O convívio e a qualidade de vida no horizonte das periferias
Por Daniel Cerqueira e Iran Santos Silva / Foto: Tiago Queiroz Ações que prezam a melhoria na qualidade de vida têm se tornado cada vez mais presentes no trabalho exercido pela equipe à frente do Galpão ZL, espaço de cultura, lazer e empreendedorismo da Fundação Tide Setubal, no Jardim Lapena, zona leste de […]
Por Daniel Cerqueira e Iran Santos Silva / Foto: Tiago Queiroz
Ações que prezam a melhoria na qualidade de vida têm se tornado cada vez mais presentes no trabalho exercido pela equipe à frente do Galpão ZL, espaço de cultura, lazer e empreendedorismo da Fundação Tide Setubal, no Jardim Lapena, zona leste de São Paulo. Dentro dessa lógica, pensar a – e na – qualidade de vida é também uma maneira de pensar o desenvolvimento local.
Porém, quando pensamos em qualidade de vida nas periferias, temos a tendência de considerar somente questões estruturais como moradia, saneamento básico, saúde e educação. Ocorre que o conceito é um pouco mais amplo e está presente, inclusive, na Constituição Federal de 1988. O documento amplia esse horizonte ao colocar também aspectos essenciais à dignidade humana, como alimentação, trabalho, transporte, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência no rol dos direitos básicos.
Andrelissa Ruiz, coordenadora de Prática de Desenvolvimento Local da Fundação Tide Setubal, considera que desenvolver a potencialidade de um território corrobora com este pressuposto, afirmando que, na Fundação, a promoção da qualidade de vida ocorre em diversos âmbitos.
“É preciso realizar ações para além das urgências, que também são necessárias. A qualidade de vida é um direito e é isso o que precisamos trabalhar. Não podemos nos esquecer de que temos direito de ser felizes, usufruir de um evento e ter momentos de lazer. Precisamos também de ações de desenvolvimento humano.”
Uma destas iniciativas é chamada Cria da Vila, que é realizada por um comitê de artistas locais, que desenvolvem uma ação mensal juntando a gastronomia e os artistas do bairro. Voltado ao lazer da população, o projeto surgiu das ações de geração de renda com a comunidade. “A Fundação identificou quais grupos que o território tem de talentos, de potências e ajudamos a mapear os artistas para fomentar as ações desenvolvidas por eles”, destaca Andrelissa.
Ampliando as dimensões do bem-estar
Outras atividades importantes também são realizadas visando melhorar o convívio e qualidade de vida das/os moradoras/es do Jardim Lapena. O Galpão ZL é utilizado por equipes de equipamentos como a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro, desenvolvendo sessões de fisioterapia e atividades físicas.
Pode-se citar também as Guardiãs da Território. Formado em moradoras do Jardim Lapena e criado em 2020, para a priori auxiliar e proteger a população do bairro contra os efeitos da pandemia de Covid-19, o grupo tem apoio do Galpão ZL ganhou proporções muito maiores, garantindo capilaridade para o alcance das ações concretizadas.
Uma das iniciativas desenvolvidas pelas Guardiãs do Território é voltada a ações voltadas para a sustentabilidade, promovendo formações e oficinas para que as pessoas do bairro possam fazer suas composteiras, uma prática que reduz a quantidade de matéria orgânica no lixo e que pode ser convertida em renda por meio da venda do adubo orgânico.
Nunca é demais reforçar que existem estudos também neste sentido. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, como Maria Cecilia Minayo, Zulmira Hartz e Paulo Buss, abordam em suas pesquisas a qualidade de vida e a classificam como uma representação social criada a partir de parâmetros subjetivos, como bem-estar, felicidade, amor, prazer e realização pessoal, e também objetivos, cujas referências são a satisfação das necessidades básicas e daquelas criadas pelo grau de desenvolvimento econômico e social de determinada sociedade.
Ao pensar nessas dimensões objetivas e subjetivas e no enfrentamento das desigualdades, na promoção de direitos e na busca por uma sociedade mais justa, a Fundação Tide Setubal defende a qualidade de vida como um direito básico e inerente ao desenvolvimento humano pleno e digno.