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Participantes do Programa Jovens Urbanos compartilham produções e vivências na periferia

Prática de desenvolvimento

13 de setembro de 2017
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Por Carolina Nascimento

 

 

“Eu sempre gostei de fotografia, minha família dizia que eu era bom, mas eu não conseguia pensar nela como uma profissão. Agora, depois de conhecer e experimentar, considero uma possível carreira para mim”, diz Marcos Casé, de 18 anos, durante sua primeira exposição de fotos. O trabalho foi apresentado no Encontro Público do Programa Jovens Urbanos, que aconteceu dia 02 de setembro, no Centro Cultural Arte em Construção, um antigo mercado em Cidades Tiradentes, na periferia de São Paulo, que há 15 anos foi  ocupado e revigorado pelo Instituto Pombas Urbanas. 

 

O evento reuniu mais de 150 pessoas entre participantes do programa, educadores e pessoas da comunidade do entorno. “Esse encontro tem uma grande importância porque os adolescentes vivenciaram as linguagens e tecnologias e agora apresentam para a comunidade tudo aquilo que desenvolveram”, ressalta Wagner Santos, coordenador do programa Jovens Urbanos pelo Cenpec.

 

O Programa Jovens Urbanos tem como objetivo contribuir para a ampliação do repertório sociocultural de pessoas de 15 a 20 anos e ajudá-las a concluir o Ensino Médio, ingressar no Ensino Superior e realizar seus projetos de vida. Atualmente em sua 12ª edição, ele é uma iniciativa da Fundação Itaú Social com coordenação técnica do Cenpec, parceria institucional com a Fundação Tide Setubal e execução das organizações da sociedade civil Jovens do Brasil – em parceria com o espaço Aldeia Satélite – e Projeto Cultural Educacional Novo Pantanal (Procedu) em São Miguel Paulista, e parceria do Pombas Urbanas em Cidades Tiradentes.

 

O Encontro Público marcou o fim do segundo módulo do programa, que teve como objetivo proporcionar a ampliação de repertório dos participantes por meio da experimentação de diferentes linguagens artísticas e tecnológicas. “A proposta é que os jovens possam compartilhar com todos suas produções e aprendizagens desse momento do programa”, explica Karina Nadaletto, da equipe do Instituto Pombas Urbanas e gestora local do Jovens Urbanos. Durante o módulo, cada um pôde escolher uma oficina dentre as opções oferecidas: maquiagem social e artística, produção cultural e música, stop motion, produção de vídeo, arte em camisetas, fotografia para os participantes do bairro de Cidades Tiradentes e fotografia documental e produção musical para os de São Miguel Paulista.

 

 

Arte e linguagens na periferia

 

Após as apresentações institucionais dos apoiadores e executores do projeto, cada um dos oito grupos  mostrou um pouquinho de suas produções e falou sobre o trabalho desenvolvido. “Meu objetivo era que os jovens pegassem seus olhares e transformassem em material. Para muitos deles, a fotografia era apenas um objeto de lembrança de algum momento, mas depois eles conseguiram olhar como arte”, relata Alan Cunha, assessor da oficina da fotografia documental.

 

Quem esteve presente pôde conferir exposições fotográficas, desfile de caracterização, mostra de camisetas estampadas com papelão, vídeos produzidos em stop motion, vídeo clipes e até mesmo trabalhos de maquiagem. “Eu escolhi a oficina de maquiagem porque eu uso em outros projetos que participo aqui no projetos do Pombas Urbanos e aprendi a trabalhar com as misturas e os diferentes produtos e marcas”, conta David Willian, 19 anos.

Mesmo quem não participou das oficinas aprovou os trabalhos apresentados. “Estava vendo a exposição de fotos, porque adoro paisagens, e vi que são fotos da nossa região. Acho isso muito legal porque os jovens veem coisas bonitas aqui, valorizando nosso bairro”, comemora Dulcirene do Santos, moradora da região.

 

 

Jovens e o Território

 

Este é primeiro ano que a Fundação Tide Setubal é parceira institucional do programa Jovens Urbanos em São Miguel, com a execução das ONGs Procedu e Jovens do Brasil. E o processo é pensado em conjunto pelas organizações envolvidas. “A Fundação está em um momento de debater questões como: o que é periferia? O que as periferias estão dizendo? Qual é a pauta? E eu acredito que isso dialoga muito com esse momento dos jovens dentro do programa”, afirma Viviane Soranso, assistente de projetos da Fundação Tide Setubal.

 

Segundo Viviane, a escolha das oficinas nesse módulo por parte dos jovens participantes do programa em São Miguel é um reflexo do trabalho desenvolvido no território. Isso reflete-se nos dois trabalhos apresentados pelo grupo durante o Encontro Público, uma exposição de fotos documentais e um vídeo musical. “A ideia era que os jovens fizessem a releitura de uma música. A turma de São Miguel escolheu a música ‘Seca cearense’, e eles fizeram uma comparação dessa coisa do sertão, da sina do sertanejo, da seca, com São Paulo, um lugar que chove muito e alaga. Eles tiveram essa sacada de produzir uma letra fazendo essa comparação que tanto o sofrimento da seca, quanto o da enchente é o mesmo”.

 

O processo de percepção do bairro em que vivem e do pertencimento à cidade é um dos principais objetivos do Jovens Urbanos. “Na primeira exploração que os jovens fizeram no território, muitos deles se descobriram no bairro e a partir de então começaram a ter um novo olhar sobre ele”, avalia Mauricélia Martins Castão, assistente técnica do Procedu.

 

Os participantes agora seguem para o módulo de escrita e produção de projeto, e a proposta é de que as linguagens artísticas e tecnológicas vivenciadas possam contribuir para essa nova etapa. Gabriel da Silva Lopes Pereira, 15 anos, integrante do programa Jovens Urbanos, já tem planos sobre o trabalho que pretende desenvolver. “Vamos começar a fazer o projeto agora e já estávamos com ideia de fazer sobre a cultura Hip Hop (grafite dança, música). Nós vamos poder trazer uma linguagem mais musical”, conta.


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