Fundação Tide Setubal
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Festejos juninos do CDC Tide Setubal consagram tradição caipira na Zona Leste

Prática de desenvolvimento

27 de junho de 2013
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(Fotos Vanderson Atalaia)

 

 

Pelo sétimo ano seguido, o CDC Tide Setubal abrigou o Encontro de Cultura Caipira de São Miguel Paulista. Entre 21 e 23 de junho, cerca de 2.500 pessoas de vários bairros da capital passaram pelo clube, numa festa que a cada ano fica mais conhecida por fortalecer e celebrar as tradições do interior. O arraial, promovido pela Fundação Tide Setubal, reuniu grupos de música e dança do estado de São Paulo, incentivou o preparo de diferentes iguarias típicas vendidas em 14 barracas, reviveu brincadeiras da roça e integrou escolas públicas do entorno.

 

“Nossa festa já está na agenda dos que vieram em anos anteriores, mas sempre atrai mais público, porque procuramos inovar em toda edição”, avalia Inácio Pereira dos Santos Neto, organizador do Encontro e coordenador do Núcleo ArteCulturAção da Fundação Tide Setubal. “É uma ocasião para disseminarmos conhecimento, reverenciarmos nossas tradições e proporcionamos alegria para quem vem ao CDC”, completa.

 

O mote de 2013 — Infância na Roça — atraiu gente de todas as idades. As crianças receberam atenção especial durante oficinas de construção de brinquedos, como perna de lata e perna de pau, e em disputas como a corrida do saco. Outro destaque ficou por conta da participação de escolas da região. Cerca de 270 crianças da EMEI Profa. Helena de Paula Marin apresentaram danças de arraial no sábado para uma plateia repleta de pais e convidados. Ao mesmo tempo, uma exposição de desenhos, criados pelos alunos da EMEF Almirante Pedro de Frontin, alegrou o ambiente com o tema Rua da Integração.

 

Para Aparecida Guimarães, coordenadora pedagógica da EMEI Profa. Helena de Paula Marin, levar os alunos de 4 a 5 anos para o CDC foi uma experiência muito positiva. “Entendemos que seria importante para as crianças dançar em um ambiente diferente da escola. Todo mundo que foi gostou do espaço, da festa, dos enfeites, das comidas e, claro, das apresentações”, relata.

 

 

Cheiro de interior e tempo de menino

 

Creusa Santana, assistente social aposentada, 68 anos, nasceu em São Miguel, mas visitou o arraial do CDC no sábado pela primeira vez. “Estou encantada porque fui criada com essa tradição junina. Mexe com a alma encontrar a fogueira na rua, sentir o cheirinho da madeira queimada no ar e ver que a nossa região ainda tem uma festa genuína.” Seu companheiro, Hamilton Ramos, serralheiro, de 72 anos, também ficou animado. Nascido em Remanso, no interior baiano, e morador de São Miguel há mais de seis décadas, ele elogiou a música e o quentão. “Vou chamar meus amigos para vir aqui no ano que vem”, garantiu.

 

As irmãs Neila Estéfani e Kailane, de 6 e 8 anos respectivamente, entraram na fila da oficina de brinquedos decididas a preparar suas pernas de lata. Monitores da Fundação ajudavam na construção: faziam dois furos com pregos no fundo de latas vazias e decoradas com spray e, em seguida, amarravam cordões compridos nelas. Daí, bastava a meninada “calçar” as latas e sair puxando as pernas com as mãos pelos cordões. Neila desfrutou da engenhoca assim que ficou pronta, fez bastante barulho e gostou do resultado: “É muito legal porque parece que estou com outro sapato embaixo do meu”.

 

Milena Vitória, de 10 anos e 1,35 m, preferiu pernas de pau. Coube a Cícero Ferreira, 48 anos, frequentador assíduo da Oficina de Luteria promovida pela Fundação Tide Setubal no Galpão de Cultura e Cidadania do Jardim Lapenna, ajeitar os sarrafos e parafusar o apoio dos pés numa altura que proporcionasse diversão sem causar acidentes. Mesmo após dezenas de pares de pernas de pau e de lata ao longo de três dias de festejos, Cícero seguia incansável: “Isso aqui me faz lembrar de quando eu era menino”.

 

 

Paquera, jongo e viola

 

Ronald Luis Vieira Couto, de 14 anos, aluno da E.E. Ataulpho Alves, na Vila Rosário, São Miguel, prestigia o Encontro de Cultura Caipira do CDC há três anos. “Gosto das barracas, da música, mas também da paquera que rola na rua antes da entrada.” A técnica em enfermagem Cristiane Alves Vitorino, de 34 anos, outra frequentadora assídua, destacou a boa música, a segurança e a comida de qualidade. “Essa mistura de polenta, carne moída e verdura, que chamam de iaiá com ioiô, é uma delícia.”

 

A trilha sonora, um dos pontos altos dos festejos, contou com o legítimo forró pé de serra, tocado ao vivo pelo Trio Rastapé Flor de Muçambê, que entremeou as atrações. Apresentações de maracatu, congada e de cordões (um folclórico e outro carnavalesco) deram um tom de diversidade cultural à festa.

 

O grupo afro Jongo de Piquete esteve entre os que mais envolveram o público. Mas o que tem a ver uma dança africana com a cultura caipira? “O jongo é uma dança rural praticada pelos negros escravos nas fazendas de café”, explica a jongueira Rozilis Luíza, de 38 anos. As músicas eram todas metafóricas para que os grandes fazendeiros não entendessem o que queriam dizer e não punissem os escravos. “É importante reforçar essas culturas tradicionais e explicar a origem delas para que não acabem.”, observou Rozilis.

 

Outra atração que animou os presentes foi a Orquestra de Viola Brasileira de Atibaia (SP), que se apresentou pela primeira vez na noite de sábado. Quase 40 integrantes interpretaram músicas caipiras de raiz no instrumento conhecido como viola brasileira. Sob a batuta do maestro Agnaldo Villaça, de 49 anos, o grupo atendeu a pedidos do público, que cantou junto dos violeiros. No domingo, um coro igualmente emocionado acompanhou a Orquestra de Viola de Piracicaba, deixando um gosto de quero mais para 2014.


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