Racismo institucional
Um aspecto conceitual quando se fala no enfrentamento ao racismo é compreendê-lo como um aspecto que não deve ser visto como um reflexo meramente comportamental. Desse modo, o racismo institucional tem relação intrínseca ao modo como as instituições, sejam elas nas esferas pública e privada, se organizam e têm os seus respectivos modus operandi assimilados em âmbito social.
Desse modo, quando se fala na fundamentação dos espaços deliberativos em âmbito social, o racismo institucional compreende o estabelecimento de parâmetros discriminatórios que, por terem raiz racial, retroalimentam a hegemonia do grupo dominante. De acordo com Almeida, “isso faz com que a cultura, os padrões estéticos e as práticas de poder de um determinado grupo tornem-se o horizonte civilizatório do conjunto da sociedade”.
Além disso, o racismo institucional é um fator preponderante quando se fala na sub-representação de pessoas negras em espaços de poder e de decisão nas esferas governamental e privada. A mesma coisa vale para vieses discriminatórios observados na prestação de serviços e na assistência à população negra nas esferas educacional, judicial e da Saúde.
Nesse contexto, Viviane Soranso, coordenadora do Programa Lideranças Negras e Oportunidade de Acesso da Fundação Tide Setubal, aborda as dimensões do racismo institucional na construção das trajetórias de pessoas negras e de trajetória periférica.
“Pesquisas apontam que grupos não minorizados em direitos sociais possuem acesso a diferentes possibilidades durante toda a sua trajetória de vida, contribuindo para sua mobilidade social e ascensão. Assim sendo, precisamos nos atentar para as desigualdades sociais com as quais esses grupos lidam desde a sua mais tenra idade. As políticas públicas e as instituições investidoras devem garantir apoios de forma mais contínua e menos a curto prazo”, completa.