Maria Alice Setubal e Paula Galeano participam de seminário no Instituto Singularidades
A presidente do conselho da Fundação Tide Setubal e a superintendente da organização debateram a necessidade de aproximação entre as escolas e o território à sua volta
Nesta semana, a Fundação Tide Setubal participou do “1º Seminário Temático sobre a Docência I” realizado pelo Instituto Singularidades, que atua na formação de professores e profissionais da Educação. O encontro aconteceu entre 15 e 19 de maio e debateu o tema Cidades e Territórios, com a participação de alunos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia, Letras e Matemática. No dia 15 de maio, Maria Alice Setubal, presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal, participou de duas mesas no evento, ambas com o tema “Cidade, territórios e identidade”, ao lado dos professores da Faculdade de arquitetura e Urbanismo da USP Raquel Rolnik e Nabil Bonduki. “Foi ótimo conversar com estudantes do Instituto Singularidades e contribuir para essa troca entre as experiências práticas no território e o mundo acadêmico”, afirma Maria Alice.
No dia 17 de maio, foi a vez de Paula Galeano, superintendente da Fundação Tide Setubal, participar da palestra “Cidades como territórios educativos” ao lado de Natacha Costa, Diretora da Associação Cidade Escola Aprendiz.
Desigualdades e oportunidades
O encontro teve início com uma breve apresentação das convidadas, feita por Lucia Helena Couto, Professora da disciplina Seminários Temáticos sobre a Docência do Instituto Singularidades. Na sequência o Diretor Executivo da instituição, Miguel Thompson, fez uma provocação aos alunos presentes: “A gente sonha que daqui a alguns meses muitos de vocês já estejam transformando a educação no Brasil”.
Para introduzir o conceito de educação integral, foi exibido o vídeo O Direito de Aprender, feito pela Associação Cidade Escola Aprendiz em parceria com UNICEF. Na sequência, Paula abriu o debate, apresentando a experiência da Fundação Tide Setubal em seus dez anos de atuação e abordando temas de relevância para o debate.
“Precisamos ver as áreas vulneráveis também como áreas de potencialidade. A vulnerabilidade não é a mesma coisa que a pobreza. Ela é caracterizada pela capacidade que o indivíduo tem de reagir aos riscos que são apresentados para si e que elementos e forças ele tem para superar esses riscos. Isso é algo muito importante de termos sempre em mente, porque se a gente olhar somente para o lado da precariedade, podemos paralisar nossas ações”, afirmou Paula.
Ao falar sobre a experiência da fundação, Paula enfatizou a necessidade de trabalhar em articulação com a população local e os equipamentos públicos da região para poder influenciar na criação de políticas públicas adaptadas às demandas do território. “O que queremos quando trabalhamos com a escola e com a educação pública? Queremos uma política de educação que rompa com as desigualdades sociais, e pretendemos que as políticas sejam concebidas considerando as características e especificidades dos territórios”.
Ao encerrar sua primeira fala, Paula enfatizou como a nova geração de professores tem um papel importante na transformação social: “Os educadores comprometidos com a qualidade da educação pública podem fazer uma grande diferença. É isso que a gente espera de vocês”.
Particularidades importam
Na sequência, Natasha Costa falou sobre a experiência da Associação Cidade Escola Aprendiz na criação e implementação do território educador da Vila Madalena, e discorreu sobre a importância de um olhar atento para as particularidades do território e seus moradores. “A educação passa também por reconhecer em que condições materiais, mas também simbólicas e culturais vivem as nossas crianças, adolescentes e jovens, e reconhecer os seus conhecimentos, os seus saberes e os seus interesses como primordiais para o seu próprio desenvolvimento, e para o nosso desenvolvimento como uma sociedade menos desigual”, afirmou Natasha.
Após um intervalo, a plateia fez perguntas às palestrantes e Paula abordou um importante tema para a criação de políticas públicas de combate às desigualdades: a necessidade de dados desagregados e que demonstrem também as potencialidades locais. “Embora o Brasil colete dados de ótima qualidade, muitos deles provenientes do Censo, esses dados tendem a olhar para as ausências das periferias. E as políticas públicas acabam se orientando apenas por esses dados”, afirmou a Superintendente. “Uma comunidade pode ter, por exemplo, um alto índice de homicídios, mas ela também tem cultura, identidade, ela traz consigo maneiras de organizar a vida cotidiana. Esses aspectos positivos precisam também de um olhar analítico”.
Quando o tempo disponível para a palestra acabou, muitos alunos ainda queriam saber mais sobre as duas instituições, e foi feito um convite para que eles conhecessem mais de perto o trabalho da Fundação Tide Setubal. Gisela Mateli, que está no primeiro semestre do curso de Pegagogia do Instituto Singularidades, foi uma das interessadas em manter contato. “Entrei nesse mundo da Educação agora, nunca tinha ouvido falar de educação integral e estou gostando muito das palestras, aprendendo muito”, diz. Já Natália Rios, que cursa o terceiro semestre de Pedagogia, interessou-se pela possibilidade de criar uma relação mais próxima da escola com o território. “É muito bom perceber que tem gente querendo mudar essa visão mais tradicional da educação, levá-la para além da cadeira e da sala de aula, abrindo a escola”.