Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Encontro debateu o espaço e a produção feminina nos quadrinhos
No dia 10 de novembro, a conversa com autoras Traço de Mulher – A Produção Feminina nos Quadrinhos, Gabriela Franco, Laura Athayde e Petra Leão debateram a atuação das mulheres no universo dos quadrinhos, mercado que ainda carrega traços de machismo e preconceito por parte das editoras, dos prêmios, dos fãs, das convenções e até […]
No dia 10 de novembro, a conversa com autoras Traço de Mulher – A Produção Feminina nos Quadrinhos, Gabriela Franco, Laura Athayde e Petra Leão debateram a atuação das mulheres no universo dos quadrinhos, mercado que ainda carrega traços de machismo e preconceito por parte das editoras, dos prêmios, dos fãs, das convenções e até dos comerciantes. Para se ter ideia, a edição deste ano do Angoulême, considerado um dos maiores prêmios do mundo das HQs, a lista de 30 quadrinistas indicados ao prêmio era composta apenas por homens.
Petra Leão, roteirista da Turma da Mônica Jovem, umas das revistas mais vendidas da América Latina, dividiu sua experiência na produção de HQ com as participantes da mesa e com o público presente. Petra lembrou diversas situações na qual teve seu trabalho discriminado por ser uma produção feminina e garantiu: “Nada como uma boa convenção de quadrinhos para que nós, mulheres, possamos vivenciar de maneira intensa o machismo presente no mundo nerd”.
A mediadora da conversa, Gabriela Franco, jornalista especializada em HQ e cultura pop e editora do site Minas Nerds, citou um episódio que aconteceu com ela durante um evento de quadrinhos. “Durante um debate, eu afirmei que um determinado personagem de uma HQ famosa tinha uma relação homoafetiva com outro personagem conhecido. Um dos participantes desse encontro não acreditou em mim, garantindo que não era possível, mesmo depois de eu ter citado fontes que confirmavam minha informação”.
A advogada Laura Athayde trabalha atualmente como designer e é apaixonada por HQ desde a infância. Durante a conversa, Laura contou como tem conquistado seu espaço e combatido o machismo com seu trabalho. “Eu já comecei na área em iniciativas só de mulheres e sempre falando do cotidiano feminino, isso acabou me fortalecendo como feminista. Hoje em dia, me posiciono politicamente sobre isso. Acredito que a história em quadrinhos tem um alto alcance na sociedade devido a sua ampla circulação. Por isso, a vejo como uma possível ferramenta de transformação social”, afirmou Laura.
“Não sou fã de quadrinhos, mas achei a conversa com as meninas bem legal. Me interesso muito em saber coisas sobre feminismo, principalmente porque eu ando de skate e sou vítima de muitas atitudes machistas”, contou Bruna Pinilia, estudante do 2º ano do Ensino Médio na Escola Carlos Gomes.
Mariana Matos, estudante de Letras da Universidade Cruzeiro do Sul, vidrada em quadrinhos, comemorou: “Foi fantástico, esse encontro foi uma união das duas coisas que eu mais conheço, quadrinhos e feminismo”.
“Eu adorei o encontro, a mesa foi sensacional. Os adolescentes e jovens têm uma necessidade muito grande de trocar ideias sobre os assuntos que eles curtem e isso contribuiu para compartilharmos nossas experiências com eles”, declarou Gabriela Franco.