Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Encontro de Cultura Hip Hop e Aliados comemora 10 anos
Encontro de Cultura Hip Hop e Aliados acontece anualmente, no CDC Tide Setubal, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, chegou a sua 10º edição e para marcar essa data promoveu um intercâmbio, dentro do movimento da cultura Hip Hop, com a zona sul da cidade. “Essa integração é mais uma ponte, dos […]
Encontro de Cultura Hip Hop e Aliados acontece anualmente, no CDC Tide Setubal, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, chegou a sua 10º edição e para marcar essa data promoveu um intercâmbio, dentro do movimento da cultura Hip Hop, com a zona sul da cidade. “Essa integração é mais uma ponte, dos vários caminhos que nós estamos criando para que esses momentos não sejam apenas pontuais, mas que se torne união dos grupos periféricos de diferentes regiões da cidade”, Doni Araújo da Cia. De Artes Decálogo JALC.
O rapper Fernando RV relembra um pouco da história do Encontro de Cultura Hip Hop e Aliados “Eu dava oficinas de grafite para as crianças no CDC Tide Setubal, em 2006, e eu e uns companheiros tivemos a ideia de fazer um encontro de grafite. Quando falamos com o pessoal da Fundação, eles propuseram fazer um encontro maior de Hip Hop. E olha aí, chegamos ao 10º Encontro. Todas as edições foram importantes tanto para dar oportunidades para bandas e artistas locais da zona leste, como também trazer aqui para a periferia artistas famosos como o Criolo, Emicidade, SNJ, RZO, Nocivo Shomon, entre tantos outros, tivemos até grafiteiro internacional. Esse evento se tornou referência na região”.
“O movimento Hip Hop dialoga com a proposta da Fundação Tide Setubal de pensar o território. Esse movimento cultural é uma voz de denúncia sobre a exclusão social, a desigualdade e a inequidade que se encontra nas periferias. O que propomos com esse encontro é manter viva essa mobilização, debater temas que estejam alinhados com as demandas da comunidade”, Inácio Pereira dos Santos Neto, coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal.
O encontro sempre aborda uma temática principal e esse ano foi Direito à cidade. “Levantar esse assunto é muito importante para contribuir nas reinvindicações dos moradores da periferia por acesso, de verdade, à cidade, porque ele só acontece no momento de ir trabalhar e na hora que voltar para casa”, afirma Alanshark do Coletivo Fora de Frequência. Além disso o Encontro de Cultura Hip Hop e Aliados foi mais um dos eventos preparatórios para o Seminário Internacional Cidades e territórios: encontros e fronteiras na busca da equidade, evento que celebrará os 10 anos da Fundação Tide e acontece no próximo dia 14 de junho, na Fecomercio, Bela Vista, São Paulo (SP), em parceria com a Folha de S.Paulo.
O Encontro de Cultura Hip Hop e Aliados foi dividida em quatro dias e teve evento nas duas regiões envolvidas. Nos dias 06 e 12 de maio, aconteceram as rodas de conversas, a primeira na EACH, na zona leste e a segunda na Paróquia Santos Mártires, na zona sul e debateram questões ligas ao Direito à Cidade, como educação, sustentabilidade, segregação social, violência entre outros (saiba mais sobre as rodas de conversa).
Já nos dias 07 e 14 de maio foi a vez das ocupações nos espaços do campo do CDC Tide Setubal e na rua em frente à igreja da Paróquia Santos Mártires, e contou com shows de rap, Bboy e Bgirls em apresentações de break, intervenção teatral, saraus e grafite nos muros das regiões. Em quase todas as expressões artísticas realizadas durante o 10º Encontro de Cultura Hip Hop e Aliados a periferia, a cidade e a questão da falta de direitos atendidos estavam pautadas, por exemplo as músicas e poemas recitados durante os sarais que abordavam sobre transporte público escasso e de baixa qualidade, a ausência da cobertura da grande mídia aos problemas periféricos, a falta de respeito com as mulheres, entre outros, e também em muitos grafites, como o caso das meninas do Coletivo Necrims que desenharam o rosto uma mulher, negra e com cabelo black, ao lado colocaram os dizeres ‘Heey Mano respeita as Minas!’.
Amauri Eugênio Jr.