Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Espaço público ganha vida com intervenções artísticas e literárias
Na edição 2010, o Festival do Livro e da Literatura foi idealizado a partir do conceito dos Corredores de Livros. Segundo Tião Soares, organizador do evento e coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal, a idéia era transformar as ruas em espaços de convívio humano e de troca de saberes e experiências. Assim, foram criados […]
Na edição 2010, o Festival do Livro e da Literatura foi idealizado a partir do conceito dos Corredores de Livros. Segundo Tião Soares, organizador do evento e coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal, a idéia era transformar as ruas em espaços de convívio humano e de troca de saberes e experiências. Assim, foram criados itinerários para livre expressão do público e de coletivos artísticos. Durante os três dias do Festival, o bairro foi tomado por manifestações culturais.
Nas paradas de ônibus, os transeuntes foram surpreendidos por artistas da Cia. Trupe de Peripécias. Eles declamavam poemas, entregavam livros e levavam um pouco de humor, quebrando a rotina urbana. Para o palhaço Tchutchuco, um dos pontos altos da intervenção foi quando um senhor resolveu também se manifestar. “Sem vergonha, declamou um poema no meio da multidão”, relatou.
A rua foi o palco para a intervenção literovisual “Poética de Passagem”, do Projeto Arte CulturAção, da Fundação Tide Setubal. E deu passagem ainda para o cortejo poético do Maracatu São Miguel, com seus instrumentos de percussão trabalhados, roupas coloridas e máscaras. A Estação de Trem de São Miguel recebeu outras atrações, como intervenção teatral “Troços”, da Descompan(h)ia Teatral, e a “Cenopoesia”, do Projeto Marginaliaria, que mesclava música e leitura de contos e poesia.
O Mercado Municipal de São Miguel também abrigou atividades, como o recital poético da Confraria da Literatura e a intervenção do Coletivo Pi “Narrativas de Miguel”, na qual as pessoas eram convidadas a contar suas histórias do bairro. “As pessoas pararam sua rotina para conversar conosco. Durante um tempo, estiveram ali como escritores, poetas, historiadores, transformando as palavras em imagem e poesia, contribuindo de maneira singular para a memória de São Miguel”, avaliou Pâmella Cruz, integrante do Pi.
Encontro na praça
Nos três dias do Festival, a Praça do Forró sediou uma série de atrações: contação de histórias, bate-papo com autores, apresentação de dança, intervenção teatral e lançamento de livro. Além da tenda das atividades, o caminhão do Bibliosesc ficou estacionado no local para consulta de livros à população. Quem passava pela região dava uma paradinha para conferir o que estava acontecendo. Foi o caso de Regina Aparecida Gonçalves, moradora de Itaquera, que estava de passagem por São Miguel, viu a tenda e resolveu ficar para ver a Caravana do Cordel. “Foi muito interessante. Não sabia nada sobre literatura de cordel. Aprendi bastante”.
O sábado foi um dia especial na Praça. Pela manhã, houve contação de histórias. No horário do almoço, o Núcleo de Música e Luteria lançou o livro Olhar, Ouvir, Tocar – Experiência da Educação pela Arte, que reúne os aprendizados deste projeto da Fundação Tide Setubal, ensinando aos leitores o passo a passo para construção de instrumentos a partir desta técnica artesanal. “O grande mérito da publicação é mostrar como é feito o instrumento, o que possibilita a replicação deste projeto em outras organizações”, destacou Paula Galeano, coordenadora-geral da Fundação, durante o lançamento.
Em seguida, o coletivo Cultura na Praça, de Ermelino Matarazzo, fez uma roda para um sarau poético. “Foi a primeira vez que realizamos essa atividade aqui em São Miguel. Costumamos fazer em praças de Ermelino, transformando o espaço em um local de cultura. É também uma forma de reivindicar uma Casa de Cultura em nosso bairro”, disse Berenice de Moura Silva, integrante do coletivo.
O encerramento da festa foi com a Caravana de Cordel. Em um primeiro momento, os escritores João Gomes de Sá e Varneci Nascimento conversam com o público sobre a origem da literatura de cordel, apresentando textos e folhetos. Depois, veio a cantoria. “Era bom se fosse todo sábado assim”, disse Natalia Silva, que acompanhou as atividades na Praça.