Fundação Tide Setubal
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Encontro na Zona Leste inicia ciclo de debates sobre cidades e territórios

Prática de desenvolvimento

10 de maio de 2016
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No último dia 06 de maio, aconteceu a roda de conversa Direito à Cidade sob a perspectiva do Espaço Público, Liberdade de Expressão e Equidade. O encontro aconteceu na Escola de Artes, Ciências e Humanidades Universidade de São Paulo – EACH USP e abriu um ciclo de debates, que precedem o Seminário Internacional Cidades e Territórios: encontros e fronteiras na busca da equidade, que celebra os 10 anos da Fundação Tide Setubal que acontece no próximo dia 14 de junho, na Fecomercio, Bela Vista, São Paulo (SP).

 

A abertura do encontro foi feita por Paula Galeano, superintendente da Fundação Tide Setubal, que agradeceu a parceria da Folha de S.Paulo para realização desta roda de conversa e a EACH por acolher o evento. Paula deu início ao debate provocando os participantes, “como os territórios recebem as políticas públicas, elas contribuem para o desenvolvimento local ou não? ”.

 

Participaram do debate Neli Aparecida de Mello Thery, geografa e vice-diretora da EACH, Eleilson Leite, historiador e coordenadora de cultura da Ação Educativa, Eduardo Vasconcelos, diretor do Instituto Movimento de São Paulo e assessor da Associação Nacional dos transportes Públicos (ANTP) e Elaine Mineiro, atriz do Coletivo NoBatente e integrante do Movimento Cultural das Periferias.

 

Para debater sobre cidade, é importante lembrar os princípios de sua configuração, troca e integração, segundo Neli Aparecida de Mello Thery, que afirma, “hoje o que vejo é uma cidade segregada e fragmentada. Rompendo suas pontes com o outro. A dinâmica urbana atual é de fechamento”, usou como exemplo o aumento na construção de condomínios fechados. E destaca que as cidades atuais perderam sua identidade urbana, “o que temos hoje são modelos individuais, se você fala em política pública e cidade, qualidade de vida e sustentabilidade, os modelos não podem ser individuais”.

 

Ainda sobre a questão do espaço nas cidades, o especialista Eduardo Vasconcellos lembra que antes de discutir sobre essa questão é preciso ter clareza que estamos falando sobre sistema de mobilidade que é público, feito de vias, carros, calçadas e pedestres. A escassez do espaço requer que ele seja definido, e no Brasil ele é definido no patamar político, sem a participação da sociedade. Por essa razão Eduardo afirma, “existe uma enorme inequidade na população brasileira. O espaço é para todos, essa divisão tem que ser rediscutida. Na questão da mobilidade o pedestre foi ignorado pelas políticas públicas brasileiras, bem como a bicicleta. O sistema de transporte público só foi pensado para servir a questões econômicas, afinal ele leva as pessoas para o trabalho. O verdadeiro investimento é em vias para o automóvel”.  O especialista ressalta a importância de se redefinir essa questão do espaço, “temos que assumir que a mobilidade tem de ser um direito para todos”, finaliza.

 

Cidades recortadas, com suas periferias distantes do centro e mobilidade precária. Esse cenário escancara uma série de questões enfrentadas pela população, como as diferenças no mapa da cultura na cidade.

 

Nesse contexto, o convidado Eleilson Leite trouxe um pouco da história da criação da Agenda Cultural da Periferia, “a ideia veio de observar que, no Guia da Folha, todas as atividades se restringiam a 20 distritos da cidade, dos 96 existentes. E o restante não é um deserto cultural!”, lembra. Hoje, com nove anos de sua criação essa publicação é muito importante para divulgação de atividades culturais que acontecem nas periferias da cidade de São Paulo.

 

A discrepância do incentivo à cultura nas periferias foi o marco da fala da integrante do Movimento Cultural das Periferias, que luta pela aprovação da Lei de Fomento à Periferia Elaine Mineiro. “A concentração dos investimentos nos equipamentos e atividades culturais, estão na região central da cidade. Existem em São Paulo 16 distritos sem nenhum equipamento cultural, todos eles na periferia. Não há lógica nessa distribuição, menor investimento onde mais precisa”, afirma. Para Elaine, a importância de discutir a cidades e territórios “é fortalecer as redes que estão nas bordas, gostaria que o acesso fosse igualitário entre todos os territórios. A gente produz, o que precisamos de fato é de acesso”.

 

 

Saiba mais

 

Para mais informações sobre o Seminário Cidades e Territórios: encontros e fronteiras na busca da equidade, acesse folha.com/cidadeseterritorios

 

Saiba mais também sobre as rodas de conversa na zona sul (clique aqui) e no centro (clique aqui).


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