Fundo Zona Leste Sustentável participa do Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto 2018
O Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, realizado pelo ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), Impact Hub e Vox Capital, trouxe à tona um aspecto muitas vezes ignorado nas discussões sobre o ecossistema dos negócios sociais: a importância de olhar para as periferias como fontes de projetos e ideias, e não apenas como beneficiárias […]
O Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto, realizado pelo ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), Impact Hub e Vox Capital, trouxe à tona um aspecto muitas vezes ignorado nas discussões sobre o ecossistema dos negócios sociais: a importância de olhar para as periferias como fontes de projetos e ideias, e não apenas como beneficiárias de programas e ações sociais.
Em 2018, as discussões do evento, que teve sua terceira edição entre os dias 6 e 7 de junho, giraram em torno de quatro temáticas: governo, meio ambiente, grandes empresas e periferia, gênero e raça. O último tópico contou com mediação de Adriana Barbosa, presidente do Instituto Feira Preta, que conduziu debates orientados pela pergunta “Qual empreendedorismo queremos para o Brasil?”.
Participou de uma dessas mesas o Fundo Zona Leste Sustentável, iniciativa criada em 2010 pela Fundação Tide Setubal que tem como propósito articular diferentes oportunidades para empreendedores de periferias que contribuam para a redução de desigualdades sociais. No painel “Periferia, raça e gênero: tese de mudança para impacto”, Greta Salvi, coordenadora do Fundo Zona Leste Sustentável, discutiu formas de fomento aos Negócios de Impacto da Periferia (NIP) ao lado de Marcelo Rocha, conhecido como DJ Bola, diretor executivo de A Banca, e Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora.
No início de sua fala, DJ Bola exibiu um organograma clássico, que ilustra o ecossistema de negócios de impacto, e questionou o fato de a periferia não aparecer como parte do esquema: “temos diversos NIPS que já estão acontecendo, fazendo suas ações, conseguindo resultados e conquistando mercado para as suas prestações de serviços, e ainda não têm acesso de fato a toda essa fartura do ecossistema de negócios sociais. O ecossistema precisa se abrir um pouco mais para entender que, atrás das causas, estamos nós, a quebrada”.
Outro ponto trazido pelo empreendedor foi a necessidade de utilizar critérios diversificados de seleção e avaliação ao olhar para negócios de impacto nas periferias. “O conceito de escala dentro do negócio de impacto é conseguir tecnologias que gerem impacto em um milhão de pessoas. Legal. Mas para nós, tem uma outra escala”, diz o empreendedor.
Na sequência, Ana Fontes falou sobre sua experiência de criação da Rede Mulher Empreendedora, a potência de juntar pessoas com poder de transformação e a necessidade de não apenas levar projetos, mas também recursos para as periferias. A empreendedora recordou um evento que realizou recentemente em Paraisópolis, em que praticamente todos os fornecedores foram contratados dentro do território. “Não adianta a gente ir na comunidade, levar as coisas e não levar dinheiro. Os negócios sociais não vão dar certo assim. Não podemos manter o dinheiro sempre na mão de homens brancos de classe média alta, precisamos distribuir. O Brasil é um país diverso, se a gente mantiver essa concentração, vamos manter a desigualdade”.
Em sua fala, Greta contou sobre a criação do Fundo e como o perfil dos negócios apoiados por ele tem evoluído. “Temos três frentes de atuação, que misturam o trabalho do Fundo e da Fundação. Um é o apoio técnico e financeiro a negócios de impacto. Identificamos também uma necessidade de infraestrutura e capacitação na região de São Miguel Paulista, então estamos em um processo de transformar o Galpão de Cultura e Cidadania em um hub de periferia, onde ocorra um processo constante de formação, mentoria e apoio para pequenos negócios no Jardim Lapenna”, diz Greta. “Por fim, em um processo de geração de conhecimento, vamos fazer um hackathon para a prototipagem de soluções para diversos problemas, com o intuito de transformar essas soluções em negócios. A ideia é mobilizar uma série de atores e instituições da zona leste para tentar impulsionar essa temática dos negócios sociais lá”.
Ao término da fala de Greta, que também abordou o desejo da Fundação Tide Setubal em ter uma equipe diversa, Adriana Barbosa falou de sua percepção e experiência com a organização. “A Fundação Tide Setubal tem esse olhar meio 360o de como abordar a diversidade de uma forma transversal. Indo desde seus colaboradores até os investimentos e os conselheiros, tudo é pensado para o processo de inclusão. E a Neca [Setubal, presidente do conselho da Fundação Tide Setubal] tem feito esse trabalho nos espaços onde vai, pautando a questão de raça, de gênero e periferias. Quando você tem uma influenciadora que está nesse ambiente mais coorporativo e fala ‘gente, precisa olhar pra isso’, de fato aumentamos a incidência em relação a esses temas”.