalha com diversas expressões da cultura popular: literatura (poesia e literatura de cordel), xilogravura, música e teatro de mamulengos. Como xilogravurista, participou de importantes salões de artes plásticas, de exposições coletivas e individuais. No exterior, expôs em Washington e Nova York, nos Estados Unidos; em Hameln e Erlangen, na Alemanha. Há obras suas no acervo do Museun für Völkerkunde, em Frankfurt, Alemanha.
Comunidade e multiplicadores
Mestre Valdeck auxiliou na confecção do trabalho artístico dos alunos, mesmo no caso de quem já tinha experiência com arte, como o aposentado Euflávio Gois, que usa seu tempo livre para fazer esculturas e quadros em madeira. “Sempre estive em contato com a cultura do cordel, e por isso decidi fazer o curso”, conta Gois. Por sua vez, o jovem Daniel Marques, estudante de teatro, diz ter se inscrito por se interessar “por todas as formas de arte”.
Daniel Marques é um admirador das artes |
Para a professora de história Rosângela Augusta da Silva, que trabalha em uma escola da rede municipal na Zona Leste e nunca tinha tido contato com a literatura de cordel, aprender sobre a cultura popular é uma forma de preencher a lacuna que existe hoje entre cultura e educação. “Acho que podemos introduzir a literatura de cordel nas dinâmicas da escola, pois é acessível aos alunos, dada sua riqueza e o fato da nossa região reunir muitos moradores de origem nordestina”, sugeriu.
Professora Rosangela no primeiro contato com a literatura de cordel |
Outro participante, o artista Raberuan, integrante do histórico MPA (Movimento Popular de Arte), apreciou a experiência: “Sempre me interessei pela cultura nordestina, e leio cordel desde menino”, contou. Ele pretende multiplicar o aprendizado do curso em seus trabalhos pedagógicos desenvolvidos com jovens, crianças e idosos.
O próximo curso previsto na programação do III Encontro Caipira abordará a confecção de bonecos e será realizado de 16 a 19 de junho, também no CDC Tide Setubal, das 14h às 17h. É gratuito e aberto a todos os interessados, maiores de 12 anos. As inscrições podem ser feitas por telefone (11) 2297-5969 ou por e-mail: inscricoes@ftas.org.br.
Raberuan, músico do MPA, lê literatura de cordel desde de menino |