Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Expansão do trabalho no território
Por Amauri Eugênio Jr. / Foto: Paulo Pereira “O território importa”. Esta premissa norteia o trabalho da Fundação Tide Setubal no desenvolvimento de políticas voltadas ao enfrentamento das desigualdades. Essa lógica torna-se ainda maior quando se fala do trabalho exercido pelo núcleo de Prática Local, localizado no Jardim Lapena, na zona leste de […]
Por Amauri Eugênio Jr. / Foto: Paulo Pereira
“O território importa”. Esta premissa norteia o trabalho da Fundação Tide Setubal no desenvolvimento de políticas voltadas ao enfrentamento das desigualdades. Essa lógica torna-se ainda maior quando se fala do trabalho exercido pelo núcleo de Prática Local, localizado no Jardim Lapena, na zona leste de São Paulo.
Após a reinauguração do Galpão ZL, em maio de 2019, o território ganhou reforços com a inserção de mais dois eixos de trabalho: Comunica e Inova ZL. Até então, o trabalho abrangia os eixos de Esportes, Culinária, Acolhe e Cultura. Essa mudança representa que além do fortalecimento da comunidade local, agora o Galpão ZL também tem como foco o trabalho voltado à inovação e ao empreendedorismo, cujos exemplos mais emblemáticos são o Edital Inova ZL, em parceira Instituto Jatobás, lançado no primeiro semestre de 2019, e o Hackathon Inova ZL, realizado no fim do mesmo ano e que teve duração de 48 horas ininterruptas no Galpão ZL. Ambas as iniciativas estão relacionadas ao trabalho exercido pela Fundação no fomento ao empreendedorismo, inovação e negócios de impacto.
Além de terem sido elementos relevantes para a potencialização de projetos de impacto atuantes na zona leste, o Edital Inova ZL e o Hackathon Inova ZL auxiliaram a equipe de Prática Local a mapeá-los para poder transformá-los em parceiros no trabalho do Galpão ZL, na realização de cursos, por exemplo, e no desenvolvimento do Jardim Lapena – em especial nos casos de iniciativas que surgiram e estão ligadas à região. “Temos diversos projetos que não foram apoiados no hackathon, mas provavelmente estarão juntos conosco nas ações do Plano de Bairro. Esse é o ponto interessante: estamos conseguindo conectar esses projetos que passam pelo galpão à missão da Fundação”, explica Andrelissa Ruiz, coordenadora de prática local da Fundação Tide Setubal.
Do plano ao concreto
A aproximação das iniciativas de negócio de impacto identificadas nas ações desenvolvidas no Galpão ZL com os moradores do território e do colegiado do Plano de Bairro do Jardim Lapena – cujo processo foi retratado em livro lançado em novembro de 2019 – resulta na participação cada vez mais ativa no desenvolvimento de projetos previstos no próprio plano que tanto colabora com o fortalecimento comunitário, como com questões estruturais do bairro.
Algumas intervenções propostas por tais atores dizem respeito ao desenvolvimento de projetos arquitetônicos de intervenções públicas requisitadas pelos moradores, o que coloca as partes envolvidas como protagonistas no processo de impacto social – e uma das metas para 2020 da área de Prática Local é torná-las realidade.
A parte urbanística tem, inclusive, espaço grande no Plano de Bairro do Jardim Lapena. Um sinal disso é a atuação junto ao poder público para viabilizar as ações descritas no plano: há um grupo especializado em urbanismo social atuando na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano cujo trabalho é inspirado em experiências urbanísticas colocadas em prática em Medellín, na Colômbia, e em Recife (PE).
No caso do Jardim Lapena, parte das intervenções será feita a partir da integração do próprio Galpão ZL e equipamentos públicos, como a Unidade Básica de Saúde (UBS) e o CEI (Centro de Educação Infantil) instalados no território. “A gente conseguiu trazer o Lapena para a discussão de urbanismo social, o que entra em um escopo macro da cidade, como no caso da requalificação de ruas em torno de equipamentos públicos, já contemplando as ruas que os moradores haviam apontado como propostas no Plano de Bairro. Estamos ligando o bairro a um projeto maior que a secretaria está trazendo [para o Lapena]”, destaca Ruiz.
Outro ponto relativo ao Plano de Bairro em 2020 diz respeito à governança local. Até então, as decisões relativas à iniciativa eram centralizadas nos moradores que participam do colegiado, o que os sobrecarregava. O plano agora é descentralizar a atuação de modo que quem participa da reunião do colegiado lide com a incidência política, enquanto as outras organizações locais cuidem de demais partes do plano, como a criação e manutenção de hortas comunitárias e áreas de lazer.
Participação do público no lançamento do livro Território de Direitos – Um Guia para Construir um Plano de Bairro com Base na Experiência do Jardim Lapena (Foto: Anselmo Srraf)
Fortalecimento territorial
Além do fomento a negócios de impacto e da gestão do Plano de Bairro, a área de Prática Local visa desenvolver demais iniciativas para apoiar a população por meio de renda e por meio do reconhecimento de seus talentos e potenciais. Um dos projetos, que está em fase de desenvolvimento, é um programa para jovens do território e que será voltado a áreas diversas, como a tecnológica, e busca por autoconhecimento.
Outro projeto a ser executado pelo núcleo de Prática Local compreende o desenvolvimento de feiras de gastronomia para dar visibilidade a profissionais formados na Oficina Escola de Culinária. O objetivo dos eventos, que acontecerão no primeiro momento no próprio Galpão ZL, é disponibilizar um espaço no qual os empreendedores possam comercializar os seus produtos em um lugar seguro e ter um portfólio de participação em atividades para poderem, posteriormente, atuar em outros locais.
A iniciativa tem também como objetivo formar uma relação de empreendedoras e projetos gastronômicos que possam ser indicados para demais parceiros. “[As feiras] juntarão entretenimento, gastronomia e lazer, e acontecerão no Lapena. Elas poderão circular também em outros locais, pois a gente precisa dar saída para o que [as participantes] irão produzir. Haverá também oferta de microcrédito para quem participar dessas atividades”, completa Marcelo Ribeiro Silva, coordenador de Prática Local da Fundação Tide Setubal.