Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
Olavo Egydio Setubal: inspiração para o Brasil
Homenagem póstuma Olavo Egydio Setubal (1923-2008), empresário que esteve à frente da expansão do banco Itaú e ex-prefeito de São Paulo
Filho do escritor e poeta Paulo Setubal e de Francisca de Souza Aranha Setubal, Olavo Egydio Setubal perdeu o pai aos 14 anos, passando a contar com as orientações e cuidados de seu tio Alfredo Egydio de Souza Aranha. Sábio e conselheiro, o tio reúne Olavo, o sobrinho, e Eudoro Villela, o genro, para acertar um compromisso com ambos: de juntos poderem criar um dos maiores grupos empresariais do País. Ambos seguiram os conselhos e os ensinamentos, e o resultado é que Olavo Setubal, ao falecer hoje, deixa como legado a holding Itaúsa, que congrega operações industriais (Duratex, Itautec e Elekeiroz) e o Banco Itaú Holding Financeira (Itaú e Itaú BBA). É a maior empregadora de São Paulo, contando com R$ 350 bilhões de ativos (1º semestre/08). O Itaú Holding já é um dos 15 maiores bancos das Américas.
Engenheiro mecânico-eletricista, formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Olavo Setubal, em 1947, fundou com seu colega de turma, Renato Refinetti, a companhia Artefactos de Metal Deca Ltda., pequena empresa com meia dúzia de empregados, em um barracão de dez por trinta, na rua dos Amores, em V. Maria. A Artefactos de Metal Deca foi fundada com a colaboração de José Carlos Moraes Abreu, advogado e amigo, responsável pela elaboração do contrato social da empresa.
Em fins da década de 50, a convite de seu tio, Alfredo Egydio de Souza Aranha, Olavo ingressa no Banco Federal de Crédito. Em episódio que bem evidencia sua personalidade, Alfredo Egydio chamou Olavo, reuniu a Diretoria do Banco e participou: “Esta é a segunda reunião que faço neste banco. A primeira foi para fundar o banco. Esta segunda reunião oficializa seu ingresso na Diretoria. E é a última.” E foi mesmo a última, pois faleceu pouco tempo depois. Ingressando no banco, Olavo procurou criar o que não havia: estruturas administrativas contábeis e de custo, preparando-o para sua expansão.
Olavo Setubal logo percebeu que a rápida expansão do Federal de Crédito só seria viável com a fusão ou incorporação de outros bancos, adquirindo, assim, as respectivas redes de agências. Ninguém até então tinha tido a idéia de fundir bancos. Com Eudoro Villela e José Carlos Moraes Abreu, procurou avaliar com que instituições poderiam promover fusões. Chegaram à conclusão de que o mais conveniente era o Banco Itaú, localizado no Sudoeste de Minas Gerais. A fusão Federal Itaú foi concretizada em 2 de janeiro de 1965.
Nos dez anos entre 1965 a 1975, o Banco se agigantou, com importantes fusões, aquisições e incorporações, como as dos bancos Sul Americano, América, Aliança e Português do Brasil. Sacramentando esse rico período na história do grupo, Olavo Setubal e equipe incorporaram o Banco União Comercial (BUC), que duplicou o Itaú.
No início de 1975, a partir do convite do Governador Paulo Egydio Martins assumiu a posição de Prefeito de São Paulo. No município, deixou sua marca de exímio administrador, com visão de longo prazo, tendo promovido grande reforma administrativa e importantes obras vitais para o crescimento da metrópole.
De volta ao Banco em 1979, Olavo assumiu a Presidência do Grupo Itaú, permanecendo José Carlos Moraes Abreu como diretor geral.
Atuou ao lado de Tancredo Neves, articulando a criação do Partido Popular. Convidado pelo presidente eleito, Tancredo Neves, em 1985, Olavo Setubal foi nomeado Ministro de Estado das Relações Exteriores, deixando sua marca em importantes iniciativas, como a que deu origem ao MERCOSUL. Após um ano, decidiu abandonar definitivamente a vida pública e retomar suas atividades no Itaú.
Em 2001, assumiu a presidência do Conselho de Administração da holding Itaúsa e, em 2003, do Banco Itaú Holding Financeira, onde foi atuante até os últimos dias de sua vida.
Olavo Setubal foi casado com D. Tide Setubal, com quem teve sete filhos: Paulo, Maria Alice, Olavo Jr., Roberto, José Luiz, Alfredo e Ricardo.
Perde-se o grande líder, mas ficam sua inspiração, seus ensinamentos, valores e lições que, sem dúvida, direcionam todos nós a continuar sua obra.