Analista de comunicação e produtor de conteúdo do site da Fundação Tide Setubal
ONGs contempladas pelo edital 2012 iniciam formação em práticas pedagógicas
Ao longo de seis meses, as instituições terão acesso a ferramentas para elaboração de diagnóstico e para formulação de plano educativo. O objetivo é contribuir para o aprimoramento de projetos voltados a adolescentes e jovens.
O primeiro encontro da formação em práticas pedagógicas, oferecida pela Fundação Tide Setubal, em parceria com a FICAS, ocorreu em 26 de março, no CDC Tide Setubal. A FICAS é a organização da sociedade civil responsável por esse curso, com apoio da organização social Casa7. Estiveram presentes profissionais das dez ONGs selecionadas para a formação por meio do edital 2012 da Fundação Tide Setubal. Atuantes na zona leste da capital paulista, essas instituições desenvolvem projetos educativos no contraturno escolar para a faixa etária de 11 a 18 anos.
“Como um dos nossos focos para o biênio 2012-2013 é o trabalho voltado a adolescentes e jovens, resolvemos colaborar, por meio do edital, com o aprimoramento das práticas educativas realizadas pelas ONGs locais”, explica Paula Galeano, coordenadora geral da Fundação Tide Setubal. “Dessa forma, atendemos à demanda das próprias organizações por mais capacitações pedagógicas”, complementa Marlene Cortese, conselheira da Fundação Tide Setubal.
Tal demanda fez com que a Fundação ampliasse a abrangência geográfica das inscrições. Inicialmente, só podiam participar do processo entidades dos bairros de São Miguel, Itaim Paulista e Ermelino Matarazzo, mas foram selecionadas também instituições de Itaquera e Cidade Tiradentes. “A formação, com certeza, contribuirá muito para o processo de sistematização e reflexão das práticas desenvolvidas por nossa entidade desde 2004, fornecendo ferramentas que nos ajudam a pensar o nosso futuro”, diz Natali Conceição dos Santos, arte-educadora do Instituto Pompas Urbanas, de Cidade Tiradentes.
Teoria, prática, reflexão
De acordo com Paula Galeano, a proposta do curso é justamente auxiliar no fortalecimento da atividade fim de cada organização. Com duração de seis meses e encontros semanais, estão entre os objetivos específicos: subsidiar as instituições com conteúdos teóricos; instigar a reflexão sobre a prática; agregar técnicas de diagnóstico participativo; e estimular a troca entre os participantes.
“Uma das preocupações da Fundação Tide Setubal e do FICAS é que a cultura da reflexão torne-se algo permanente nas organizações participantes da formação, a fim de que as atividades pedagógicas sejam feitas com mais intencionalidade”, destaca Andréia Sul, diretora geral do Ficas. Nesse sentido, a Casa7, parceira do FICAS especializada no estímulo ao desenvolvimento da cultura de registro, auxiliará os participantes a elaborar e a sistematizar melhor suas ações, durante oficinas de sistematização e disseminação de aprendizagens e conhecimentos.
Visando aliar teoria, prática e reflexão, essas formações serão divididas em duas etapas. Na primeira, cada participante fará um diagnóstico da sua organização e do trabalho educativo realizado por ela. Na segunda fase, com apoio financeiro de R$ 4 mil, oferecido pela Fundação Tide Setubal, os representantes desenvolverão um plano educativo, no qual definirão valores, metodologia e plano de ação.
Ao longo da formação, os outros profissionais da organização serão envolvidos nas tarefas. Haverá encontros com eles na organização e no CDC. Além disso, os participantes do curso têm a missão de replicar os conteúdos para os colegas no seu ambiente de trabalho.
Diversidade e troca
Bira Azevedo e Margarida Gioielli, do FICAS, visitaram cada uma das dez organizações durante o processo de seleção e, agora, ministram a formação. Para eles, o maior desafio será lidar com a heterogeneidade da turma, uma vez que há profissionais de organizações de pequeno e de grande portes, participantes com anos de prática e outros iniciantes. “Essa diversidade, entretanto, enriquece a troca de conhecimentos e de experiências”, aponta Margarida.
O primeiro encontro contou com dinâmicas para reflexão sobre o processo de aprendizagem e elaboração do mapa de cada entidade. Os participantes confirmaram o desejo de ampliar a rede de contatos e os intercâmbios. Leia, a seguir, alguns depoimentos dos participantes:
“Queremos ampliar nossas parcerias e aprender com as demais instituições. Espero aplicar os novos conhecimentos com nosso público — adolescentes que cumprem medida socioeducativa. Além disso, o apoio financeiro do edital é muito bem-vindo para a manutenção de nossos serviços.”
Marluce Souza Pereira, psicóloga do da União Social Brasil Gigante, de Itaquera
“No ano passado, fiz o curso de gestão oferecido pela Fundação e a FICAS, que acrescentou muito ao nosso trabalho. Tenho certeza de que este ano será tão bom quanto o anterior. Notei muito engajamento na área pedagógica dos profissionais presentes. Com certeza, eu, que não sou da área, aprenderei muito aqui. Isso se reverterá nas ações com os meninos beneficiados por nossa ONG.”
Raimundo de Oliveira Antunes, presidente do Vamo que Vamo, que promove atividades esportivas para adolescentes de São Miguel Paulista
“Em 2011, outros profissionais da entidade fizeram o curso de gestão e já estão colocando as lições em prática. Acredito que também sairei daqui com uma bagagem repleta de novos conhecimentos, que ajudarão a melhorar nossas ações educativas. Esse primeiro encontro já foi bastante positivo.”
Sérgio Mota do Nascimento, coordenador do Projeto Acreditar, que realiza oficinas de artes, capoeira e música para os adolescentes em União de Vila Nova
“Procuramos sempre novas estratégias de atuação para melhor atender aos adolescentes e suas famílias. Estamos aqui em busca de reciclagem. Queremos multiplicar para nossas educadoras o que aprendermos nessa formação, para aprimorar nossas práticas e fortalecer os jovens, tornando-os cidadãos.”
Maria Jaqueline Santos, coordenadora do SEPAS – Centro da Criança e do Adolescente Itaim Paulista, que promove atividades no contraturno escolar