Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Entre saberes, emoção, conhecimento e humanidade
Por Amauri Eugênio Jr. Havia um ponto de luz onde uma fada abria portais para mostrar a existência de mundos possíveis para quem o visitasse. Lá, os visitantes podem ser o que e quem quiserem, têm poder para escrever as suas histórias e para viajar para onde tiverem vontade. Além disso, as viagens […]
Por Amauri Eugênio Jr.
Havia um ponto de luz onde uma fada abria portais para mostrar a existência de mundos possíveis para quem o visitasse. Lá, os visitantes podem ser o que e quem quiserem, têm poder para escrever as suas histórias e para viajar para onde tiverem vontade. Além disso, as viagens são iluminadas por diversos faróis.
O parágrafo acima lembra a sinopse de um livro de realismo fantástico, mas cabe também como descrição do Ponto de Leitura do Jardim Lapena, situado no Galpão ZL, núcleo de Prática de Desenvolvimento Local da Fundação Tide Setubal. Ou, como preferir, o ponto de luz, como foi descrito na publicação Entre Livros – Dez Anos de Histórias e Transformações Por Meio de Palavras no Jardim Lapena, lançado em 4 de dezembro, que retrata a primeira década de funcionamento do espaço administrado por Malu Gomes, a fada que abre portais para mundos possíveis. Ah, sim: os faróis são livros.
O livro ganhou o mundo durante a live realizada em 4 de dezembro, mediada pelo jornalista, pesquisador e folclorista Eduardo Agualuz. Participaram figuras marcantes para a história do local – incluindo Malu, descrita na publicação como “a mulher que não tinha medo dos livros, a que, hoje, abre as portas do Ponto, apresenta os livros e os ajuda a serem morada.”
Maria Alice Setubal, presidente do conselho da Fundação Tide Setubal, abriu o evento ao falar da sua relação com os livros, que começou graças à sua mãe, Tide Setubal, até chegar à criação do Ponto, que surgiu a partir do trabalho desenvolvido no Projeto Ação Família e da parceria com o Sistema Municipal de Bibliotecas. “Sempre falo que as fundações e a filantropia têm um papel superimportante, mas sempre adquirem um patamar [maior] e dão um salto quando somos capazes de nos articularmos com as políticas públicas.”
BAIXE O A PUBLICAÇÃO ENTRE LIVROS – DEZ ANOS DE HISTÓRIAS E TRANSFORMAÇÕES POR MEIO DE PALAVRAS NO JARDIM LAPENA
Das caixas ao ponto de luz
Marlene Cortese, conselheira da Fundação Tide Setubal à época da criação do Ponto de Leitura, relembrou passagens do seu envolvimento com o projeto. “Foi uma época muito bonita e rica, que partiu de uma caixa de livros. Aprender a ouvir e a construir junto e fazer com é maravilhoso. A gente conseguiu dar espaço para todas as faixas etárias, para todos os credos, para todo mundo.”
Se Marlene é uma figura fundamental para o Ponto de Leitura, é impossível falar dele sem citar Malu. A construção do vínculo dela com o local – e com o Jardim Lapena, como coincidência – coincide com o trabalho para transformar em realidade o ponto de luz. “O espaço de leitura é um lugar de encontro com livros, consigo próprio, de escuta e de acolhida ao que o outro tem a dizer. A inspiração que veio de Marlene e Neide Almeida me ajudou a ter escuta, acolhimento e encontro com a leitura. É algo mágico e como se houvesse vários portais e é um ponto de encontro que promove trocas de muitas experiências.”
A escritora, poeta, socióloga, educadora e produtora cultural Neide Almeida ressaltou a essência acolhedora do local e o descreveu como um lugar de pertencimento – “pertencimento pensado como direito e construído por todas as pessoas que fazem parte e estão naquele espaço.” Neide destacou a história de Djalmas Simões dos Santos, morador do Jardim Lapena que, em vida, fez dali o seu porto seguro. “Vejo no seo Djalmas a memória do leitor insurgente e insubordinado, que reinventa a si e ao mundo a despeito de tudo o que poderia ser imposto como interdição para ele ter se tornado leitor.”
Já a jornalista, escritora e professora Ana Holanda, autora da publicação, pontuou que a obra “é sobre livros e é um livro de histórias” e destacou que o Ponto de Leitura simboliza portal para mundos e perspectivas possíveis. Além disso, Ana destacou as participações dos dez leitores retratados na publicação, que escreveram também na obra sobre as suas respectivas relaões com o local. “Quando eles escreveram, eles puderam experimentar os dois lados: de ler e de escrever, e de se verem virando histórias de livros, sendo portais para outras pessoas. Sou muito grata por ter dado vida a essas histórias.”
Emoção em prosa, verso e vídeo
Além de intervenções em vídeo feitas pela Cia. EmQuadro, na qual os atores interpretaram algumas das histórias incluídas no livro, a transmissão contou com o anúncio dos três vencedores do concurso de poesia organizado pelo Ponto de Leitura, no qual 15 trabalhos foram enviados para o WhatsApp do Galpão ZL. Os três premiados, que ganharam um vale-livro cada de, respectivamente, R$ 300, R$ 200 e R$ 100, foram Gabriel Lima, Lucas Vinícius Alves e Paulo dos Santos Souza.
Por fim, o ápice da celebração, inclusive de modo emotivo, ficou para o final e em formato de um vídeo no qual pessoas cujas trajetórias foram marcadas pelo Ponto de Leitura homenagearam a fada Malu.
Assista a seguir à live de celebração dos dez anos do Ponto de Leitura do Jardim Lapena.